terça-feira, 30 de abril de 2013

O futuro agora

Vitor Gaspar, porque é sua obrigação, volta a ter que mostrar umas previsões do crescimento da economia portuguesa até 2017, baseando-se exatamente nessas previsões para definir as potenciais receitas do Estado, respetivas despesas e défice subsequente.

Como o défice tem que encolher, lá se fizeram umas continhas e chegou-se à conclusão de que é preciso carregar na austeridade em 4700 milhões entre 2014 e 2016, sendo que em 2013 é preciso carregar em 1300 milhões.
Como do lado da receita as coisas estão mais ou menos esgotadas, parece-me que a alternativa, à falta de melhor, será no corte da despesa.

Veremos como pensa Gaspar cortar 4700 milhões, mas para fazer exercícios de coerência, tive o desprazer de voltar a ver o Documento de Estratégia Orçamental realizado há um ano, e as previsões de crescimento do PIB eram estas:


Gaspar e todas as organizações europeias e mundiais na área económica e social acreditavam que em 2013 já veríamos a luz do sol, mas a realidade voltou a falar mais alto e hoje todos nós sabemos qual é a perspetiva para o PIB de Portugal em 2013.
A julgar pelo Quadro, em 2014 já estaríamos a voar nos 2% de crescimento !

Segundo percebi do que li na imprensa, apesar de que estou à espera de que o Ministério das Finanças disponibilize o documento, Gaspar conta para 2014 com crescimento económico, ou seja, ESPERA / PREVÊ que num só ano, passemos de uma recessão de 2,3% para um valor superior a ZERO, julgo que será 0,6%.

Confesso que não percebo onde se baseia Gaspar, a OCDE, o Banco de Portugal, a Comissão Europeia e outras organizações para chegarem a um valor positivo em 2014.

De 2012 para 2013 o PIB cairá de 165 para 162 mil milhões aprox. Uma quebra de 3,8 mil milhões.

Para 2014, se Gaspar cortar 2,8 mil milhões na despesa ou roubar 2,8 mil milhões em mais impostos ao pessoal, a economia terá que suportar esta pancada, ou seja, criar pelo menos 2,8 mil milhões de riqueza noutro sítio qualquer, e gerar ainda mais riqueza para que se cresça alguma coisa.  É OBRA.

Como ainda não há condições para baixar impostos, não vejo onde estão os estímulos para que alguém tire o seu dinheiro de um qualquer outro local do planeta e o coloque em Portugal, a não ser que seja para especular em dívida soberana, claro.

Apesar de só ainda estarmos em Abril de 2013, parece-me (outra vez) que as previsões para 2014 e por aí fora estão outra vez no domínio do surreal.
Caso o tal crescimento em 2014 não se verifique, este DEO2013 torna-se outra vez obsoleto em menos de 9 meses, acompanhando a tendência dos congéneres anteriores.

Gaspar queima-se de borla, sem exigir nada, sem dar um murro na mesa e sem exigir contrapartidas decentes.
Quer acreditar que haverá sol na eira e chuva no nabal ao mesmo tempo. Mas só acreditar não chega..

Depois não se queixe que o apelidem de astrólogo, mentiroso, incompetente, etc, etc.

Tiago Mestre

Isto não é reformar é arrastar

Serão necessários 6 mil milhões de euros de austeridade até 2017
aqui

Comentário:

Se a Troika aprovar estes prazos está confirmada a década perdida em Portugal e aberto o alçapão para a saída do €.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Eurostat revela as contas de 2012 para os países da UE


Eis o quadro do Eurostat onde já sem incluem as contas de 2012 para Portugal

A despesa foi de 78 mil milhões, ou 47% do PIB
A receita foi de 67,6 mil milhões, ou 41% do PIB

Tirem as vossas conclusões

Tiago Mestre

A mira certa da austeridade


Rescisões no Estado deixam em risco 214 mil funcionários públicos


 

Os funcionários públicos continuam na mira do Governo, com o Executivo a preparar um "complexo" programa de rescisões amigáveis no Estado dirigido a um universo de 214 mil assistentes técnicos e operacionais.

O programa de rescisões por mútuo acordo foi anunciado a 15 de março,  juntamente com os resultados da sétima avaliação da 'troika', sem grande  detalhe. 
Três dias depois, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, adiantava  que o programa deverá começar por se dirigir aos trabalhadores inseridos  nas carreiras de assistentes operacionais e técnicos e que as compensações  a atribuir "serão alinhadas com as práticas habituais do mercado".  
Os assistentes operacionais e técnicos/administrativos representam uma  grande fatia dos funcionários do Estado, totalizando no seu conjunto 213.697  trabalhadores (37% do total), de acordo com os dados da Direção-Geral da  Administração e do Emprego Público (DGAEP), relativos ao último trimestre  de 2012.  
O ganho médio mensal dos assistentes operacionais ronda os 750 euros,  enquanto o dos técnicos/administrativos ronda os 1.060 euros. 
Para convencer os trabalhadores a sair, o secretário de Estado da Administração  Pública, Hélder Rosalino, durante a última reunião com os sindicatos, confirmou  que o Estado oferecerá até mês e meio de indemnização por cada ano de trabalho.
A remuneração a considerar na compensação será o salário efetivo, ou  seja, incluirá suplementos permanentes, e não apenas a remuneração base.
O Governo tem, desde janeiro, um relatório do Fundo Monetário Internacional  (FMI) sobre as funções sociais do Estado e o respetivo corte de 4.000 milhões  de euros na despesa pública.  
Neste estudo, a instituição liderada por Christine Lagarde sugere uma  redução até 20% no número de trabalhadores do Estado nas áreas da educação,  segurança e ainda nos administrativos com baixas qualificações. 
O FMI defende que o Governo tem de reduzir o número de trabalhadores  em funções no Estado e dá duas opções: cortar em setores específicos onde  estão identificados excessos no número de trabalhadores ou estabelecer um  número e aplicar um corte transversal. 
O Fundo estima que um corte entre 10% e 20% no número de trabalhadores  nas áreas identificadas daria uma poupança estimada entre 795 milhões de  euros e 2.700 milhões de euros, ou o equivalente a 0,5%-1,6% do PIB. 
Para ajudar neste corte, o FMI sugere que os funcionários públicos não  devem estar mais de dois anos em mobilidade especial, período após o qual  teriam de ser recolocados ou despedidos, e defende que um maior e melhor  recurso à mobilidade especial possibilitará ao Estado uma maior poupança  nos custos com pessoal. 
Eis os últimos dados da Direção Geral da Administração e do Emprego  Público (DGAEP), relativos ao último trimestre de 2012: 

Quantos são os Funcionários Públicos?
Em dezembro, havia 583.669 funcionários públicos, menos 4,6% em relação  ao final de dezembro do ano passado. Destes, 74,7% concentra-se na administração  central, com a grande maioria (50,5%) no Ministério da Educação e Ciência.
Na Administração Local e Regional, por sua vez, havia no total 147.495  funcionários públicos, dos quais 115.562 nas autarquias, 17.095 na Madeira  e 14.838 nos Açores.   
No quadro do mercado de trabalho, o emprego nas administrações públicas  representava 10,7% da população ativa e 12,9% da população empregada.  

O que fazem?
São os educadores de infância e os docentes do ensino básico e secundário  que representam a maior fatia do emprego nas administrações públicas (23,5%),  seguidos dos assistentes operacionais/operário/auxiliar (22,8%) e assistentes  técnicos/administrativos (13,8%).  
Seguem-se os técnicos superiores e as forças de segurança, com um peso  de 9% e 9,1%, respetivamente.  
Os representantes do poder legislativo são, no total, 2.738 (representando  um peso de 0,5%), dos quais 53 estão na Administração Central e 2.685 na  Administração Regional e Local.   

Quanto ganham? 
O ganho médio mensal dos funcionários públicos situava-se, em outubro  de 2012, nos 1.594 euros, segundo os últimos dados disponíveis, de outubro  de 2012, embora haja realidades bastante díspares.  
No topo dos salários mais elevados encontra-se a carreira de diplomata,  com 7.985 euros de ganho médio mensal (2.297 de remuneração base média),  seguido dos magistrados (4.808 euros) e dirigentes superiores (4.222 euros).
Os salários mais baixos encontram-se nas carreiras de assistente operacional/operário/auxiliar,  com um ganho médio mensal de 750 euros.  
Que vínculos têm com o Estado?
Na Administração Central, considerando todos os trabalhadores em exercício  de funções nas Entidades Públicas Empresarias e Santa Casa da Misericórdia,  de um total de 541.099 contratos, 445.646 correspondem a comissões de serviço,  nomeação e contratos por tempo indeterminado e 73.652 são contratos a termo.
O maior número de funcionários públicos com contratos a termo encontrava-se  no Ministério da Educação e Ciência, com 41.390 no final de dezembro (menos  22,5% face a dezembro do ano anterior). 
Segue-se o Ministério da Defesa, com 16.205 e o Ministério da Saúde,  com 14.031 contratados.   

Quantos saíram em 2012?
O emprego nas administrações públicas caiu 4,6% em 2012, com a saída  de mais de 28 mil funcionários. 
Com o emprego em todos os subsetores em queda, a administração central  apresentou em 2012 a variação homóloga mais significativa: -4,8%. 
Quantos trabalhadores estão na situação de Mobilidade Especial?
A 31 de dezembro havia 1.108 trabalhadores em situação de mobilidade  especial, menos 68 do que um ano antes. Os trabalhadores são colocados nesta  situação na sequência de processos de reorganização de serviços -- extinção,  fusão, reestruturação de órgãos e serviços e racionalização de efetivos  - que não são necessários ao desenvolvimento da atividade desses serviços.

A demagogia tem um preço

no DN

domingo, 28 de abril de 2013

A ilusão

Como é acolhedor ouvir as palavras esperançosas de António José Seguro.

Estamos prontos para governar...
com maioria absoluta
e já agora, se quiserem... em coligação
COMO?

O clima é de eleições antecipadas.
AONDE? Em Santa Maria da Feira, só pode.

No primeiro trimestre de 2013 a despesa aumentou em mais de mil milhões face a 2012.
Problema?
Qual problema?
Não há problema nenhum. A austeridade é que é O PROBLEMA

António José Seguro aparentemente tem a solução.
Um Novo Rumo, diz ele.
Mas qual rumo?
Quais as medidas para reduzir um défice de 10 mil milhões sem cortar na despesa?
Desconhecemos. Portugal desconhece. Mas Seguro está preparado.

A ilusão apoderou-se de uma larga maioria de gente com poder em Portugal. Ninguém quer sair da sua zona de conforto.

Tiago Mestre

sábado, 27 de abril de 2013

Os amanhãs que cantam












Em  1974 Portugal estava na 15º posição na lista de países mais prósperos do mundo. Hoje estamos em 43º com forte tendência para descer. 

imagens aqui

Quem tem cu, tem medo


Exclusivo i: Cortes. Portas ameaça romper. Ministros do PSD rebelam-se contra Gaspar


O Ministro das Finanças propôs esta sexta-feira ao governo na reunião do Conselho de Ministros mais cortes nos salários dos funcionários públicos e nas pensões, além da redução de empregados no Estado. As propostas de Vítor Gaspar não agradaram aos ministros do PSD que se terão rebelado contra Gaspar. Paulo Portas apoiou a ala social-democrata do governo e ameaçou romper com governo se Gaspar não recua

É só fazer as contas...


no Jornal I

Comentário:

Não resta muito por onde inventar. Esta realidade só não entra na cabeça dos iluminados do PS que vão aproveitar este fim de semana para comer, beber, conspirar e falar de tudo e mais alguma coisa menos de contas...

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tudo é manipulado: o maior escândalo de fixação de preços de sempre

Uma pérola publicada na Rolling Stone 

Uma bomba relacionada com os Swaps.





