segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Hoje é dia de Fernando Pessoa

A Democracia moderna, o sistema político que nasceu da Revolução inglesa, e inundou a Europa através do fenómeno inglês chamado a Revolução Francesa, assenta em três bases: o princípio do sufrágio como base da vida política; o princípio chamado “liberalismo”, cuja substância consiste na tendência para abolir os privilégios especiais, de certas classes ou de certas pessoas, e de estabelecer entre os homens a maior igualdade possível; e o princípio a que melhor se pode chamar “pacifismo”, que significa que a vida das sociedades, essencialmente comercial e industrial, é só episodicamente, ou por um resto de “atraso”, guerreira, e que a paz entre os povos é o estado normal, ou que deve ser normal, na vida social. E isto que resume o lema «liberdade, igualdade, fraternidade», que a Revolução Francesa converteu em Santíssima Trindade para uso de quem não tem religião.
É fácil demonstrar que os “princípios” democráticos são essencialmente dirigidos contra a opinião pública, contra o povo, e contra a própria essência de toda a vida social, que a Democracia é o resumo de tudo quanto seja antipopular, anti-social e antipatriótico.
A opinião pública, vimos, não se define. O voto é uma definição. O voto é a expressão de uma opinião individual; a opinião pública não é susceptível de expressão pelos indivíduos. É uma atmosfera que os envolve e que eles criam em conjunto, não em cada um de per si; é uma síntese orgânica, não uma soma mecanicamente feita. O voto é, mais, a expressão de uma convicção política, isto é, de uma ideia; ora o instinto, e tal é a opinião pública, tem por natureza não ter ideias.




Ultimatum e Páginas de Sociologia Política. Fernando Pessoa. (Recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão. Introdução e organização de Joel Serrão.) Lisboa: Ática, 1980. - 59.

Manuel Rezende


sábado, 28 de novembro de 2015

A pobreza vai aumentar em Portugal


A solução

Qual é a solução dos problemas nestes tempos? 
Não é só a verdade, mas a verdade radical.

Antony Mueller

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Imagens do passado e do presente


Auxiliada pelos Estados Unidos, a Turquia toma a Síria de assalto. O plano é revelado - e, presume-se, parado - pela União Soviética, hoje Federação da Rússia. A gravura foi originalmente publicada em 1958 por uma revista checoslovaca. Tinha razão Políbio, pois: afinal, a História repete-se mesmo.

Rafael Pinto Borges

Franceses: querem lutar contra o terrorismo?

Voltem às igrejas.


(igreja abandonada algures no sul de França)


   João Silveira


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Turquia não é o Ocidente


Putin vai retaliar, e faz muito bem 


Os turcos têm ajudado de forma imunda o terrorismo, pelo que não são merecedores de qualquer confiança ou apreço. 

Compram a 6 dólares o barril o petróleo roubado na Síria e Iraque, permitem a livre circulação de jihadistas vindos dos quatro cantos do mundo, acolhem nos seus hospitais terroristas feridos, permitem o desembarque de material de guerra destinado a acções de terrorismo em países limítrofes.

No passado fim de semana, o mundo ficou a conhecer de forma esclarecedora o que vai no coração do Turco. Aquele mar de adeptos insultando a memória das vítimas de Paris, mostrou bem a que ponto o Ocidente se equivocou tragicamente a respeito de um Estado que ainda há anos queria forçar a entrada numa comunidade a que não pertence geográfica, cultural e emocionalmente. 


A Turquia não é o Ocidente. Sempre foi um perigo e um inimigo, pelo que o derrube da aeronave russa, mais do que um incidente, é uma constante.

Miguel Castelo Branco



domingo, 22 de novembro de 2015

Glória Europa

Diálogo há pouco com uma amiga. Pergunta dela:
- Já viste como está Bruxelas?
- Sim. Mas já aconteceu alguma coisa?
- Para além de tanques nas ruas, helicópteros a sobrevoar aquilo, as pessoas aconselhadas a não sair de casa e a não se aproximarem das janelas, a imprensa proibida de divulgar informações sobre a operação policial, as pessoas aconselhadas a não divulgarem nas redes sociais os movimentos da polícia, os clientes de um hotel estarem retidos nos quartos, as escolas estarem amanhã todas encerradas e o governo ter vindo dizer que a situação é muito preocupante, não aconteceu nada...
- Ah, portanto o que me dizes é que o próprio Governo fez um "ataque terrorista"...
É nisto que estamos, não é? 
Sic transit glória Europa.

Luís Pistola


A nova Europa


Bruxelas# capital da UERSS



Não a queria, nem dada...



sábado, 21 de novembro de 2015

Europa: O berço e a morte da civilização



Fronteiras Abertas: O suicídio colectivo da Europa

(com intervenção especial da socialista Ana Gomes)


Sérias dúvidas sobre se os seres humanos serão, afinal, assim tão diferentes das couves.



Imagino que sobretudo os meus amigos economistas vão gostar de saber que existe (e acompanhar):

 o Center for Economic Policy Research reuniu uma série de luminárias europeias para construírem uma espécie de manifesto que leva por título Rebooting the Eurozone, e que tem como primeiro capítulo, que aqui deixo linkado, até mesmo como sugestão de leitura de fim de semana, Agreeing a crisis narrative. 

Dele faz parte este gráfico que reproduzo, com o comentário ao topo, onde se lê: «Os rácios de dívida melhoraram [até ao deflagrar da crise, reparem que o último ano da série é 2007] na maior parte das nações da Zona Euro (especialmente na Irlanda e Espanha), mas em Portugal o rácio da dívida disparou». 

Não me vou alongar. Tentei desde há anos quanto pude inculcar a ideia de que nós fomos um caso muito, muito particular de desastre na Zona Euro, um caso muito, muito particular de persistência em políticas públicas erradas, que nos enterraram na pior crise de que qualquer português hoje vivo tem memória. 

A evolução absolutamente singular da nossa dívida pública por comparação com os demais «países da crise» bem evidencia essa particularidade. Reparem: entre 1999 e 2007 o nosso rádio de dívida pública aumenta 40%. O único «país da crise» que não reduz a dívida é a Grécia, mas empalidece perante a nossa proeza: ficou-se por metade, 20%. Naturalmente que o pior estava por vir, entre 2008 e o resgate.

Ouvir hoje socialistas de todos os matizes preconizarem e-xa-ta-men-te as mesmas políticas que nos levaram ao colapso de 2011, exatamente, sem tirar nem pôr, é de esmagar qualquer filantropo com sérias dúvidas sobre se os seres humanos serão, afinal, assim tão diferentes das couves.

 Não consola reservar essa qualidade hortícola para os indígenas, com exclusão do resto. 

Deprimente, é o que é.

http://www.voxeu.org/sites/default/files/file/Policy%20Insight%2085.pdf

Jorge Costa


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Enquanto muitos financiam-os, poucos colocam-se do lado de Deus



“Na cúpula do G20 na Turquia o presidente russo afirmou que representantes de mais de 40 países financiam terroristas e que entre estes países estão alguns do G20.
Especialistas sublinham que entre outras coisas o grupo terrorista Estado Islâmico é financiado por simpatizantes dos jihadistas, inclusive bilionários árabes.”


O mundo moderno

"O mundo moderno da produção tecnológica requer cada vez mais especialistas, técnicos, inventores e empreendedores. 

Neste mundo, pessoas sem talentos específicos têm cada vez menos função e encontram-se marginalizados. 

Porém, tem alguns entre eles que inventaram a política como profissão pelo truque de prometer de resolver problemas que não têm solução - como criar um mundo justo ou consumir sem produzir ou fazer os pobres ricos pelo governo."

Antony Mueller


domingo, 15 de novembro de 2015

Tocqueville, "enfant terrible" ou "promeneur solitaire"?

