Alô comando. Ah escuta. Já tá tudo ardido. Ah escuta. O fogo está controlado.
"Ainda sou do tempo em que os bombeiros combatiam os incêndios com água das mangueiras, ao lado do povo que o fazia com ramos verdes e a balde.
Depois veio o tempo dos grandes incêndios, para justificarem os milhões em aviões, kamoves, Sirespes, Altas Autoridades, Presidentes das Protecções, Comandantes Operacionais, galões, boinas e fardas justas, corrupção, licenciaturas por equivalências, Teatros de Operações e o raio que os parta. Os bombeiros vão de comboio, e passaram a ser chamados de "Operacionais"...deixaram de apagar fogos e passaram ao combate feroz só junto das povoações. A tropa largou a G-3, deixou de combater e passou a vigiar o rescaldo.
Agora chegou a época do "deixa arder que eu sou bombeiro". Mobilizam-se milhares de "operacionais" dezenas de meios aéreos que lançam borrifos que evaporam até chegarem ao solo, máquinas de arrasto que não saiem de cima dos camiões, as Altas Autoridades assumem o Comando dos operacionais e...fica tudo a aguardar, enquanto a GNR algema a população, para que não haja vitimas, dizem. Organizam-se brilhantes conferências de imprensa, enviam-se SMSes ao incendiários a dizer que estão as condições ideiais para atear fogos e quando não há mais nada para arder, anuncia-se com pompa e orgulho que " finalmente o fogo está controlado".
Em seguida, eminentes figuras politicas visitam as desgraçadas populações, que perderam o trabalho de uma vida, que em muitos casos podiam ter salvo, ouvem o que não querem e defendem-se daquela humilde gente com...a Constituição da República Portuguesa."
AF
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