Fica aqui um excerto... (tradução google)  » não deixe de ler o artigo completo e original aqui

Teóricos conspiracionistas do mundo, os crentes nas mãos ocultas dos Rothschilds e os maçons e os Illuminati, nós céticos lhe devemos um pedido de desculpas. Você estava certo. Os jogadores podem ser um pouco diferentes, mas a sua premissa básica é correta: O mundo é um jogo manipulado. Encontramos isso nos últimos meses, quando uma série de histórias de corrupção relacionadas derramado para fora do setor financeiro, sugerindo maiores bancos do mundo, pode ser que fixa os preços de, bem, quase tudo.

Você já deve ter ouvido falar do escândalo Libor, em que pelo menos três - e, talvez, como muitos como 16 - do nome de marca too-big-to-fail bancos têm vindo a manipular as taxas de juros globais, no processo de brincar com os preços de para cima de US $ 500 trilhões (que é trilhão, com um "t") no valor de instrumentos financeiros. Quando isso con alastrando explodiu em vista do público no ano passado, ele foi facilmente o maior escândalo financeiro da história - professor do MIT Andrew Lo ainda disse que "supera em ordens de magnitude qualquer fraude financeira na história dos mercados."

Isso era ruim o suficiente, mas agora Libor pode ter um irmão gêmeo. Palavra vazou que o ICAP empresa com sede em Londres, a maior corretora do mundo de swaps de taxa de juro, está sendo investigado por autoridades norte-americanas para o comportamento que soa estranhamente lembra da confusão Libor. Reguladores estão investigando se um pequeno grupo de corretores no ICAP pode ter trabalhado com até 15 dos maiores bancos do mundo para manipular ISDAfix, um número de referência utilizado em todo o mundo para calcular os preços dos swaps de taxa de juro.

Swaps de taxa de juro é uma ferramenta usada por grandes cidades, grandes corporações e governos soberanos para gerir a sua dívida, ea escala do seu uso é quase inimaginavelmente grande. Trata-se de um mercado de 379 trillion dólares, o que significa que qualquer manipulação afetaria uma pilha de ativos de cerca de 100 vezes o tamanho do orçamento federal dos Estados Unidos.

Ele não deve surpreender ninguém que entre os jogadores envolvidos neste esquema para fixar os preços dos swaps de taxa de juros são as mesmas mega-bancos - incluindo o Barclays, UBS, Bank of America, JPMorgan Chase e do Royal Bank of Scotland - que servem na Libor painel que define as taxas de juros globais. De fato, nos últimos anos, muitos desses bancos já pagaram assentamentos milhões de dólares para a manipulação anti-competitivo de uma forma ou de outra (além de Libor, alguns foram apanhados em um esquema anti-competitivo, detalhado na revista Rolling Stone no ano passado , a plataforma de leilões serviço municipal de dívida). Apesar da confusão de siglas financeiras soa como jargão para o leigo, o fato de que há agora pode ser escândalos de fixação de preços, envolvendo tanto Libor e ISDAfix sugere um único gigante conspiração, proliferação de conluio e de fixação de preços pairando sob o verniz ostensivamente competitivo do Muro cultura de rua.
O esquema Wall Street aprendeu com a Mafia

Por quê? Porque Libor já afeta os preços dos swaps de taxa de juro, tornando esta uma situação de manipulação-on-manipulação. Se as alegações revelar-se bem, isso significa que clientes de swap têm vindo a pagar por duas camadas diferentes de corrupção de fixação de preços. Se você pode imaginar pagar 20 dólares por uma PB porcaria & J porque alguns cabala mal das empresas do agronegócio conspiraram para fixar os preços de ambos os amendoim e manteiga de amendoim, você chegou perto de compreender a loucura dos mercados financeiros, onde ambas as taxas de juros e swaps de taxa de juro são sendo manipulados ao mesmo tempo, muitas vezes com os mesmos bancos.

"É uma dupla conspiração", diz um espantado Michael Greenberger, ex-diretor da divisão de comércio e mercados da Commodity Futures Trading Commission e hoje professor na Universidade de Maryland. "É a altura da criminalidade."

As más notícias não param com swaps e taxas de juros. Em março, ele também saiu que dois reguladores - a CFTC aqui em os EUA ea Organização Internacional das Comissões de Valores de Madri - foram estimulados pelas revelações Libor para investigar a possibilidade de manipulação de conluio de preços do ouro e da prata. "Tendo em conta os esforços de manipulação clubby que vimos na Libor benchmarks, eu assumo outros benchmarks - muitas outras referências - são áreas legítimas de investigação", CFTC Comissário Bart Chilton disse.

Mas a maior surpresa veio de um tribunal federal, no final de Março - mas se você acompanhar de perto estas questões, pode não ter sido tão chocante em tudo - quando um marco de ação coletiva ação civil contra os bancos por delitos relacionados Libor foi demitido. Nesse caso, um juiz federal aceitou incrível argumento dos banqueiros-réus: Se as cidades e outros investidores perderam dinheiro por causa da manipulação da Libor, que era sua própria culpa para sempre pensando que os bancos estavam competindo em primeiro lugar.

"A farsa", foi a resposta de um advogado antitruste para a demissão sobrancelha de fundos.

"Incrível", diz Sylvia Sokol, advogado de Constantino Cannon, uma empresa especializada em casos antitruste.

Todas estas histórias apontou coletivamente a mesma coisa: Esses bancos, que já possuem um enorme poder apenas em virtude de suas participações financeiras - nos Estados Unidos, os seis principais bancos, muitos deles os mesmos nomes que você vê na Libor e ISDAfix painéis, os bens próprios de montante equivalente a 60 por cento do PIB do país - estão começando a perceber as possibilidades incríveis para aumentar seus lucros e poder político que viria com conivente em vez de competir. Além disso, é cada vez mais claro que tanto o sistema de justiça criminal e os tribunais civis pode ser impotente para detê-los, mesmo quando eles são apanhados a trabalhar em conjunto para o sistema de jogo.

Se for verdade, que nos deixaria viver em uma era de indisfarçável, conspiração do mundo real, em que os preços das moedas, commodities como ouro e prata, até mesmo as taxas de juros eo valor do dinheiro em si, pode ser e pode já ter sido ditada a partir de cima. E aqueles que estão fazendo isso pode ir longe com ele. Esqueça os Illuminati - esta é a coisa real, e não é nenhum segredo. Você pode olhar diretamente para ele, a qualquer hora que você quiser.