(via Literatura Marginal)

A França é fértil em dar ao mundo desapaixonado as personalidades mais irrequietas e apaixonantes, as revoluções mais sanguinárias, os reis mais exuberante ou os estadistas mais inspiradores. De Voltaire a Victor Hugo, de Baudelaire a Rimbaud (o protótipo do enfant térrible), de Henrique IV ou Luís XIV a Napoleão, a imaginação procura as associações, politicamente ora mais voltada à direita, ora mais determinadas à esquerda, artisticamente, socialmente, ou ideologicamente, ora mais radicais, ora mais moderadas, ora românticas, ora procurando o realismo. Tocqueville não preencheria este espaço de forma tão concreta, em princípio, nem como homem de letras (seguramente original), nem como homem político (moderado e realista), nem tão pouco vocacionado para estadista (tímido, sério, contido, era em tudo um político de gabinete e não de campanhas). A postura do jurista e filósofo não deixa de ser interessante, na certeza de que as ideias nem sempre são fáceis de catalogar em figuras tão complexas, principalmente num século, como foi o século XIX, que vivenciou um fervilhar de experiências e ideias que o marcaram e que teriam consequências gravosas no século XX.

 Certamente que nem todos os autores serão tão fáceis de rotular. Mas das duas ideias que já nos textos anteriores tenho debatido, as associações e dissonâncias entre a democracia e a liberdade, os vários autores (de Burke aos Pais Fundadores, de Acton a Tocqueville) não deixam de parecer mais inconsequentes. Sem dúvida o mais paradoxal é Alexis Tocqueville. A sua originalidade e a sua rebeldia são sedutoras. É verdade, a rebeldia de um homem moderado, aristocrata liberal, conservador e espírito vivo de uma época marcada por todas as conturbações. Um aristocrata na França que restaurava a monarquia dos Orleães, mas que depressa o desiludiu. Optimista, por vezes, ou pessimista, quase sempre, não acreditava no corolário Hegeliano no fim da história que Guizot preconizava ao ver o triunfo político da classe-média como um patamar de não retorno. A ideia conjecturada por muitos que optavam pela segurança em detrimento da liberdade não agradava a Tocqueville, essa mesma crença que o fazia sempre insatisfeito, e sempre descontente com o seu tempo e com os seus contemporâneos. Como confessou certa vez, sentia-se como um Don Quixote quase a enlouquecer num mundo que perdia a virtude, apelava pelo heroísmo num tempo em que os heróis já tinham sido relegados. Nesse sentido, a monarquia burguesa de Julho estava longe de o satisfazer.

A ideia de uma aristocracia promotora da liberdade parece viver apenas naquele ideal oitocentista francês, um pensamento que pode ter várias interpretações à direita (defesa da liberdade contra a centralização, até mesmo associada, noutra vertente, a um pensamento tradicionalista e monárquico) como à esquerda (defesa da liberdade contra a tirania, favorável à moderação contra os radicalismos), mas ambas moderadamente centristas, e talvez explique porque é que o pensamento de Tocqueville foi tão renegado durante décadas, mas ainda assim é redutor fazer este julgamento, podemos amparar as dúvidas num terreno mais cinzento e não tanto a preto-e-branco, como forçosamente identificar este grupo de homens do século XIX mais à esquerda ou mais à direita. Burke dir-se-ia um Old Whig (distinguindo-se dos New Wihg, mais radicais) um anti-revolucionário que defendia a guerra contra a revolução em França, mas que soube apoiar a revolução na América; Acton, outro Whig católico que seguia uma perspectiva liberal e aristocrática anti-revolucionária, e que também se inspiraria em Burke. A moderação britânica nem sempre foi procurada no continente europeu sujeito a todas as rupturas mais abruptas e às revoluções mais sanguinárias. Daí a importância de Tocqueville, o mesmo homem que nas décadas conturbadas da história francesa definir-se-ia em carta como "liberal de uma nova espécie". Confessava amar a liberdade, mas temer as multidões e odiar a demagogia, porém, acontrario sensu, também confessava em carta que amava as instituições democráticas desde que moderadas e conjugando a tradição com o progresso, ideia que só poderia sair da pena de um pensador aristocrático. Ficamos assim num impasse, encurralados na dialéctica daqueles pensadores aristocratas. O que dizer da liberdade e o que condenar da democracia? Ficamos no meio-termo cinzento tão provocador e ambíguo.

