sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Eike também esteve na manifestação?


O império de Eike Batista, à beira do abismo?




Poucos meses após divulgar um plano para reequilibrar suas empresas de mineração, petróleo e transporte, o império do empresário Eike Batista está quase em frangalhos devido a uma reviravolta no sentimento dos investidores em relação aos mercados emergentes e de commodities.

O valor dos seus ativos despencaram, o que prejudica a estratégia definida em março para levantar capital com a venda de participações em suas empresas a novos parceiros para garantir a viabilidade de seus negócios de capital intensivo. Os títulos da sua empresa carro-chefe, a petrolífera OGX LLC, que vencem em 2018, atingiram a angustiante cotação de US$ 0,33 ontem, bem abaixo dos US$ 0,88 em 6 de março, quando ele formulou o plano com a ajuda de alguns bancos credores brasileiros.
"O preço já indica que os investidores estão vendo uma empresa em um cenário de falência", disse Marco Aurélio Guerra de Sá, chefe da mesa de operações da América Latina do Credit Agricole Securities, em Miami.
Porta-vozes do empresário se recusaram a comentar.
Mas provavelmente o mais forte exemplo da queda na confiança no império de Eike Batista tenha vindo do próprio empresário, segundo os investidores. No início de junho, verificou-se que ele vendeu cerca de US$ 60 milhões em ações da sua empresa de petróleo por uma bagatela entre R$ 1,57 e R$ 1,85, o que para muitos foi um sinal de que ele precisava desesperadamente de dinheiro. Isso porque existe um acordo que, se a empresa precisasse de recursos, ele compraria US$ 1 bilhão em ações por uma cotação bem mais alta, de R$ 6,30.
Mesmo após a recente queda nos preços dos ativos, muitos investidores dizem que não consideram investir na OGX ou qualquer outro empreendimento de Batista.
"A empresa [OGX] pode ficar sem dinheiro em 2014", disse Jack Deino, que ajuda a administrar US$ 2,7 bilhões em ativos de mercados emergentes na Invesco Ltd., em Nova York. Ele disse que vendeu seus títulos da OGX em meados de 2012.
As perspectivas para o empresário não são boas. Os investidores dizem que está crescendo rapidamente a probabilidade de que ele tenha que negociar uma reestruturação de dívida com os detentores dos títulos das suas empresas e com outros credores.
Vários bancos brasileiros, inclusive o Itaú Unibanco Holding SA, Banco Bradesco SA BBDC4.BR e Banco BTG Pactual SA, haviam emprestado cerca de US $ 5 bilhões para as empresas de Eike Batista até o fim de março. Pessoas familiarizadas com os contratos de empréstimos disseram que ele conseguiu rolar um pagamento a ser feito para o Itaú, mas o banco se recusou a comentar.
Outra aposta dos investidores é que o governo brasileiro vai acabar ajudando Eike Batista: a teoria do "grande demais para quebrar". O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detém participações em algumas das empresas do grupo e emprestou a ele mais de US $ 1 bilhão em 2012, o que representa um incentivo para ajudá-lo. Ao mesmo tempo, injetar mais dinheiro nas companhias do empresário seria politicamente impopular para a presidente Dilma Rousseff, que já está lidando com uma série de protestos em massa alimentada em parte pelo descontentamento sobre um suposto "capitalismo de camaradagem".
A queda acentuada no preço dos títulos da OGX causa uma enorme mudança na fortuna do empreendedor exibicionista do Rio de Janeiro, que muitas vezes prometeu se tornar o homem mais rico do mundo. E quase conseguiu. Batista abriu o capital de várias empresas interdependentes em um momento de frenesi no mercado por ações de países emergentes que se iniciou em 2006. Em 2011, ele integrou a lista dos mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 30 bilhões. No último mês de março, o valor dos seus ativos havia despencado para US$ 10,6 bilhões.
Suas empresas não atingiram suas metas. O infortúnio de Eike Batista começou em junho de 2012, quando a OGX anunciou que a produção de petróleo em um importante campo tinha sido muito abaixo das previsões. Isso deu início a um desmoronamento nos preços das ações das suas outras empresas, a maioria delas interligadas. A sua empresa de navegação, a OSX LLC, por exemplo, foi criada para construir plataformas de petróleo para a OGX. E os navios a serem feitos pela OSX são para atracar em um porto que está sendo construído por outra empresa sua, a LLX LLC.
Com o objetivo de levantar recursos e reconquistar a confiança dos investidores, Batista precisou vender participações de suas empresas. Ele vendeu uma participação adicional em sua companhia de energia MPX LLC para a alemã E.ON SE por cerca de US$ 700 milhões no fim de março.
A virada recente na sorte de Eike Batista pode torná-lo uma das primeiras e maiores vítimas de um amplo movimento de investidores que se afasta dos mercados emergentes à medida que os Estados Unidos se preparam para restringir sua política monetária e grandes mercados emergentes como o Brasil apresentam taxas de crescimento mais lentas. Ações e moedas de toda a região estão em queda, o que representa um obstáculo aos esforços de Eike Batista de reconquistar a confiança dos investidores.
"Eu não culparia o Eike completamente", disse Ed Kuczma, que ajuda a administrar US$ 350 milhões em ações de mercados emergentes na Van Eck e nunca comprou, nem pretende comprar, ações de companhias do empresário. " A economia mundial enfrenta um obstáculo agudo e exorbitante, e as pessoas têm suposições mais realistas e se tornaram mais cuidadosas."

Sem comentários: