domingo, 13 de janeiro de 2013

Ensaio sobre a dívida portuguesa

Atentemos ao que se passava em 1996:
PIB: (em euros)                                          96 mil milhões
Dívida do Estado:                                       54 mil milhões   (58% do PIB)
Dívida Total:                                               113 mil milhões (118% do PIB)
(Não encontrei dados do privado, mas pressuponho que ronda os 60% do PIB)

E em 2012:
PIB:                                                           166 mil milhões
Dívida do Estado:                                       203 mil milhões (120% do PIB)
Dívida Total, incluindo privado e público:    735 mil milhões (442% do PIB)

Em 16 anos, o PIB cresceu quase o dobro, de 96 para 166.
Mas a dívida cresceu de cento e tal para 735, aproximadamente sete vezes mais.

Já alguma vez se questionaram porque é que o PIB cresceu 2 vezes enquanto a dívida cresceu 7 vezes?

Havendo tanto economista na nossa praça a dizer que o acesso ao crédito É FUNDAMENTAL para o crescimento da economia, como é possível não ter em consideração este rácio de 2 para 7?

Na minha opinião, e baseado de certa forma na minha experiência profissional, vou tentar deixar algumas pistas que nos podem ajudar a tentar perceber porque é que a dívida não é assim tão importante para o crescimento do PIB:

1. Uma parte (que não sei qual) dos empréstimos concedidos são para aquisição de bens que não foram produzidos em Portugal, ou seja, como tivemos que importar, esses valores descontam no PIB. O que possamos ganhar na parcela do Consumo Interno perdemos quase tudo na parcela das importações.

2. Uma parte (que não sei qual) dos empréstimos concedidos são para gestão da tesouraria das empresas. Tendo os prazos de pagamento sido alargados de 30 para 60 dias, depois de 60 para 90, e alguns de 90 para 180, evidenciando um desrespeito geral entre clientes e fornecedores, tais atrasos exigem às empresas fornecedoras o recurso ao crédito para compensar o défice na tesouraria.

3. Com o acesso fácil ao crédito, muitos foram os investimentos que mais cedo ou mais tarde se revelaram ruinosos. A "indústria" imobiliária é talvez o caso mais paradigmático por ter deixado uma ferida tão aberta, mas o setor público é para mim aquele que de forma silenciosa mais danos fez à nossa sociedade. Desde o 25 de Abril que o Estado gera défices, que em anos de grande crescimento económico até se eclipsam, mas em anos de fraco ou nenhum crescimento exigem o recurso a grandes quantidades de nova dívida. Toda a emissão de dívida a curto, médio e longo prazo que serve para pagar contas correntes deficitárias por insuficiência de receitas captadas é um mecanismo que pouco ou nada ajuda no crescimento sustentável do PIB. Pode servir para manter postos de trabalho, reformas, subsídios, comprar a fornecedores e portanto até ajuda na Procura Interna do PIB daquele ano, mas fá-lo roubando riqueza ao futuro, já que a dívida terá que se pagar com energia que iremos (supostamente) gerar no futuro.

4. À medida que o stock da dívida vai crescendo no público e privado, e o PIB vai ficando cada vez mais para trás, os juros que é preciso pagar começam a pesar cada vez mais no próprio PIB.
Se o juro médio for de 4% ao ano para os 735 mil milhões que todos devemos a alguém, significa que temos que libertar anualmente 29 mil milhões de euros. Tal representa 17,7% do nosso PIB.
Esta é a consequência mais nefasta da grande acumulação de dívida, já que não havendo libertação de energia no PIB suficiente para pagar esta barbaridade de dinheiro, temos que nos endividar ainda mais para ir pagando estes juros, criando uma espiral que se auto-perpétua até a coisa rebentar pelo lado do devedor (bancarrota completa) ou pelo lado do credor (falência)

5. Na minha opinião, só uma pequena parte dos empréstimos concedidos (que não sei qual) é que serviu para exportarmos mais, tornarmo-nos mais produtivos, atraindo mais capital e assim fazer crescer vigorosamente o PIB.

6. Se se lembrarem de mais alguma razão não hesitem em comentar

De certa maneira, o tipo de comportamentos que os portugueses adoptaram com a chegada de tanto crédito não terá sido tão diferente como com a chegada dos milhões dos fundos comunitários. No fundo é tudo dinheiro que não nos custou a ganhar, e portanto é muito provável  que o canalizemos mais para o que nos dá na real gana do que para investimentos que exigem trabalho e suor no futuro próximo.

Se o dinheiro gasto viesse antes da nossa poupança e não oferecido por alguém, provavelmente gastá-lo-íamos também naquilo que mais nos apetecesse, mas as consequências do erro seriam tão mais evidentes e catastróficas que para muita gente tal anúncio de calamidade serviria de travão para não se abusar mais nas asneiras.

