quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Chegámos lá, vencemos e depois fodemos tudo... (Parte 2)

E julgava eu que na Líbia, a "transição para a democracia" até nem estava a correr mal, afinal era otimismo infundado. Como não apareciam notícias na televisão e durante a semana que eu estive em Marrocos não ouvi zum zum nenhum... então all is well.

Numa notícia do Zerohedge via Reuters, parece que a zona Este da Líbia começa a ser liderada, não pelo governo como suposto, mas por Ibrahim Jathran, um rebelde herói de 2011. Com o petróleo e as infraestruturas lá existentes, achou por bem que deveria fazer by-pass ao governo e vender diretamente a quem o quiser comprar. Tendo sido a cidade de Benghazi, bem na ponta Este da Líbia, o bastião dos rebeldes durante a guerra civil, não espanta que agora emanem dessa região intenções separatistas.
Todos querem mamar do petróleo e ninguém gosta que sejam os outros a enriquecer à nossa pala.

O governo já avisou que qualquer navio que lá "estacione" para carregar petróleo será destruído, mas rapidamente o líder rebelde contestou, informando que não há problema porque a proteção militar está assegurada.

Imaginem lá com que armas é que estes rebeldes asseguram a proteção dos petroleiros?

E pelos vistos não é só o Leste da Líbia que se quer tornar independente. A zona de Cyrenaica e a zona do Sul Fezzan também têm tribos armadas e milícias muçulmanas cheias de vontade de declarar independência e ficar com uma fatia do petróleo da região. Quem não queria??

Parece que os líderes do Ocidente esqueceram-se que os rebeldes costumam ser várias fações militares, regionais e religiosas. Juntam-se temporariamente para combater o "inimigo", mas depois de o lugar ficar vazio e o poder à mão de semear, só não vale arrancar dentes. Este pormenor escapou ao Ocidente no conflito da Líbia, no Iraque e pelos vistos na Síria vamos pelo mesmo caminho.

Eu não defendo o Khadafi, mas se em 2011 ela era tão mau, mas tão mau e tão perigoso para a segurança mundial de acordo com os líderes do Ocidente, como foi possível ter mudado tanto desde 2007 ?



Tiago Mestre

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