A verdade é que Tocqueville foi sempre um crítico do seu tempo, mas ao mesmo tempo apresentava-se como um observador imparcial, politicamente ao centro, procurando um perfeito equilíbrio entre o passado e o futuro. O problema da geração que viveu a monarquia de Julho era esta: como criar um regime que aceitando um governo representativo  poderia combinar a liberdade e a ordem, o respeito ao passado conjuntamente com novos direitos e liberdades?
A verdade é que, mesmo como advogado, tendo jurado fidelidade à monarquia de Orleães, ainda que toda a família fosse legitimista (i.e., fiel à causa dos Bourbon), ainda assim, Tocqueville não deixava de suspeitar daquela nova classe média que ascendia às posições de poder, definindo-se enquanto um crítico desse novo governo burguês, sem virtudes, tão materialista e desonesto. Uma constatação que contrastava com o seu idealismo, um certo romantismo e gosto da aventura, como confessou. É a posição de um aristocrata que tem do mundo e da vida uma visão particular e demasiadamente pessoal para ser associado a qualquer partido ou grupo, um isolamento sentido e que o marca, mas que ao mesmo tempo o define como um pensador singular e tão original. As críticas que perpassa ao materialismo e aos progressos materiais encontram um paradoxo interessante entre nós, na esteira do velho liberal Herculano e do jovem socialista de cátedra Oliveira Martins, este último, no seu "Portugal Contemporâneo", não deixa de atentar contra esse progresso que vê como nefasto. Tocqueville concordaria nesse parágrafo. Como comprova o desencanto provocado pela monarquia de Julho, mas não o desinteresse pela política, nem a ruptura com os meios monárquicos que frequentava, sem que deixasse de ser o homem singular que era, o mesmo solitário, isolado entre os próprios contemporâneos.
Politicamente era um moderado, mas filosoficamente era imoderado e irrequieto. A sua análise da democracia não eram completamente anti-democrática. Podia acreditar numa moderação desse sistema, como escreveu. Contudo, essa força que se aproximava, parecia-lhe ao mesmo tempo nefasta: trazia no seu seio a destruição de todas as liberdades, uma excessiva preocupação pelos interesses privados, o seu individualismo e isolacionismo, que poderiam originar um novo despotismo democrático. Aliás, chegava a comparar a democracia às "águas de um dilúvio", expressão que pode ser encontrada nas notas do seumagnus opus "Da Democracia na América".
Por isso aclamava pela moderação, pelo refreio e contenção da democracia. Para ele há duas maneiras de alcançar a igualdade: ou todos podem ter os mesmos direitos em liberdade, ou todos podem ser privados dos seus direitos em despotismo.

 Nessa sua obra magistral revela os paradoxos do seu pensamento, identificando a igualdade social como um traço marcante das sociedades modernas, mas ao mesmo tempo suspeitando da igualdade imposta pelas democracias. O problema da democracia, analisava, é que não conseguem diminuir a influência do governo, não conseguem criar esses corpos intermédios (não consegue garantir a liberdade), essa forma de governo tende ao despotismo, um despotismo que, não sendo violento, consegue um controlo total sobre os seus cidadãos. Por isso Tocqueville defendia a descentralização. Em França, particularmente, depois da restauração da monarquia de Julho, cresceu a obsessão liberal pela... liberdade, como era então entendida pelos mesmos liberais-monárquicos, conservadores, alguns ainda com alguma inspiração do Ancien Régime, mas também reformistas, que olhavam o passado com alguma nostalgia e compreendiam desconsolados como os tempos tinham mudado. Viam a necessidade da restauração dos poderes intermédios independentes do governo, as liberdades regionais, mas esse desejo, alimentado pelos grupos Realistas aquando da restauração, longe ficou de se concretizar.

