domingo, 3 de agosto de 2014

Os ES estão de parabéns (Parte II)

Infelizmente, os meus receios de há 2 semanas confirmam-se: O BES será nacionalizado!

Mas aquilo que era o meu receio, é para muitos a solução que urgia implementar asap.
Falo de muitos comentadores/jornalistas, e em especial do Pedro Santos Guerreiro do Expresso.
Comprei este fim de semana o jornal, ato que já não fazia há muitos anos, e logo na primeira página, eis o pedido do Pedrito:
" O Estado tem de intervir. E depressa. Chamem-lhe nacionalização ou capitalização, usem as CocO's, partam o banco em bom e mau, comprem-no, vendam-no, mas acabem com esta desgraça. O Estado tem de entrar em cena. Entrar já. Entrar com tudo."

Como eu gostava de ver alguém com mediatismo público dizer que o Estado deveria ficar de fora deste assunto merdoso. Mas não. O que vejo são apelos e mais apelos para se nacionalizar, em nome da estabilidade do sistema bancário e da já de si frágil economia portuguesa.
Só o Bloco de Esquerda é que fala nisso, mas como de costume, não diz tudo. Diz que o banco não deve ser nacionalizado mas não assume que nesse cenário, TODOS os depositantes irão arder. Basta um grupo de depositantes tentar resgatar as suas conta à ordem amanhã de manhã com uma câmara da TVI ao lado e bye bye sistema bancário português.

O Estado vai entrar com dinheiro no BES bom para suportar os buracos das delinquências apuradas nas últimas semanas no valor de 4,7 mil milhões de euros. Dinheiro esse que o Estado não tem, e portanto terá que pedir emprestado à troika, que terá que ser pago com juros. É esta a triste nacionalização.
O povo português ficará a arder se a futura venda do BES bom for de valor inferior a esta recapitalização+juros, apesar de que Carlos Costa veio dizer que caso haja diferença para menos, serão os outros bancos a operar em Portugal a entrarem com a diferença!!! Enfim, acredita quem quiser.

Não faço a mais pequena ideia se ficaremos todos a arder ou não. Para já estamos a assumir esse risco, em nome do Estado e do BdP, e para mim, só isso já é inaceitável.

Tudo isto para dizer que estamos mesmo regidos e comandados por gente com muito medo e com muito lastro de dívida nas costas, impedindo-os de tomarem decisões livres e apenas e só em nome dos portugueses. A decisão do Estado em recapitalizar o BES tem por base o MEDO; medo de que tudo possa ruir caso o BES venha abaixo e não pela vontade soberana dos portugueses. A democracia fica na sarjeta em todo este processo, mas isso também já não espanta.

Com tanta cobardia e tanto bailout por parte do Estado e dos bancos centrais, gente com poder como Ricardo Salgado e outros continuarão a agir como se não houvesse amanhã, arrebanhando o lucro das suas instituições e mantendo-as permanentemente no limiar da falência. Não interessa capitalizá-las porque haverá sempre outros prontos a fazê-lo, usando dívida em nome do contribuinte parolo.

É o MORAL HAZARD em todo o seu esplendor! 

Tiago Mestre

2 comentários:

Dudu disse...

O Pedro Guerreiro é assim há já algum tempo.
Quero acreditar que o novo banco acabará por ser vendido sem perdas.
O medo em deixar falir o BES é semelhante a saída do euro: traria alguma vantagem relativa, mas o medo afasta sempre tal hipótese.
Gostamos sempre de andar no fio do arame.

vazelios disse...

Temos de ser racionais, ver as hipoteses existentes, e escolher! Nenhuma opção era consensual e nenhuma delas teria zero risco! No entanto, das disponiveis, parece-me a melhor, e muito bem pensada! É pioneira, vamos ver como corre!

Sou depositante do BES. Mas vejamos, quando há lucro quem é o primeiro a receber? O accionista. (Se houver dividendos). Logo se houver perdas, são os primeiros a pagar também, ou serão os contribuintes?

É impossível agradar a gregos e troianos numa desgraça como esta.

A culpa disto tudo é em 1º lugar da administração BES (encabeçada por salgado), em segundo por Vítor Constâncio, em terceiro por Carlos Costa, em 4º Carlos Tavares. Não me parece que o governo tenha tido culpa, pode ter sido leviano e ingénuo, mas o mais importante era evitar o pânico!

Agora, das soluções existentes:
Baillout (Como no BPN ou no Subprime) - Desastrosa
Fusão de bancos (Espanha) - Até agora boa opção, mas em Portugal parece-me que era desnecessário arrastar o Banif e o BCP nesta cegada (porventura até precisavam).
No Baillout (Deixar cair, como na Islândia) - Injusto para depositantes
"Baillin" (Chipre) - Penso que ao se tornar prática corrente, pode afectar o mundo economico global.
"Baillin-Baillout" (Portugal) - Depositantes Seguros, contribuintes (aparentemente) seguros, accionistas e credores subordinados lesados.

Prefiro esta solução à Islandesa, porque não prejudica os depositantes. Os accionistas do BES (eu incluido) apesar de ser muito complicado e no fim disto ser fácil falar, deviamos ter sido mais exigentes com o banco. Fomos enganados, verdade, mas se pensarmos bem todos os processos onde salgado estava envolvido, mais o NÃO è recapiutalização da linha de crédito da Troika, tudo isso me é estranho (agora, claro).

Mas assim, separa-se o trigo do joio, o mau vai para os accionistas e o resto aguenta-se. O mais rapido possível vende-se o banco e tenta recuperar-se os 4,4MM€. Se o valor for inferior, podem reembolsar o remanescente com juros, como o BCP, BPI e Banif têm feito. Pode sobrar qualquer coisa para o contribuinte, mas será sempre inferior a qualquer outra opção (menos a Islandesa). Acredito que o novo banco tem activos de qualidade, uma boa rede de clientes e boa relação com os mesmos, pode perfeitamente haver um IPO perto desse valor. Se não houver, porque não reembolsar o remanescente ao estado com o resto?

Penso que é a mais justa para todos.

Se pensarem bem nas opções que expus acima, em todas elas existem mais lesados.

Isto tem é de haver consequências juridficas, de algumas pessoas.

Se bem vos conheço, preferiam uma solução à Islandesa, mas e os particulares e principalmente PMEs depositantes?

Haveria falências em massa, mais desemprego, para não falar de que assim também se salvam cerca de 7000 postos de trabalho no novo banco. Claro que depois haverá restruturação, mas também é mais justo para eles

Abraço