Mas com dinheiro que não nos saiu do pêlo, as asneiras podem ser sempre compensadas com mais endividamento, sempre com a esperança de que as coisas se irão resolver algures num futuro próximo ou distante. Adia-se a correção, a dor e as decisões difíceis.
É preciso é manter a confiança dos credores para que continuem a emprestar sem olharem aos fundamentos e aos princípios básicos da nossa economia.

Tiago Mestre

28 comentários:

Pedro Miguel disse...

Boa Tiago,

um dos principais motivos pelo qual o crédito não ter feito crescer a economia é ele ter sido concedido ao Estado.

O Estado é irracional quando gasta e por norma quando há muito gasta cada vez mais em coisas improdutivas.

Se esse mesmo crédito tivesse existido, mas para as empresas, elas iriam esgotar naturalmente o mercado nacional e depois tinham que se virar para a substituição de importações e para a exportação.
Os saldos externos positivos vindos daí, iam gerar um enorme aumento do PIB, mas também, um enorme aumento da poupança.
Se temos mais entradas de dinheiro do que transferências para o exterior, passa a haver dinheiro dentro do país para ser usado.
Como temos vivido com um Estado pesado, com défice orçamental e como as contas externas apresentam todas défice, quando pedimos emprestado estamos a hipotecar o próprio rendimento do país.
Seria substancialmente diferente se essa dívida fosse garantida internamente.

Unknown disse...

Ia acrescentar exatamente o que o Pedro Miguel acrescentou.

Para os keynesianos, o endividamento público enriquece o país, porque põe mais dinheiro a correr pela economia, mas esquecem-se do outro lado. Se o Estado não o gastasse, esse dinheiro ficaria disponível para as PME's que são quem exporta e cria riqueza.

Excelente artigo, Tiago.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago Mestre disse...

Meus caros, tanto em 1996 como em 2012, o contributo do privado no PIB deve andar à volta dos 75%, já que só uma parte da despesa pública é que conta para o PIB.
Se o PIB em 1996 era de 96 mil milhões, o contributo das empresas e famílias rondaria os 70 mil milhões.
Acredito que o endividamento destes não excedesse os 60% do PIB como escrevi no post.
Ou seja, o endividamento destes andava pelos 60 mil milhões para uma geração de riqueza de 70 mil milhões aprox..

Em 2012 o contributo dos privados no PIB deve continuar pelos 75%, ou seja, contribuem com 125 mil milhões para a economia. Mas o seu endividamento, famílias e empresas, representa hoje aproximadamente 550 mil milhões, se contarmos com as empresas públicas que são SA e que não entram no perímetro público..

Premissa:
Passámos de um endividamento privado que rondava os 70 mil milhões em 1996 mas que chegou em 2012 aos 550 mil milhões. Se usarmos o rácio dívida em função do PIB, cada empresa e família devem, em média, 5 mais do que faturam anualmente. Esta afirmação é obviamente grosseira, mas julgo que dá para entender quão endividados estamos até aos cabelos

Perguntas:

1. É preciso mais crédito para as empresas e famílias? E quanto? Chegar aos 800 mil milhões? 1 BILIÃO? Há limite?

2. A trajetória do endividamento desde 1996 até hoje no PRIVADO não será mais do que suficiente para perceber que afinal o PIB não foi influenciado como todos nós gostaríamos que fosse?
Se ainda trabalhássemos na paridade, 1€ de dívida nova para 1€ do PIB, enfim, já não era nada mau, mas estamos tão longe disso...

Anónimo disse...

concordo e penso que devia entrar com a corrupção ,pois este elemento , comtribui com uma percentagem altíssima para a nossa realidade.Quando se realizam investimentos inúteis para se receberem as percentagens é quase com queimar dinheiro na fogueira e depois a culpa é da merkel.

Pedro Miguel disse...

Tiago, penso que não tinha percebido bem o teu ponto, mas tens razão quando analisado assim, embora precise fazer bastantes ressalvas.

Mantenho o meu comentário também no geral, tendo em atenção algumas coisas.
Termos que ir buscar o financiamento ao mercado externo, por termos défices externos é muito gravoso para a economia.
Mantenho que é o privado que cria riqueza e o Estado "roubou" financiamento à economia.

Mas...


Também o privado roubou financiamento ao privado...
Em 1996, certamente, a maioria de nós se lembra, tínhamos bastante menos cafés, restaurantes e afins. Negócios que apareceram feito cogumelos, sustentados numa riqueza que afinal não existia e consumindo dívida para o consumo e para o investimento.
Será aí que está muito do excesso de dívida do sector empresarial? Eu diria que sim.
Ao longo destes últimos anos conheço dezenas de casos de "cafés e afins" que encerraram, mas também conheço vários casos de compras de cafés, com futura revenda. O que acontece nessa compra e revenda é que foi feito crédito para comprar, foi dinheiro perdido, vendeu-se o negócio com prejuízo para alguém que pediu crédito e ainda se levou crédito para o futuro.