Para ele a democracia diminuía a ambição das pessoas, a ambição alimentada é vulgar e desinteressante, em suma, entendendo que o homem que escreve estas reflexões (quer no "Da Democracia na América", quer  "O Antigo Regime e a Revolução") está tão preocupado moralmente com o espírito humano como com a segurança das instituições.  É necessário, como sublinhou, que nas sociedades democráticas, o espírito comercialista seja contra-baloiçado por uma vida cultural rica, dando particular atenção às artes, às ciências, à cultura. Os intérpretes de Tocqueville podem ficar na dúvida em rotulá-lo como anti-democrático, ou como pessimista em torno da democracia, ou como um pensador original da mesma, forçando a análise a permanecer num patamar ambíguo que mesmo o próprio não tão facilmente desenvencilharia.
Para que a democracia sobrevivesse precisava delinear um elemento aristocrático, entendendo como "aristocracias" as associações legais e permanentes, as cidades, vilas, ou associações. No fundo, promover os corpos e entidades que incentivam os indivíduos a prosseguir os seus projectos. É necessário que esse regime garanta a liberdade, numa súmula que caracteriza como "Moderar a Democracia com a Democracia", i.e., para moderar a doença congénita à própria democracia é necessário investir na educação, liberdade de imprensa, liberdade de religião, descentralização, investir nas liberdades locais e institucionais, e na eleição dos funcionários. Aprova a religião como necessária para moderar a sede materialista e a ganância. As instituições devem promover o espírito de liberdade capaz de combater os vícios naturais destas sociedades. Mas seriam estas reformas concretizáveis? Tocqueville é um idealista, um político moderado e realista que almejava tornar-se-a voz da moral e do bom-senso mas que ficou longe de ser ouvido pelos seus contemporâneos. O seu pensamento moderado casava com um coração imoderado. Era verdadeiramente, discretamente, um enfant terrible, tão original e tão incompreendido como um artista renegado, mas, como alguém notou, era demasiadamente político para ser uma mera figura literária, mas demasiadamente literário para ser meramente um político. Um homem com uma forte imaginação, que definia os seus "desejos agitados" como uma doença dentro dele. Um romântico reprimido, como as ideias denotam, o seu idealismo, a sua procura aristocrática pela harmonia, pelo equilíbrio, pelo justo. A sua ambiguidade entre a moderação política e a grande ambição que sentia criavam nele um estado depressivo e uma agitação incontrolável, foi efectivamente o "promeneur soliteire", quase tão efectivamente como foi o "enfant terrible"e estamos longe de o compreender totalmente, ainda que sirva sempre de inspiração. Como o próprio se descreveu: "Sou para mim mesmo um eterno enigma."

sábado, 14 de novembro de 2015

Lá se foi a eutanásia tranquila...




"Parece que foi uma falsa esperança da Europa esperar ganhar uma eutanásia tranquila com a imigração descontrolada."

Antony Mueller



Acorda, Europa!




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sabia que a TAP já foi privada?

A TAP não é uma “conquista de Abril”: muito pelo contrário, é uma “conquista do Estado Novo”, e já foi privatizada uma vez.
A fundação da TAP remonta aos anos 40 do século passado, quando Salazar, então Presidente do Conselho de Ministros, se apercebeu de que Portugal estava a braços com uma enorme desvantagem estratégica: era a única potência pluri-continental sem uma linha aérea de bandeira que ligasse a Metrópole aos seus territórios ultramarinos.
A infra-estrutura já existia. Ao contrário da “narrativa” da “longa noite fascista”, o Estado Novo fez obras de grande nível, dentro do orçamento possível, de forma a trazer alguma modernização a Portugal. Uma dessas grandes obras foi o Complexo Aeroportuário de Lisboa, projectado para receber os visitantes da Exposição do Mundo Português, em 1940.
Compunham esse Complexo os aeroportos da Portela e de Cabo Ruivo. Este último servia as carreiras de hidroaviões, as únicas aeronaves então com autonomia para as longas viagens transatlânticas, enquanto o aeroporto da Portela servia as rotas europeias, que usavam aviões e pistas de pequena dimensão. Para ligar os dois foi construída a Avenida Entre-os-Aeroportos, hoje conhecida como Avenida de Berlim. E, no entanto, apesar deste imenso investimento, durante os primeiros anos de operação ambos os aeroportos receberam na sua maioria aeronaves estrangeiras, e a única comunicação com as colónias era feita por barco.
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As primeiras transportadoras aéreas nacionais, como a Companhia de Transportes Aéreos (do grupo CUF) ou a Aero Portuguesa (imortalizada no final do filme “Casablanca”) não tinham ainda dimensão para as necessidades de ligação entre as partes do vasto espaço português.
O projecto da criação de uma forte linha aérea de bandeira foi prontamente colocado em marcha. O Governo adquiriu os primeiros aviões Dakota DC-4 e a “Linha Aérea Imperial” tornou-se realidade: em 1946 já era possível voar de Lisboa a Lourenço Marques em “apenas” uma semana, com seis escalas de pernoita e um total de 45 horas de voo. Para a época, era extraordinariamente veloz.
A primeira privatização
Em 1953, a TAP era uma empresa sustentável e o Estado Novo, não tendo interesse em gerir directamente os transportes aéreos, decidiu privatizá-la. Foi reconhecido que a empresa representava um interesse estratégico vital para Portugal e o seu Império. Logo, quando o caderno de encargos foi lançado, estava definido que 75% do capital da empresa tinha de ser propriedade de portugueses e que a maioria dos gestores e directores também tinham de ser cidadãos nacionais.
Nascia assim a empresa Transportes Aéreos Portugueses, Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada (SARL), propriedade de investidores particulares e supervisionada pelo Estado. Entre os 83 sócios fundadores encontramos figuras proeminentes da época, como D. Manuel de Mello, e grandes empresas, como a Companhia Nacional de Navegação.
Era um conceito que deixava Portugal na vanguarda da Europa, onde quase todas as empresas aéreas eram estatais, dispendiosas para os utentes e fonte de enormes prejuízos.
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Artigo completo aqui

