quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A história que não vem nos livros




AGOSTINHO JOSÉ FREIRE - Fidalgo, Distinto Militar, Par do Reino e Conselheiro de Estado, Director do Colégio Militar, etc., etc. (N.Évora, 1780; M. Lisboa, 1836), é, talvez, a mais Exemplar Figura do Liberalismo e da História do Parlamentarismo em Portugal.

Em 1834, nomeado Conselheiro de Estado, apresenta às Côrtes um documento da máxima importância para a História do Liberalismo e do Parlament
arismo em Portugal, o “Relatório do ministério dos negócios da guerra, Lisboa, 1834” – que tem vindo a ser, inexplicávelmente, sonegado ao Povo Português e à larga e democrática publicitação!.... – onde se demonstram e provam as ligações do movimento pedrista com a Finança internacional, as sociedades secretas e o chamado “israelismo britânico”, com epicentro em Londres (e no Porto) ……com elos inextricáveis a figuras de suma importância para que o “pedrismo” vingasse em Portugal, como MENDIZÁBAL, MABERLY, CARLOS DE PONZA (i.e., NAPIER…..), bem como a constatação da UTILIZAÇÃO DE MERCENÁRIOS ESTRANGEIROS na invasão levada a cabo pelo secessionista e auto-proclamado “imperador” do Brasil, na Praia dos Ladrões (depois apelidada de Mindelo)…..


RELATÓRIO DO MINISTRO DA GUERRA, 1828-34
Agostinho José Freire

(Excertos)

Tópicos:
- o empréstimo que tornou possível a expedição militar do imperador do Brasil em Portugal foi obtido por intermédio do espanhol Juan Álvarez y Mendizábal (1790-1853);
- os combatentes estrangeiros que desembarcaram no Mindelo ascendiam a seis mil seiscentos e vinte e quatro [6.624] – “Recebemos de países estrangeiros seis mil seiscentos e vinte quatro homens, e oitocentos quarenta e dois cavalos” - num total de “oito mil e trezentos homens de que eram combatentes em parada pouco mais de sete mil e quinhentos” [7.500].


