segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

De espectativa em espectativa...

...até ao desespero final.

À medida que a realidade se vai instalando, torna-se evidente para muitos portugueses que aquilo que o governo PSD/CDS lhes tem transmitido não passa de areia para os olhos. Os discursos do sacrifício alternam com os discursos de esperança, conforme aparecem as projeções económicas desta ou daquela instituição.

Está efetivamente montada uma máquina de informação e de gestão de espectativas, sempre na tentativa de dar alguma esperança nos momentos mais complicados. Mas como a realidade tem sido muito mais madrasta do que sequer sonhariam muitos ilustres do governo, as espectativas geradas na população acabam sempre por gorar, e de espectativa gorada em espectativa gorada, a malta já encheu.
É uma pena e é triste, porque eu até reconheço vontade do governo em querer implementar alguma austeridade, muito mais do que qualquer outra força política representada na Assembleia.

Por terem mentido, julgando que estavam a transmitir confiança e esperança, acabam por destruir o capital de confiança imprescindível entre eleitos e eleitores.

O otimismo em relação ao futuro, tão próximo e tão querido dos portugueses, inunda estes nossos estrangeirados, que para o justificarem, recorrem a estatísticas e a complexas fórmulas de cálculo. O povo, pouco atreito a esses sinais científicos e muito mais divinizado, acredita no futuro melhor porque sim, porque aprendeu a interpretar o mundo desta maneira e não de outra.
Estamos no mesmo comboio mas em carruagens diferentes e o povo, até certo ponto, lá vai acreditando naquilo que gosta de ouvir, porque pouco lhe interessa ouvir falar de coisas negativas.

Mas quando a esperança é mentirosa por demais, o povo fica com fome de verdade, e como ninguém sabe em que momento é que a Nação ultrapassa esta fronteira, estamos sempre sujeitos a pôr o pé do lado de lá por insistência no discurso da esperança.

Com tanto otimismo infundado por parte do governo em relação ao futuro, o povo "pessimizou-se" no presente. Cismou. Já não quer ouvir falar mais. Encheu de tanta conversa.
Ainda há uns cantam, outros pintam, mas 99,9% resignou-se, preferem ficar quietinhos, com os seus mais próximos, arranjando eles próprios argumentos para se sentirem otimistas em relação ao futuro, já que os nossos estrangeirados perderam essa faculdade.

Perdeu-se uma grande oportunidade de o sistema político se voltar a reencontrar com o povo, porque é nos momentos difíceis que mais nos unimos e mais nos solidarizamos, só que nunca, mas nunca, com gente que mente e que nos faz passar por parvos.

Tiago Mestre

3 comentários:

Anónimo disse...

Por falar em estados totalitários e esquerdistas/socialistas ou Depardieu já é oficialmente residente na Rússia. Tem piada um milionário optar por um pái destes. Porque é que não foi para os USA? Mais livre, liberal e capitalista.

Unknown disse...

Excelente post.

As opções políticas e a austeridade, são o que são, também, porque vivemos num país socialista enfiado num verdadeiro colete de forças que é esta Constituição.

Por ex., ainda não vi ninguém explicar ao português comum, o impacto recessivo da decisão do TC em 2012. Este, ao impedir o corte previsto na função pública (que é uma redução de despesa) obrigou a uma subida generalizada de impostos sobre publico e privado. Todos perderam: os funcionários públicos vão ter o mm rendimento aproximadamente, os privados sofreram um rombo no rendimento disponível e o Estado arrecadará menos impostos com a quebra de consumo. Mas algumas consciências andarão, constitucionalmente, tranquilas!
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/02/portugal-lisboa-e-o-resto-do-pais-1.html

vazelios disse...

Excelente texto Tiago