sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A queda de um tordo III


do blog para o jornal...


O estado do jornalismo português explica-se facilmente pelo caso dos Tordos. Um artista, de esquerda obviamente, decide emigrar para o Brasil.

Não fazendo como milhares de portugueses que emigraram, decide não ir em silêncio, chorando lamúrias contra o Governo. O filho decide entrar no jogo e lamenta-se que o pai tenha sido obrigado a emigrar, pois, coitado, apenas tem uma reforma de 200 e tal eur
os e não tem trabalho por cá.

Ah Pátria que trata tão mal os seus artistas.

A imprensa, essa, "come" toda a história e partilha o número, certamente convicta que irá gerar comoção sobre esta história triste, sem nada questionar, até mesmo o óbvio: como é que alguém que ganhou certamente muito dinheiro (ou pelo menos, certamente mais do que a esmagadora maioria das pessoas que têm reformas mínimas), tem uma pensão tão baixa?

 Nem se questionaram se o artista descontou para a Segurança Social, como fazem os portugueses comuns. Nada disso: o que interessa é espalhar a história, certamente emotiva.

Até que hoje, bloggers fazem o trabalho dos jornalistas. Será que o Fernando Tordo não ganhava dinheiro em Portugal? Será que ele tinha mesmo falta de trabalho? Ora, desde 2008 ganhou mais de 200 mil euros, só em contratos com entidades públicas. Tomara a muitos milhares de portugueses ganhar esses valores. E não se queixam, não escrevem cartas quando emigram nem têm a cobertura da comunicação social para a história das suas vidas. 

O que vale é que o emigrante Tordo até já arranjou mais um concerto em Portugal no 25 de Abril. Será mais artista residente no estrangeiro que cá vem dar concertos.

Nuno Gouveia

2 comentários:

Leo disse...

Ele que vá e não volte. O problema é que como ele continuamos a ter cá muitos. Já que o Povo não tem o bom gosto de os remeter à sua insignificância que seja a crise a fazê-lo. Caso para dizer; - Abençoada crise que nos vais livrando destes parasitas retrogrados e demagogos.

Dudu disse...

Para o valor da pensão mencionada, o Fernando terá descontado até 20 anos na melhor das hipóteses e tendo por referência o salário mínimo nacional.