Afinal, ele era bom...

Otelo

"Salazar preservou mais a soberania nacional do que Cavaco Silva"




Comentário: 

A verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima. 

Neste tempo de miséria e de encontro duro com a realidade qualquer português com dois dedos de testa já conseguiu perceber que Salazar foi melhor político do que qualquer outro político germinado no pós 25 de Abril.

Agora é preciso também tirar consequências dessa verdade para não deixar afundar ainda mais o país e a sua soberania. 

É necessário compreender principalmente quais os métodos e a sabedoria que foram aplicados por Salazar que permitiram tamanha robustez e independência económica de Portugal. 

O Estado Novo perdurou aquele tempo todo porque sempre teve as contas em dia. O peso do estado na economia nunca passou dos 20%. A moeda era forte e a inflação baixa. Não havia défices exagerados. Era o tempo de um país que produzia e poupava. Um tempo em que não andava-se a dar de mamar a porcos.

O sonho de uma qualquer democracia tem de passar por aqui. Uma boa democracia só é possível quando vive na verdade económica.



Cada cavadela, cada minhoca...


Maioria dos contratos de especulação foram assinados durante o governo de José Sócrates

Especulação: Operações financeiras envolveram 2,6 mil milhões de euros

Proliferação no governo Sócrates

A maioria dos contratos de especulação nas empresas públicas para proteção da taxa de juro dos empréstimos bancários, os chamados ‘swaps', concentra-se entre 2007 e 2009, período correspondente aos últimos dois anos do primeiro mandato do governo de José Sócrates.

Comentário: 
E no seu espaço de prime time este habilidoso ainda se deu ao desplante de aconselhar ao atual governo para que “Parem de escavar. Parem com a austeridade. Parem com esta loucura”...
Qualquer gestor que esteja ao serviço do setor público tem de obviamente gerir as decisões financeiras de uma forma conservadora e limitada temporalmente. Mas como o estado português com esta democracia se transformou em um circo onde a justiça e a verdade económica pouco contam que ninguém fique surpreendido com estas peripécias que vão conduzindo o povo e o país à miséria financeira e moral. 

Dívida sempre a subir

Dívida dos países da UE já alcança € 11 trilhões*


Endividamento é o maior da história do bloco; programas de austeridade não inverteram essa tendência, alerta Eurostat



Os 27 países da União Europeia devem juntos € 11 trilhões aos credores, o equivalente a 90,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. Mesmo com as medidas de austeridade, a dívida subiu 5,5% nos últimos 12 meses. O aumento do peso das obrigações soberanas já eleva a pressão sobre a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que vem sendo cada vez mais criticada pela suposta ineficiência da política de rigor fiscal.
Os dados foram divulgados ontem, em Bruxelas, pelo Escritório Estatístico das Comunidades Europeias (Eurostat). Segundo o levantamento, a dívida total da UE chegou em 2012 a € 11,01 trilhões, 10,7% superior ao registrado em 2009.
Sem surpresas, é da Grécia o recorde de endividamento: 156,9% do PIB, ainda muito acima da projeção de sustentabilidade feita pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional, de no máximo 127% do PIB. O patamar exato onde está a Itália, mas sua capacidade de endividamento é mais elevada do que a grega. O pódio é completado por Portugal, com 123,6%, à frente da Irlanda, com 117,6%. Dos quatro países com pior relação dívida/PIB, só o governo italiano não precisou até aqui ser socorrido.
Além desses 4, outros 10 governos registraram dívidas acima dos 60% do PIB autorizados pelo Tratado de Maastricht, o acordo que estabelece os padrões mínimos de desempenho dos membros da União Europeia. A boa notícia é que o déficit público médio na UE caiu de 4,4% em 2011 a 4% do PIB no ano passado, embora a situação ainda seja crítica em países como a Espanha, onde o buraco nas contas públicas chegou a 10,6%, o mais elevado do bloco - à frente da Grécia, com 10%, da Irlanda, com 7,6%, e Portugal, com 6,4%. Nesse critério, apenas sete países respeitaram as normas de Maastricht e registraram menos de 3% do PIB em déficit: Estônia, Suécia, Bulgária, Luxemburgo, Letônia e Itália, além da Alemanha, cujo resultado impressiona: superávit de 0,2% do PIB.
Ritmo. O problema, segundo analistas, é que a redução dos déficits não foi suficiente para inverter a curva das dívidas, que continuam aumentando. Dos 27 países, apenas 6 melhoraram a relação dívida/PIB no último ano, mesmo com todas as medidas de austeridade adotadas pelos governos nacionais.
As estatísticas reforçaram as críticas mais recentes feitas por economistas e empresários à política de rigor fiscal imposta à UE, em grande parte por pressão da Alemanha. Ontem, o diretor-presidente da Pimco, Bill Gross, atacou o rigor na Europa. Em entrevista ao jornal Financial Times, Gross disparou contra governos como o do primeiro-ministro David Cameron, no Reino Unido, que estabeleceram a austeridade como o pilar central da economia.
As críticas na Europa foram reforçadas depois que o relatório do FMI sobre a retomada do crescimento indicou que o grupo dos países desenvolvidos se dividirá em dois, um primeiro com recuperação sólida, liderado pelos Estados Unidos, e outro pela Europa, retardada.

aqui

* trilhões corresponde no sistema europeu a biliões


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cada tesourinho que se encontra...

ver portaria nº517/2008 Diário da República - 1ªsérie - nº517

Esta portaria é relativa a instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos. 

Faz-me bastante comichão ler tanta burocracia: normas e regulamentos sem o mínimo de compreensão racional, aliás o poder legislativo devia reger-se por uma regra de ouro: não legislar sem "justa causa". Ou seja, cada norma e cada artigo deviam ter justificação para a sua existência, justificação essa que devia explicar porque é que o mundo não conseguiria sobreviver sem essa norma... Se o parlamento se regesse por regras como estas, tínhamos metade da legislação atual. 

