Borges declara-se um anarquista conservador, o que é uma belíssima definição. A ética é mais importante que a política e, assegura, através da ética pessoal deixará de haver polícia, religião, governos e, acrescenta-se, capatazes e mesquinhez.
O universal Borges, com um avô nascido em Torre de Moncorvo, não alinhava com os esquerdismos. Para ele, melhor, era o Estado mínimo. Mas ao contrário dos modernaços que dizem isto e param de pensar, Borges exigia a que cada cidadão se comportasse com o maior sentido exemplar de ética. A isto se chama anarquia, a isto Borges compreendeu. O seu lado conservador talvez lhe fosse apenas fácil: justifica muitas vezes que a instituição monárquica não precisa de andar na caça ao voto, o mais repugnante movimento da vida dos agentes da política. Cita-se:
Jornal TornadoEm primeiro lugar [os políticos] não são homens éticos; são homens que contraíram o hábito de mentir, o hábito de subornar, o hábito de sorrir o tempo todo, o hábito de agradar todo mundo, o hábito da popularidade… A profissão dos políticos é mentir. O caso de um rei é diferente, um rei recebe tal destino, e portanto lhe cabe cumpri-lo. O político não; o político deve fingir o tempo todo, deve sorrir, simular cortesia, deve submeter-se melancolicamente às vernissage, às cerimónias oficiais, aos feriados nacionais.
1 comentário:
Vivendi,
De tirar o chapéu.
Saudações,
LV
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