domingo, 30 de dezembro de 2012

2012 - A austeridadezinha em números e dissertações finais

Para que não haja dúvidas de que a austeridadezinha pouco ou nada funciona:

Dívida em 2011:          185 mil milhões
...em função do PIB:    105%

Dívida em 2012:           203 mil milhões
...em função do PIB:     120%

Despesa pública Jan-Nov 2011: 63,5 mil milhões
Despesa pública Jan-Nov 2012: 64,8 mil milhões

Por muito que desejássemos que a austeridadezinha fosse suficiente para corrigir as contas públicas, infelizmente não o é.

Com estes números, a esquerda oposicionista tem TODOS os argumentos para reconhecer o falhanço desta política.
Se se recordam, prometeram-nos que a austeridadezinha rapidamente colocaria as finanças em ordem, e com os estímulos certos, a atratividade ao investimento seria enorme, invertendo o ciclo recessivo.

Para mim, as falhas do governo são estas:

Prometeram que a austeridade seria rápida e atacar nas gorduras apenas seria suficiente
Prometeram que o crescimento económico começaria lá para o 2º semestre de 2012
Viram que pelo lado das despesas não seria suficiente e meteram-se no pântano do aumento de impostos
Não informaram e continuam a não informar os portugueses do que verdadeiramente aí vem

E as coisas boas:

Atacaram em autênticas vacas sagradas, como nos salários públicos.
Mexeram nos subsídios de desemprego, nas reformas, nas deduções do IRS e muito mais
Passaram uma imagem de governo reformista e progressista para o estrangeiro, piscando o olho aos credores que entretanto tinham fugido.

Basicamente, fizeram o mínimo na tentativa de que os resultados fossem espetaculares.
Defraudaram aqueles que acreditavam na austeridadezinha
E deram os argumentos de bandeja a quem vaticina que cortar despesa é que é mau.

Compreendo que o compromisso político não os poderia levar muito mais longe, ou seja, se fossem mesmo cortar 50% de todas as pensões, mesmo as de 150€, bem como a anulação de quase todo o subsídio de desemprego e declarar incumprimento em pelo menos metade da dívida pública, todos ficariam contra este governo, tanto os cidadãos como a Europa e os credores. A recessão passava logo a depressão e o desemprego saltava logo a barreira dos 20%, mas sem reestruturação profunda no estado e na economia, vejo poucas hipóteses de corrigir o que é estruturalmente insustentável.

Lamento que não se tenha arriscado, que não tenha havido a coragem de dizer a verdade e de trabalhar soluções a partir daí. Fomos pela metade, na esperança de que o todo se corrigisse.

Tiago Mestre

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