“Senhores,
É chegado o venturoso dia em que tenho a honra e prazer de dar-vos conta dos negócios expedidos pela Repartição do Ministério da Guerra, de que tenho sido encarregado desde que Sua Majestade Imperial se dignou de reassumir a Regência, em nome da Rainha, até o presente momento. O período é vasto, e fecundo; as operações militares entram de necessidade em minha narração, porque delas são inseparáveis os actos administrativos da guerra; porém eu farei por ser breve sem me esquecer o preceito da clareza(…….)….
……….os recursos escassos cada dia minguavam, o apuro crescia, o poder despótico (!) avultava cada vez mais na Europa, a perseguição aumentava-se, e tudo parecia conspirado contra a causa ……….
……a grande semana em Paris, a reforma parlamentar em Inglaterra, e os triunfos da liberdade (…..)em algumas outras partes da Europa aumentaram a consideração política dos defensores da ilha Terceira, mas não os seus recursos. Malogrou-se o empréstimo contraído com o capitalista Maberly (...)
……..tentados em vão outros meios, Sua Majestade Imperial concluiu um empréstimo por mediação do cavalheiro (!) espanhol J. A. Mendizabal, o qual desde então até ao presente nos tem prestado tão exímios, e generosos serviços, que é sem dúvida merecedor da gratidão nacional…….
……superaram-se graves contrariedades de homens e de coisas, e Sua Majestade Imperial teve enfim a satisfação de ver reunida, e no maior luzimento em Ponta Delgada, e seus arredores, uma força se não suficiente para a conquista de Portugal, bastante ao menos para apoio ……..
………..com próspera viagem avistámos terra entre Viana, e Vila do Conde no dia sete de Julho, e no dia seguinte sendo baldada a intimação que (se) mandou fazer pelo ajudante de campo Bernardo de Sá ao comandante das tropas rebeldes naquela estação para render obediência ao legítimo (!) governo, começou o desembarque pelas duas horas da tarde na praia de Mindelo…….
……. marchou nessa noite o exército libertador, entrando com o seu Augusto Regente na manhã seguinte na célebre (!) cidade do Porto (...)
. …..(No Porto)….não havia braços ociosos; aquele que não podia trabalhar pagava a quem o substituísse; os empregados públicos entraram nas fileiras; deu-se maior extensão ao trem; formou-se um arsenal(!); criaram-se laboratórios de pólvora, de cartuxame, de mistos, e de projécteis de toda a espécie(!); construiu-se grande quantidade de reparos; apropriaram-se ao serviço das baterias todas as peças que se puderam achar, e em poucos dias avultaram prodigiosamente (!) os meios de defesa………………
……já em Fevereiro antecedente o governo voltando ao seu projecto da expedição marítima, e querendo torná-lo mais seguro tinha mandado um agente a Londres para fretar navios de vapor, comprar os géneros, e munições necessárias; porém a falta de meios paralisou por alguns meses essa diligência, que pelos esforços do ilustre (!) Mendizábal se realizou enfim quando menos se esperava.
…….e no primeiro de Junho surgiram defronte das águas do Douro cinco vapores com diversos provimentos, e seiscentos homens, que apesar de estarem sem disciplina, e sem alguma organização (MERCENÁRIOS), eram todavia um reforço, e se mandaram desembarcar……..
…..tinha portanto soado a hora, em que não era possível procrastinar mais o começo das operações. …….enfim no dia onze a opinião…… de uma expedição de dois mil e quinhentos homens para o Sul do reino, e era esse o voto inalterável ……….. e a Carlos de Ponza (Capitão Napier) (maçon), que havia sido nomeado vice-almirante, e major general da Armada (!), exonerado o vice-almirante Sartorius, se entregou o comando em chefe da esquadra……..
No mesmo dia memorando cinco de Julho ...... o vice-almirante Carlos de Ponza ( i.e. Napier, maçon….)….nas águas do Cabo de S. Vicente concluía o maior feito de armas(!) (...)
Seja-me agora lícito observar que tendo o Exército ao desembarcar nas praias do Mindelo o total de oito mil e trezentas praças, como já referi, metade das quais estavam sem suficiente instrução, e sem fardamento ( MERCENÁRIOS ESTRANGEIROS!!!!) ……………………….
……começou este exército (!) com um batalhão de oficiais, uma companhia de académicos, seis batalhões de infantaria, quatro de caçadores, um batalhão de artilharia, e um de voluntários, e contava no fim da guerra seis regimentos de cavalaria, dezassete regimentos de infantaria, cinco batalhões de caçadores, três batalhões de artilharia, e uma companhia de académicos, um corpo de engenheiros, um batalhão de artífices, um corpo telegráfico e sessenta e sete batalhões móveis e fixos, além de treze companhias avulsas. Recebemos de países estrangeiros seis mil seiscentos e vinte quatro homens, e oitocentos quarenta e dois cavalos. …….
Todos os Ingleses alistados nas bandeiras de Sua Majestade Fidelíssima percebiam nos termos dos seus contratos os avultados vencimentos do serviço militar inglês (……)
Tal é, senhores, a sincera história da minha administração de secretário de estado dos Negócios da Guerra, desde as ilhas dos Açores até este momento. Acham-se juntos os documentos necessários, e prontas quaisquer explicações. Assisti ao começo da grande empresa, acompanhei-a em todo o seu progresso, fui presente ao êxito, não depus um só dia a pena de ministro da Guerra, e empunhei a espada de soldado em todos os combates do Porto, e de Lisboa. Depois de tantos, e tão complicados trabalhos cheguei à ventura de os relatar perante os representantes da nação portuguesa(!).
Estão satisfeitos todos os meus votos (!).
Tenho pura a consciência de que em tão dilatada, e espinhosa época empreguei todas as minhas forças no serviço da Rainha, e da Pátria (!).
Os factos, e as provas estão diante de vós (!).
Espero tranquilo o vosso juízo, e o de todos os homens imparciais…….

Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra em 4 de Setembro de 1834.

Agostinho José Freire.


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