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O caminho para o sucesso Económico e o caminho para o fracasso Económico

O caminho para o sucesso:

poupança / investimento / produção / consumo / distribuição

O caminho para o fracasso:

distribuição / consumo / produção / investimento / poupança





A Soberania Popular



Com cento e oitenta anos por caminhos desviados, ao Deus dará e na submissão imperativa a teorismos e abstracções, não há forma de não admitirmos a falência ruinosa do sistema de governo representativo começado com a Monarquia Constitucional e que a República continuou, agravando-o nos princípios e nos factos.

Insensatamente foi alterado o regime económico da propriedade, abolindo-se os vínculos, deitou-se abaixo a união e a importância da Família, destruiu-se e roubou-se um vasto número de proprietários e encheram-se as instituições de uma corja de gente ociosa.

Consagrou-se o político profissional, o promotor do bem alheio para interesse próprio, o principal culpado da indisciplina do povo e da falta de respeito pela Lei.

Gastou-se o que se podia e o que não havia, um afã de prosperidade, criou-se a dívida e no fim mandaram-nos a conta.

Como construção intelectual, de um artificialismo grosseiro e como solução positiva da Política, o dogma da trindade redentora – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – entrou em falência aberta há muito.

A democracia que temos no Ocidente como uma alvorada, é hoje considerada um ocaso por muitos dos mestres do pensamento contemporâneo.


Afirma-se a soberania do povo, provada mentira em Ciência Política, apoiada em falso na coerência sentimentalista de alguns daqueles que arrebanham a multidão.

Alguma vez o povo foi, ou há-de ser soberano? Soberano de venda nos olhos, montado pelos políticos que com uns discursos enganosos lhes vai mandando cada vez mais carga para cima das costas.

Guilherme Koehler



quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Os poliamorosos em lua de mel


Parabéns esquerda. Obra notável!

"Faz agora 40 anos que a esquerda portuguesa fugindo (uma das especialidades da esquerda é fugir) de Angola substituiu o exercito português pelo exercito cubano e começou uma guerra civil em Angola que provocou um genocídio em que morrerem milhões de pessoas e cujo resultado passados 40 anos foi a vigência uma cleptocracia que rouba e saqueia aquele pobre povo impunemente para comprar relógios e carteiras Louis Vuiton.
Parabéns esquerda. Obra notável!"

Francisco Múrias


A estrela do dia no facebook

Pedro Arroja


terça-feira, 10 de novembro de 2015

sábado, 7 de novembro de 2015

O poder está em cada um de nós mas quando votamos...

"O poder está em cada um de nós. 
Quando votamos delegamos esse poder numa data de gente que não conhecemos de parte nenhuma e parte deles pertencentes a quadrilhas. O resultado está à vista. 
Chamam a isto democracia. Parece mais uma cleptocracia."