Agora atentem no artigo nº9 desta portaria:
«1 — Os estabelecimentos de alojamento local podem afixar, no exterior, junto ao acesso principal, uma placa identificativa, a qual deve ser fornecida pela câmara municipal, e deve ser conforme ao modelo previsto no anexo II da presente portaria, que dela faz parte integrante.
2 — A placa identificativa dos estabelecimentos de alojamento local é de material acrílico cristal transparente, extrudido e polido, com 10 mm de espessura, devendo observar as seguintes características:
a) Dimensão de 20 mm × 20 mm;
b) Tipo de letra Arial 200, de cor azul escura (pantone 280);
c) Aplicação com a distância de 50 mm da parede, através de parafusos de aço inox em cada canto, com 8 mm de diâmetro e 60 mm de comprimento.»

Antes de mais, havia razão de condicionar as regulações turísticas a tanto pormenor. Será que o mundo não conseguia mesmo sobreviver se as placas não fossem de material acrílico cristal transparente? E se o tipo de letra não fosse Arial, morria alguém? 

Agora atentem num pormenor ainda mais GRAVE: dimensão da placa 20 mm x 20 mm, ou seja 2 cm x 2 cm, o que perfaz 4 cm^2 e tipo de letra Arial 200. Só queria que me explicassem como uma letra tamanho 200 cabe numa placa 2 cm x 2 cm!! Como é que alguém com 2 olhos na cara me faz isto? 

É oficial: temos deputados a dormir! Sim, prefiro pensar que estejam a dormir a pensar que sejam incompetentes...

Toilet Paper

Vem hoje a edição online do Expresso revelar um artigo do International Herald Tribune, em que os jornalistas do mesmo referem o tipo de consequências nefastas que a austeridade impõe.

Apenas li os 2 parágrafos que o Expresso disponibilizou, e em nenhum sítio o IHT nos deu a saber como pode o governo eliminar 10, 15 ou 20 mil milhões de défice sem ser com recurso à austeridade e sem comprometer a Educação e o sistema da segurança social.

Soluções baseadas em juízos de facto não li, mas opiniões baseadas em juízos de valor abundam.

Esta argumentação falaciosa que apenas critica o que outros fazem e nem sequer sobe o véu do que poderia ser feito em alternativa é apanágio de muita gente no mundo jornalístico, mas a fonte parece-me que vem dos políticos, sobretudo os que gravitam na oposição ao governo.

O mundo virtual em que vivem, e de como desesperam para que ele se perpetue, lança no discurso desta gente as ideias mais irrealizáveis e fora do mundo em que vivemos. Querem este mundo, o outro, e mesmo assim não chega.
Querem isto, querem aquilo e não querem abdicar de nada. Cortarem no que quer que seja, pelas consequências nefastas que tem, é um sacrilégio, uma ilegalidade, um desastre social.

E para a população portuguesa, sobretudo os otimistas que acreditam em milagres, paleio estragado como este do IHT é pimenta no rabinho dos defensores da austeridade. Agarram-se a isto, não conseguem vislumbrar mais nada, e qualquer assomo de realidade que possam ter aqui ou acolá é para esquecer rapidamente.

Com políticos a mentir, jornalistas a caucionar e uma população tendencialmente ignorante e com vontade de assim se manter acerca das contas do Estado e da economia, o caminho da austeridade parece ser cada vez mais difícil de trilhar.

Tiago Mestre

25 de Abril, sempre?


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Crescimento económico



É tudo natural! 
E tive que me conter contra muitos excessos para manter esta forma...


Andam os socialistas muito preocupados com o crescimento económico e a acreditarem que é preciso estimular a economia para atingir bons resultados económicos.

Será que é bem assim? 

Antes demais é importante salientar que o processo económico está sempre associado à imprevisibilidade, pois os resultados finais antes de tudo dependem das opções das pessoas e não das opções económicas. 

Qualquer opção económica que não tenha em conta a sensibilidade do mercado está condenada ao fracasso.

A economia é o resultado das opções de várias pessoas e assim temos que entender que a economia é um processo orgânico.

Qualquer tentativa de estímulo é assim um processo anti-natural e quanto mais exagerado e demorado for esse estímulo no final o resultado será o surgimento de uma bolha que irá infligir danos e perdas significativas à sociedade.  

O excesso do crédito, o excesso de obras públicas, o excesso de despesismo e consumo, o excesso de endividamento, o excesso de défices, o excesso de impostos, o excesso de inflação são tentativas de estímulos anti-naturais que levam ao aparecimento de bolhas e ao descontrolo económico.

Outra crença socialista é pensar que é possível um crescimento económico sustentável e perpétuo. É simplesmente outro erro absurdo. 

Como a economia é um processo orgânico e seguindo as leis mais simples da natureza existe sempre um tempo próprio para as coisas acontecerem. Tal como no ciclo da vida, na economia também podemos esperar por um tempo de avanço e por um tempo de recuo. E quanto menos excessos se cometerem mais rápida será a capacidade de regeneração.


Ranking dos países onde as empresas menos pagam em impostos sobre seus lucro

Portugal encontra-se na 90ª posição.

 Fonte: Fórum Econômico Mundial.



terça-feira, 23 de abril de 2013

Síntese Orçamental Março 2013

Caros leitores e leitoras, acerca da síntese orçamental de Março, eis o gato:


Em 3 meses apenas, a despesa em 2013 já é superior em mais de mil milhões face a 2012.

Austeridade my ass

Tiago Mestre

O Estado (in)Social Europeu - o caso da Dinamarca


Com benefícios sociais generosos, Dinamarca sofre com "preguiçosos"

País reconsidera auxílio a desempregados, estudantes e idosos para lidar com a crise



NYT
Robert Nielsen vive de benefícios desde 2001: não quer "trabalhos degradantes" e comprou até apartamento.



