terça-feira, 7 de março de 2017

A Universidade Corporativa - complemento à Universidade Tradicional.

As universidades tradicionais têm uma enorme importância social na medida em que dão à população a oportunidade de procurar a continuidade e o aperfeiçoamento da sua formação. No entanto a complexidade da realidade e a inexperiência no novo status originou dúvidas que, com o passar dos tempos e a institucionalização da sociedade empresarial, se foram tornando cada vez maiores sobre a eficácia das universidades tradicionais no desenvolvimento de competências e habilidades dos seus alunos.

Pode verificar-se que os objectivos das universidades tradicionais têm um alvo muito abrangente.
As universidades tradicionais desempenham, ainda hoje, um importante papel no processo de aprendizagem, na formação inicial do indivíduo, construindo alicerces de conhecimentos teóricos, sociais e metodológicos, os quais constituirão a base para o desenvolvimento das competências necessárias para o mundo do trabalho e para formação de um indivíduo integral. 
As universidades tradicionais tinham como objectivo: 

- desenvolver competências essenciais para o mundo do trabalho; dar prioridade a uma sólida formação conceptual e universal; ter um sistema educacional formal; ensinar crenças e valores universais; desenvolver a cultura académica; formar homens competentes que garantissem o sucesso das instituições e da comunidade.

Menos abrangente é o papel das universidades corporativas, aparecidas na década de 50 do século passado.

O que são as universidades corporativas?

Poderemos defini-las como "dependências internas de educação e treino que apareceram nas empresas devido, por um lado à frustração com a qualidade e o conteúdo da educação pós-secundária e, por outro pela necessidade de uma aprendizagem permanente" - 'Ângela Marquez'

A finalidade das universidades corporativas é: 

- desenvolver competências essenciais para o sucesso do negócio; uma aprendizagem baseada na prática dos negócios; introduzir um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências; ensinar crenças e valores da empresa e do ambiente de negócios; desenvolver a cultura empresarial; formar cidadãos competentes para garantir o sucesso das empresas e dos clientes.

O aumento dos jovens matriculados no ensino básico, a redução do abandono escolar e a importância da formação académica fez aumentar nos últimos anos o número de universidades e faculdades oferecendo cursos de graduação e pós-graduação.. 

A necessidade de aprendizagem contínua, associada à dificuldade de atender simultaneamente muitos profissionais, localizados em diversas áreas geográficas, determinou que as organizações procurassem alternativas, que não incluem somente os métodos e as instituições
tradicionais de ensino.

Os tradicionalistas não toleram a intromissão do Estado na vida das sociedades e dos corpos intermédios. Entre estes está a Universidade, onde o liberalismo encontrou um terreno favorável e fez dela um instrumento de doutrinação ideológica.

Na sua essência e pela sua própria natureza, a Universidade era livre e funcionava em regime de auto-gestão o que representava o mesmo que faziam os diversos corpos que formavam a sociedade tradicional, a autarquia e as liberdades concretas sem mediatizações políticas nem económicas, como as que hoje encontramos.
As liberdades tradicionais eram liberdades objectivas, tinham não só carácter territorial, mas também possuíam uma grande dimensão social e corporativa. 

Pensamos pois que é com base nos princípios de independência e liberdade em relação ao poder instalado a cada momento e na complementaridade entre a Universidade Tradicional e a chamada Universidade Corporativa que deve caminhar a Universidade, no sentido de formar homens capazes de satisfazerem as necessidades das instituições, da comunidade e das empresas.

Guilherme Koehler

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