Francisco Múrias


É a economia vodu em todo o seu esplendor.


Podem dar as voltas que quiserem: o que nunca conseguirão é comer um bolo e guardá-lo para mais tarde. Dito por outras palavras: não é possível consumir o mesmo recurso que se investe (para aumentar mais tarde o rendimento e o consumo). E, sim, não é possível aumentar o rendimento e o consumo futuro sem investir hoje, quer dizer, sem deixar de consumir agora. A menos que recorramos ao que outros, que não nós, estão a poupar, isto é, endividando-nos a eles. Admitamos que, tendo chegado à pouco invejável posição de uma das economias mais encharcadas em dívida de todo o mundo, continuar aumentar o pântano não é viável. Portanto, se quisermos prosperar, teremos de investir - e não consumir.

Isto não pode ser muito difícil de entender por qualquer pessoa normal, a partir do dedo e meio de testa. Excepto se for um insigne economista como o João Galamba, ou gente que, não sendo do ramo, não deixa de ser extraordinariamente versada nestas matérias, como a Dona Canavilhas ou a Dona Estrela, e outros seres do mesmo género que se multiplicam como coelhos nas fileiras do PS e do comentadorismo nacional, que nos asseveram que quanto mais consumirmos maior será a procura, logo maior o investimento e, assim, maior o crescimento, etc., etc. É a economia vodu em todo o seu esplendor.

Estes dois gráficos sobrepostos ilustram bem o ponto em que estamos neste particular. O gráfico de baixo é sobre a quantidade de despesa nacional (de PIB) que afectamos ao consumo. O caso português é a linha azul, mais vistosa. 66%. Exactamente dois terços do PIB são torrados em consumo. Já os nossos parceiros da zona euro, gente significativamente mais rica do que nós, coitada, são mais modestos: consomem 55%. Cerca de 11 pontos percentuais de diferença. Estávamos em 2014 a umas escassas décimas do maior valor de sempre. Ninguém diria que passámos pela mais grave e profunda crise da nossa história democrática. De 2009 para cá aumentámos a parcela de rendimento que, como país, destinamos à torradeira do consumo. Já os nossos ricos parceiros de moeda única baixaram a parte do PIB afectada a ele. Estranho.

Como não é possível comer e guardar o bolo (consumir e investir ao mesmo tempo, sem recurso a dívidas), e tendo tido que ajustar por algum lado, ajustámos... no investimento, que conduzimos à rua da amargura. Destinamos menos cinco pontos percentuais de PIB ao investimento do que os nossos muito ricos parceiros, com um stock de capital significativamente maior, quando dividido por cabeças. Mas bem vistas as coisas, como nestes gráficos, tivemos, afinal, apenas que acentuar uma tendência que já vinha de trás, de muito atrás, desde a viragem do século.

Ao contrário do que dizem as luminárias do PS, não foi o ajustamento e a austeridade que trouxe a queda, a quase extinção do investimento, isto é, ao ponto em que a economia deixou mesmo de repor o seu stock de capital: o investimento dos últimos anos não chega para tanto, o que compromete mais do que qualquer outra coisa o nosso futuro. Não. Vínhamos a cair pela encosta abaixo, desde o ano 2000, e se alguma coisa de novo aconteceu durante o ajustamento, foi o estancamento e inversão da tendência. Batemos no fundo em 2013, e desde então estamos a recuperar. Muito, muito modestamente, muito, muito insuficientemente, mas estamos. É preciso mais investimento, muito mais investimento, para chegarmos, por exemplo, pelo menos, pelo menos à proporção em que os nossos riquíssimos e apetrechadíssimos parceiros investem? É. Então, meus amigos, vamos ter de refrear sem contemplações o consumo. Ou uma coisa ou outra. Comer o bolo e guardá-lo é que não é possível. Se o PS, o PCP e o Bloco aparecerem por aí a prometer o impossível, façam-lhes um realíssimo manguito. Chega de ilusões. Já provamos o suficiente disso para saber que não gostamos.

Jorge Costa

Catarina Martins? Mariana Mortágua? Marisa Matias?


 Ponham os olhos é na Glorita! 