Tudo começou como um experimento para provar que dificuldades e pobreza ainda faziam parte da Dinamarca, aquele país rico e distante, mas o experimento deu errado. Visite uma mãe solteira de dois filhos vivendo sob os cuidados da seguridade social, propôs um membro liberal do Parlamento a um adversário político cético, e veja por si mesmo o quão difícil é viver assim.
Eles descobriram que a vida sob o bem-estar não era tão difícil assim. A mãe solteira de 36 anos de idade, que recebeu o pseudônimo de "Carina" na mídia, tinha mais dinheiro para gastar do que muitos dos trabalhadores período integral do país. Ao todo, ela recebia cerca de US$ 2.700 mensais (cerca de R$ 5,5 mil), e estava no bem-estar social desde que tinha 16 anos de idade.
Nos últimos meses, os dinamarqueses não prestaram mais tanta atenção ao caso, e acreditam que apesar de tudo a situação de Carina é lamentável. Mas mesmo antes de sua história chegar às manchetes, há um ano e meio, eles estavam profundamente envolvidos em um debate sobre se o estado do bem-estar social do país, talvez o mais generoso da Europa, havia se tornado generoso demais, o que prejudica a ética de trabalho do país. Carina ajudou a desequilibrar essa balança.
Com pouco barulho ou protesto político – ou aviso no exterior – a Dinamarca resolveu rever os direitos, tentando pedir para que os dinamarqueses trabalhassem mais ou durante mais tempo ou ambos. Enquanto grande parte do sul da Europa foi atinginda por greves e protestos à medida que seus credores forçam medidas de austeridade, a Dinamarca ainda tem classificação de risco AAA.
Mas as perspectivas de longo prazo para o país são preocupantes. A população está envelhecendo e, em muitas regiões, as pessoas sem emprego agora superam o número de empregadas.
Algumas dessas pessoas são resultado de uma economia deprimida, mas muitos especialistas disseram que um problema mais básico é que uma grande proporção de dinamarqueses não estão participando da força de trabalho – sejam eles estudantes universitários, jovens pensionistas ou beneficiários do bem-estar social como Carina, que depende do apoio do governo por simples comodismo.
"Antes da crise, havia uma sensação de que sempre teríamos cada vez mais e mais riquezas", disse Bjarke Moller, o editor-chefe de publicações para Mandag Morgen, um grupo de pesquisa em Copenhague. "Isso não é mais verdade. Hoje, há uma série de pressões sobre nós. Precisamos ser uma sociedade ágil para sobreviver.”
Uma trabalhadora dinamarquesa conta que a irmã vivia de benefícios, ganhava mais e perguntava: "Para que trabalhar?"
O modelo dinamarquês de governo é praticamente uma religião no país, e produziu uma população que reivindica regularmente estar entre a mais feliz do mundo. Até mesmo políticos conservadores do país não estão sugerindo livrar-se dele.
A Dinamarca tem um dos mais altos impostos sobre a renda do mundo, com a alíquota mais alta, de 56,5%, atingindo quem ganha acima de US$ 80 mil (cerca de R$ 160 mil) por ano. Em troca, os dinamarqueses recebem uma rede de segurança "do berço ao túmulo", que inclui sistema gratuito de saúde e educação (inclusive universitária), além de indenizações robustas mesmo para os mais ricos. 
Pais de qualquer faixa salarial, a propósito, ganham cheques trimestrais do governo para ajudar no cuidado com as crianças. Os idosos ganham empregada grátis caso precisem, mesmo se forem ricos. 
Mas, atualmente, poucos especialistas no país acreditam que a Dinamarca pode pagar pelas regalias que oferece. Por isso, a Dinamarca está planejando reequipar-se e mexer com as taxas de imposto, tendo em vista os novos investimentos do setor público e, a longo prazo, tentando incentivar cada vez mais pessoas – jovens e idosas – para viverem sem os benefícios do governo.
"Antigamente as pessoas nunca pediam ajuda a não ser que precisassem”, disse Karen Haekkerup, ministra dos assuntos sociais e de integração, que foi honesta a respeito do assunto. “Foi oferecida uma pensão para a minha avó e ela se sentiu ofendida. Ela não precisa.”
"Hoje as pessoas não têm essa mentalidade. Elas acham que esses benefícios fazem parte de seus direitos. Os direitos têm se expandido cada vez mais e nos trouxeram uma boa qualidade de vida, mas agora precisamos voltar para os direitos e os deveres. Todos nós temos que contribuir”, afirmou.
Em 2012, pouco mais de 2,6 milões de dinamarqueses entre 15 e 64 anos trabalhavam, 47% da população total e 73% da população nessa faixa etária. Nos EUA, 65% das pessoas em idade de trabalhar estão empregadas, mas as comparações enganam, porque muitos dinamarqueses trabalham poucas horas e todos usufruem de pausas como longas férias e extensas licensas maternidade, para não mencionar o fato de que o salário mínimo é de US$ 20 (R$ 40) a hora. Se o ranking fosse de horas trabalhadas por ano, os dinamarqueses ficariam muito atrás.

Getty Images
Estudantes do país recebem, por seis anos, salário de R$ 1.980 para completar curso – que é gratuito

