quinta-feira, 6 de março de 2014

Será que provisório é eufemismo para definitivo ?

Bem sei que o que lá vai, lá vai, mas ontem Passos Coelho mostrou que das duas uma, ou é naturalmente matreiro, ou então a política, pelas suas vicissitudes, cativa o pessoal a pensar e a ser dessa forma.

Penso que era já do conhecimento aqui do pessoal do blog que os tais cortes provisórios implementados há 2 anos tinham de tudo menos provisório. Pelas contas que aqui fomos fazendo, dificilmente se encontraria uma alternativa. Podemos barafustar que é injusto cortar aqui ou acolá, mas como tinha que ser feito em algum sítio, calhou a estes.

O problema aqui é que Passos Coelho sugeriu e fez eco da mensagem de que seria provisório. Ora, ficamos sem saber bem porque o fez:

1º Se estava genuinamente a pensar que seriam provisórios, das duas uma: ou as suas contas estavam erradas ou algo inesperado aconteceu pelo caminho

2º Se foi jogada política, então ele tinha a convicção desde o primeiro dia de que o provisório era um eufemismo para "quase definitivo", na esperança de suavizar a decisão no TC e não aviltar ainda mais os portugueses

Claro que todos se irão inclinar para a segunda hipótese, e eu também, mas a moral da história aqui é que mais cedo ou mais tarde, rasteiras destas pagar-se-ão caro, porque pelos vistos, para fazer passar políticas de austeridade, a única forma política de o fazer é enganando as instituições e os portugueses.

Provavelmente se não fosse assim não haveria outra maneira, mas o facto de se ter tentado por esta via, sabendo antecipadamente que os cortes têm que ser definitivos e não provisórios mas insistindo apenas na 2ª palavra, revela que a arte de fazer política apodrece nos corredores destas instituições, e o capital de confiança que o povo ainda dá a este pessoal é corroído dia sim dia também.

Passos Coelho fez uma campanha eleitoral em que intrujou a malta, prometendo facilidades, e sempre se esquivou à necessidade de saber se os cortes que tinham que ser feitos estavam dentro dos limites da Constituição.
Se fosse pessoa com convicções e coragem de as defender mesmo tendo muito a perder diria aos seus acólitos:
Alto e para o baile; enquanto não soubermos o poder que realmente temos para executar políticas de austeridade não vamos vender banha da cobra aos portugueses

Já estou a sonhar

Tiago Mestre

1 comentário:

Unknown disse...

Só governa quem ganha eleiçoes.
Quem diz a verdade ao eleitorado não ganha eleiçoes.