sábado, 6 de setembro de 2014

A censura da maioria

Hayek, um homem que dedicou a sua vida a procurar a ordem social liberal, em duas ocasiões fugazes exprimiu apreço, segundo este padrão, pela ordem social do Portugal de Salazar e do Chile de Pinochet, respectivamente (o mesmo aconteceu com Rothbard, o grande libertário moderno, em relação à Guatemala, um país de cultura católica)


Por que é que ele não desenvolveu o tema de Portugal de Salazar e do Chile de Pinochet na sua extensa obra académica sobre o liberalismo, como exemplos de países que mais aproximavam o seu ideal liberal?

Porque não podia.

Hayek vivia da sua profissão de académico, primeiro na Áustria dos anos 20, depois em Inglaterra, mais tarde nos EUA e finalmente na Alemanha.  Ao fazê-lo, teria tido a sua carreira académica arruinada em qualquer destes países. E quanto a Prémio Nobel, nem vê-lo.

Conhece algum Prémio Nobel da Economia a dizer bem da cultura católica? Mais: conhece algum Nobel da Economia que tenha feito a sua carreira num país de cultura católica?

Não conhece.

Não acha estranho?

E por que é que Hayek não o fez naqueles países tão aclamados como livres?

Por causa da censura.

Censura, em países como a Áustria, a Inglaterra, os EUA, a moderna Alemanha?

Sim, censura, a  pior de todas as censuras, muito pior que a de Salazar (por que esta ainda  dava às pessoas a possibilidade de falar livremente em casa, no café, na universidade, nos círculos de amigos).

A censura da maioria. O politicamente correcto, como a censura da maioria é agora conhecida, e que se exprime assim: "Se pensas dessa maneira, contrária à maioria, ninguém te vai ligar, e todos nós nos esforçaremos por te fazer parecer uma má pessoa".

Não é nova esta forma de censura. Mas é a pior de todas e é letal. Até Cristo foi morto por causa dela. Por aquilo que disse - e que a maioria censurou.


Pedro Arroja

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