O governo já reduziu planos de aposentadoria antecipada. Os desempregados costumavam receber benefícios durante até quatro anos. Agora o número foi reduzido para dois.
Estudantes verão os próximos cortes, a maioria em recursos para que ingressem no mercado de trabalho mais rapidamente. Atualmente, eles têm direito a seis anos de salários, cerca de US $ 990 por mês, para completar um curso de cinco anos, que, naturalmente, é gratuito. Muitos demoram ainda mais para terminar, trancando seus estudos para viajar e para fazer estágios antes e durante seus estudos.
Na tentativa de encolher o bem-estar social, o governo está se concentrando em fazer com que pessoas como Carina não existam no futuro. Ele propõe cortes de subsídios de bem-estar para quem tem menos de 30 anos e checagens mais rígidas para ter certeza de que os "ajudados" tentaram empregos ou programas de ensino antes de apelarem para benefícios do governo.
Autoridades também questionam o grande número de pessoas recebendo cheques para deficientes por longos períodos. Cerca de 240 mil pessoas – ou 9 % da força de trabalho em potencial – tem recebido auxílio de deficiência durante toda sua vida, e aproximadamente 33.500 têm menos do que 40 anos. O governo propôs acabar com esse status para os menores de 40 anos, a menos que tenham uma condição física ou mental que seja grave o suficiente e os impeça de trabalhar.
Em vez de oferecer cheques de deficiência, o governo pretende criar uma "equipe de reabilitação", que poderiam incluir aconselhamento, treinamento de habilidades sociais e de educação, bem como um emprego subsidiado pelo Estado, pelo menos no início. A ideia é fazer com que trabalhem, pelo menos meio período ou enquanto estudam.
Carina não foi a única pessoa que demonstrou publicamente ter usufruído do sistema de bem-estar social da Dinamarca. Robert Nielsen, 45, foi manchete em setembro do ano passado ao admitir que estava vivendo com ajuda do estado de bem-estar social desde 2001.
Nielsen disse que não era deficiente, mas não tinha intenção de aceitar um emprego degradante, tais como trabalhar em um restaurante fast-food. Ele se deu muito bem ao entrar para o bem-estar social, disse ele. Conseguiu até comprar um apartamento.
Ao contrário de Carina, que não vai mais dar entrevistas, Nielsen, chamado de "Robert Preguiçoso" pela mídia, parece estar gostando da atenção. Ele disse que é bem recebido na rua o tempo todo. "Felizmente, eu nasci e vivo na Dinamarca, onde o governo está disposto a apoiar meu estilo de vida", disse ele.
Alguns dinamarqueses disseram que a existência de pessoas como Carina e Nielsen não surpreende. Lene Malmberg, que vive em Odsherred e trabalha meio período como secretária, apesar de uma grave lesão cerebral que afetou sua memória de curto prazo, disse que a história de Carina não era novidade para ela.
Em um determinado momento, disse ela, antes do acidente, quando trabalhava em período integral, sua irmã estava recebendo benefícios e ganhava mais dinheiro do que ela. "Eu concordo que de alguma maneira o sistema está errado", disse ela. "Eu queria trabalhar, mas minha irmã dizia: “Para que trabalhar?”

Por Suzanne Daley

Miguel Gonçalves abre o peito e leva logo balas

O Miguel Gonçalves decidiu abrir a boca do jornal I, e a sociedade politizada começou logo a berrar e a insultar o rapaz.

O que ele lá diz parece o óbvio para quem lida diariamente com pessoas num contexto profissional.
Há de tudo, e de tudo mesmo; e até ao fim da minha vida todas as pessoas com que me irei cruzar serão sempre diferentes umas das outras.
Acho que já me cruzei com gente suficiente para poder inferir isto que estou a dizer.

Mas os abutres, aqueles que vivem à custa da sinceridade e ingenuidade dos outros, como o Bloco de Esquerda e outras forças do tipo "Não me toques que me desafinas", arranjaram neste jovem um manancial de enxovalho para agredir o governo e colocar, mais uma vez, a força política que está no poder numa situação complicada, que apesar de nem o ser, os abutres bem tentam passar a mensagem que o é.

O Miguel, na entrevista ao I, expressou a sua opinião sincera sobre aquilo que são os seus anos de experiência profissional. Pode lá ter momentos de miopia, mas também tem de grande lucidez. Tem de tudo, como qualquer ser humano.

Mas o mais relevante é que o rapaz quis dizer aquilo que acha que está a acontecer, sem ter a necessidade de querer agradar ou enfurecer fulano A, B ou C.
Ele e todos nós ainda somos livres de dizer o que achamos estar certo e errado, e não ofendendo ninguém, que foi o caso, só as virgens ofendidas é que ficam nervosas.


Eu próprio discordo da visão dele de que os homens e as mulheres devem estar aptos para trabalhar e "vender" o seu produto. Aliás, nem sequer acredito que tenhamos nascido para trabalhar, quanto mais para saber trabalhar bem e de acordo com as regras da maioria. Trabalhamos para sobreviver, para colmatar as nossas falhas e insuficiências; e para tornar a nossa passagem um pouquinho mais alegre, o que quer que isto signifique.
Agostinho da Silva ensinou-me que o homem nasceu para sonhar, e não para trabalhar. Trabalha-se, se e só se nos realizarmos nessa tarefa, ou seja, sonhando a trabalhar. Tudo o resto é um bocado escravidão auto-infligida


Pedem-lhe uma opinião e ele transmiti-a em função da sua visão da realidade. Ingenuidades destas já não são frequentes na sociedade mediatizada, e quando surgem, aqui d'el rey.

Tiago Mestre

Aproveita o momento Passos...


Kelly Baron
Comigo ninguém vai sentir a austeridade...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A história dos SWAPS

Aparentemente há 2 sacrificados que foram demitidos de funções governamentais.
Exerceram cargos de gestão em empresas públicas na década anterior e recorreram a este tipo de produto financeiro para minimizar eventuais estragos caso a taxa de juro subisse.

Este tipo de operações foi realizado sobretudo ali por volta de 2008, quando as taxas de juro subiam vertiginosamente. O pessoal andava apavorado e tinha receio de que os custos com as suas dívidas e respetivos juros explodisse.

Os contratos SWAPS vinham dar esse conforto, sendo certo que caso a taxa de juro descesse, pelo menos até um nível mínimo, os custos com o financiamento até se agravavam.

No meio desta confusão aparece Outubro de 2008, e num ato de desespero da Reserva Federal, as taxas de juros vêem por aí abaixo. De 6, 7 % descem para 4, 3, 2, 1 até 0,25%. O BCE, com um ano de atraso começou também a baixar até chegarmos aos valores que hoje temos: 0,75% ou 0,%, já não me recordo bem.

Pelo meio tivemos o escândalo LIBOR, em que gestores de bancos concertavam a queda das taxas de juros, não refletindo a tal lógica de mercado que se exigia para o preço do dinheiro.

Tudo isto provocou uma queda dos juros desde 2009, voltando a subir, apenas para Portugal, a partir de meados de 2010. Só a meio de 2012 é que as taxas de juro voltaram a cair para valores em que os SWAPS são altamente prejudiciais, e parace-me que foi a partir daqui que as coisas começaram a correr mal.

Pergunta:
Considera-se como prática de boa gestão a contratualização de SWAPS?

