domingo, 3 de novembro de 2013

Nem sequer levarei a poeira

“Com efeito, Salazar vive do seu ordenado: 15 mil escudos mensais. Praticamente deveria viver a expensas do Estado, visto que a lei concede ao Presidente do Conselho uma casa, mobílias, roupas e pessoal de serviço. Contudo apenas aceitou a casa e paga o combustível e as criadas. Em Lisboa, vive em três pequenas divisões, que ele próprio mobilou. Fechou nos armários os serviços de mesa solenes e comprou copos e toalhas a seu gosto. Os seus escrúpulos são extremos. Por princípio, recusa todas as vantagens que poderiam advir-lhe do cargo e do nome. Lembro-me de uma das suas frases: «Hei-de virar e sacudir as algibeiras antes de deixar o poder. Dos meus anos passados, nem sequer levarei a poeira.»"

 "Férias com Salazar" (1952), Christine Garnier

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