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

As esquerdas mentem quando falam de crescimento e de estado social

(Via o António Maria)

Não há crescimento possível, mas há uma bolha de crédito que acabará por rebentar


Comércio mundial está em queda. Os preços da energia e das matérias primas estão a cair, não porque escasseiem, mas porque não há dinheiro para pagar o crescente custo da sua produção. A diarreia monetária conhecida por alívio quantitativo (QE) é um remédio que produz cada vez menos resultados e está a destruir a poupança mundial e a formação de capital a ritmos alucinantes. Sem poupança não há capital, sem capital não há investimento produtivo, sem investimento produtivo não há comércio, nem consumo, nem portanto crescimento. Em suma, o crescimento global morreu.

A austeridade é, assim, inevitável, e as despesas sociais continuam a disparar em todos os países desenvolvidos ou a caminho disso.

As consequências estão à vista de todos, em toda a parte: no Japão, nos Estados Unidos, na Europa, na Venezuela, no Brasil, em África e no Médio Oriente, na China. O êxodo demográfico em direcção à Europa apenas começou.

Foi Você que pediu crescimento? Esqueça!

A taxa anual de crescimento de Portugal tem vindo a cair desde 1996
Trading Economics
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O discurso das esquerdas, começando pelos seus famosos economistas, é uma mistificação demagógica. Nomeadamente quando ouvimos as carpideiras do Bloco de Esquerda e as Testemunhas do Marxismo-Leninismo do PCP a acusar os partidos do centro-direita de estarem a destruir o estado social. Mentem descaradamente, como os gráficos que se seguem provam abundantemente.

80% das pensões auferem menos de 833€/mês, 91% auferem menos de 1667€. Um teto de 2500€ permitiria maior sustentabilidade no sistema.
@Governo de Portugal
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Mas comecemos pelo fim do crescimento...


Gail Tverberg

Once the debt bubble collapses, we are in deep trouble 
} Low commodity prices suggest we are now near debt collapse 
Oops! Low oil prices are related to a debt bubblePosted on November 3, 2015 by Gail Tverberg 
Why is the price of oil so low now? In fact, why are all commodity prices so low? I see the problem as being an affordability issue that has been hidden by a growing debt bubble. As this debt bubble has expanded, it has kept the sales prices of commodities up with the cost of extraction (Figure 1), even though wages have not been rising as fast as commodity prices since about the year 2000. Now many countries are cutting back on the rate of debt growth because debt/GDP ratios are becoming unreasonably high, and because the productivity of additional debt is falling.

Não há crescimento sem consumo crescente de energia
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A energia cara trava o crescimento
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O petróleo e a energia em geral tem sido comprada com dívida crescente
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Embora os preços da energia estejam a cair, os seus custos continuam a crescer
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Só nos resta a eficiência para mitigar os graves problemas que temos pela frente
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Acabar de vez com a demagogia populista das esquerdas sobre o estado social

Ao contrário da litania sem imaginação do PCP, do Bloco e de António Costa, os sucessivos governos que temos tido não só não atacaram o estado social, como a dimensão deste e o seu peso no orçamento do estado e na dívida pública não têm parado de aumentar desde 1975. Se repararmos nos gráficos deste excelente artigo de Ryan McMaken, onde se mostra que os Estados Unidos são um estado social insuspeito, veremos que também Portugal está entre os dez ou quinze países da OCDE que mais despesa social executa anualmente.

“Social Expenditures” In the US Are Higher Than All Other OECD Countries, Except FranceMises Institute, OCTOBER 30, 2015Ryan McMaken

According to the Organization of Economic Cooperation and Development (OECD), "social expenditures" are expenditures that occur with the purpose of redistributing resources from one group to another, in order to benefit a lower-income or presumably disadvantaged population.

The focus on direct government spending, however, creates the impression that the US does not engage in the business of redistributing wealth to the degree of other OECD-type countries. But this is not the case. When we consider tax incentives, benefits, and mandates, the picture is very different.

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Once tax breaks for social purposes (TBSPs) are included, the US begins to look much more similar to its European counterparts. By this measure, the US falls in the middle, with more net social spending (as a percentage of GDP) than New Zealand, Norway, Luxembourg, Australia, and Canada (y axis=percentage of GDP).


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