Resposta:
Na minha opinião é um veículo financeiro como outro qualquer, com prós e contras. Se o gestor acredita, com a informação que tem na altura, que vale a pena correr o risco, então não vejo grandes problemas. Seria de esperar que fizesse também umas continhas e simulasse o que lhe calharia na rifa caso as taxas de juros viessem para valores tão baixos como realmente veio a acontecer. Talvez aí abrisse os olhos, mas a contratualização dos SWAPS é uma reação de MEDO perante a subida dos juros. Ninguém se vai lembrar de quão prejudicial é este produto caso os juros baixem muito.

Tudo isto para dizer que o problema destes gestores e destas empresas não são os SWAPS, mas sim a dívida acumulada. Os SWAPS são um mecanismo para tentar travar a subida da dívida e do juro ainda mais depressa do que aquilo que elas já sobem.

E porque é que sobem?
Porque estas empresas dão prejuízo ano após ano.
Comem o capital próprio
O Estado / Acionista não repõe esse capital
E só resta aos gestores emitirem dívida para financiar défices correntes
Quando a dívida acumulada se torna monstruosa, também os SWAPS serão monstruosos, já que são contratos que incidem sobre dívida já emitida ou a emitir

E estará alguém preocupado em reduzir os défices e posteriormente as dívidas destas empresas?
Tanto quanto julgo saber,  Não.

Os prejuízos em 2012 das empresas mais sufocadas com dívida (Metro Lisboa, Metro Porto e CP) estarão em linha com 2011, senão pior.

Todas estas empresas há muito que aniquilaram o seu capital próprio. Os seus balanços revelam que as instituições são insolvente há muitos anos.
E são insolventes porquê?
Não é porque dão prejuízo, mas sim porque o prejuízo que dão não é compensado com aumentos de capital/suprimentos do acionista (Estado).

Os gestores, como estes que acabaram de ser demitidos, são uns fantoches que andam de mão estendida, ora a pedir dinheiro ao Estado, ora a pedir mais financiamento aos bancos, e pelo meio recebem a visita de um administrador do BES ou do BCP a propor-lhes um produto espetacular que anula minimiza custos adicionais caso as taxas de juros subam: os SWAPS..

Outro produto que é legal e que também mete alguma confusão são os créditos Bullet. Já ouviram falar?
Basicamente, o Bullet obriga apenas a pagar o capital durante o período de amortização, sendo os juros pagos de uma só vez na última tranche da amortização.
Escusado será dizer que esta última tranche era já financiada com um novo Bullet ou produto semelhante, e por aí sucessivamente. Aldrabices financeiras é o que não falta por aí.

Para concluir:
Este escândalo das demissões por causa dos SWAPS é tão só um leve sintoma do que está para trás, que são os prejuízos acumulados sucessivamente, a não assunção de responsabilidades por parte do acionista e o recurso massivo ao crédito para sustentar operações do dia-a-dia.

Se estas empresas tivessem lucro e não se financiassem à bruta na banca, os eventuais custos dos SWAPS contratualizados seriam residuais e os Bullets nem sequer seriam precisos. Mas como a dívida é gigantesca, basta ao SWAP bater as asas para que apareça uma tempestade nos Balanços..

Tiago Mestre

Escrita em dia

Blogue: Portugal Contemporâneo

O Zé não é empreendedor


Um dos argumentos comuns para justificar a estagnação económica do país nos últimos 10 anos é a de falta de sentido empreendedor. Os empresários, diz-se, são mal-preparados e fazem os possíveis para fugir aos impostos. Por outro lado, fala-se numa falta de sentido empreendedor da “geração mais bem preparada de sempre”.
Para percebermos um pouco o motivo desta falta de sentido empreendedor, imaginemos o caso do Zé, um jovem engenheiro informático saído da universidade. O Zé desenvolveu um hardware especial adaptado a empresas que fazem apps. Acabado o curso, decidiu começar a comercializar o produto. O negócio começa bem e o Zé já encontrou um cliente disposto a pagar a pagar 3000 euros por mês para comprar uma unidade desse hardware. Nada mau para uma start-up, pensa ele. Precisando de ajuda, ele fala com um dos seus colegas de curso que se dispõe a fazê-lo desde que receba 1000€ líquidos por mês (12 mil € por ano). O Zé tem, portanto, um modelo de negócio que não só irá criar 36000€ de valor acrescentado (PIB) anualmente, como gerará um emprego. Se a coisa correr bem, dentro de alguns anos, a empresa poderá criar muito mais valor e empregar muito mais pessoal qualificado. Criação de riqueza e emprego, precisamente o que a economia portuguesa mais precisa.
O Zé começa então a fazer as contas. O cliente da Zé, Lda avalia o produto em 3000€, mas a empresa apenas receberá 2400€, já que 600€ irão para pagar o IVA. O Zé descobre também que, para que o seu colega de curso receba 12 mil euros por ano, a Zé Lda terá que gastar nada menos do que 20.076€ (1673€ por mês) para cobrir a retenção de IRS, a TSU do empregado e a TSU do empregador.
Eliminados estes custos, o lucro começa a parecer bastante diminuto, mas o Zé ainda é obrigado a pagar IRC sobre esses lucros. Finalmente o Zé, para gozar dos lucros da empresa que montou, ainda tem que pagar IRS sobre os dividendos.
dividendoZe
Feitas as contas, o Zé receberá cerca de 401€, menos do que um salário mínimo. Dos 3000 mil euros de valor acrescentado, o estado absorverá 1599€. Isto sem contar com impostos de selo, taxas diversas e as multas da ASAE por a sua garagem não ter condições para empregar o amigo.
divisao
O Zé precisaria de aumentar a escala da empresa para 3 empregados e 3 produtos vendidos por mês para poder receber 1200€. Mas isso seria demasiado ambicioso para uma start-up. Dizem ao Zé que há empresas grandes que pagam bastante menos impostos recorrendo a truques contabilísticos, mas o Zé não tem grandes condições para contratar contabilistas.
O Zé desiste da ideia e vai trabalhar para um Call Center. Dez anos mais tarde ouve falar da história de um milionário Irlandês que desenvolveu um produto muito semelhante ao do Zé e agora o vende para todo o Mundo. No Prós e Contras dessa semana discute-se a falta de sentido empreendedor dos jovens licenciados.