São apenas alguns casos, mas acredito mesmo que assim se queimou muita dívida, porque era fácil de obter e havia a ilusão de riqueza.

Vivendi disse...

Brilhante desmontagem Tiago. Os Keynesianos podem marcar o seu enterro.

Unknown disse...

Tiago, penso que não percebeste exatamente o meu ponto...

Concordo contigo na globalidade e principalmente num dos pontos, o segundo em que referes que parte do endividamento é usado para cobrir défices da tesouraria devido ao atraso de pagamentos por parte dos clientes. Um desses clientes, que não cumpre os pagamentos a tempo e horas, é o Estado.

Mas se o endividamento foi mal usado pelo privado, ainda pior o foi pelo Estado. Se bem que no privado temos de distinguir os casos. Há sempre o caso de empresas, nomeadamente algumas exportadoras, que se endividaram para aumentar a sua capacidade e para se internacionalizarem.

Mas, o que temos é de aprender a viver com menos para produzir e POUPAR mais, para obter SUPERAVITS.

Vivendi disse...

E os bancos? Quem provocou a euforia do lado público e do privado? Os bancos tem é de ser domesticados.

Bernardo Botelho Moniz disse...

Os bancos têm é de aprender a lidar com dinheiro real e deixarem de pedinchar por dinheiro artificial para salvar as asneiras que fizeram ao longo de anos e anos. E basta de resgates!!

Tiago Mestre disse...

Estamos de acordo.
Endividamento SIM, mas controlado, com poucos estímulos por parte dos bancos, e sobretudo, como diz o Pedro, para investimentos reprodutivos e não para cafés. Se por cada € de dívida viesse pelo menos 1 € de PIB, já ficaria muito, mas muito satisfeito.
Hoje éramos um país completamente diferente

Assisti e assisto também a muitos encerramentos/reaberturas de cafés e restaurantes, sobretudo nas periferias de Porto e Lisboa, onde a classe baixa/média foi fortemente afetada.

David Seraos disse...

Tiago grande post e muito bom nos comentários a complementar ainda o post! Muito bom mesmo.

"Os bancos têm é de aprender a lidar com dinheiro real". Bernardo, é mesmo possivel os bancos aprenderem isso? Eu gostava muito mas não sei se eles conseguem aprender algo tão dificil para eles mesmo.

Concordo com o Pedro, muito dinheiro foi gasto em cafés e restaurante só porque "ahh e tal gostava de ter um café ou restaurante", é um negócio simples podemos assim dizer, e ainda por cima era quando havia dinheiro pra "investir", mas devia ter sido em coisas produtivas.

Unknown disse...

Tiago Mestre,

A dívida total portuguesa não é de 735 mil milhões é creio que cerca de metade disso. Setecentos ou oitocentos milhões é a irlandesa, de um país com metade da população portuguesa.

Quanto à frase: “o tipo de comportamentos que os portugueses adoptaram com a chegada de tanto crédito não terá sido tão diferente como com a chegada dos milhões dos fundos comunitários. “, há várias coisas a dizer.

Primeiro, nunca nos chegaram milhões com os fundos comunitários, Portugal paga, directamente, por dia uns 5 milhões de Euros a Bruxelas. E além deste valor paga ainda mais com outras coisas que passam desapercebidas como, por exemplo, o termos de pagar os bens agro-alimentares aos preços da PAQ, os mais altos do Mundo.

Bruxelas devolve-nos esse dinheiro para projectos que aprova e que nos obriga a pagar parte. A única forma de Portugal ir buscar o dinheiro que já enviou é ou endividar-se ou meter-se no inferno das PPP’s, que até são acarinhadas por Bruxelas.

Quanto ao endividamento privado o Estado português não tem meios de o controlar, esses meios estão na mão do BCE (e também da Comissão).

Vivendi disse...

Os dados apresentados pelo Tiago estão corretos.

Mas é verdade que Portugal foi ajudado no enterro pela UE.

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=61465

http://visao.sapo.pt/divida-total-de-portugal-ascende-a-4321-do-pib=f692335

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=24&did=82188

Helder disse...

Não tenho por habito comentar os comentarios dos comentadores, mas depois de ler o comentario d' O Raio tenho de comentar o seguinte:
- A dívida total Portuguesa, infelizmente, não anda muito longe dos 600 mil milhões.
- A Irlanda embora tenha metade da nossa população tem um PIB superior ao nosso.
- Realmente não nos chegaram milhões da UE. Chegaram centenas de milhões da UE, aplicados em rotundas, jardins, piscinas e pavilhões gimnodesportivos, autoestradas sem carros e afins.
Não comento o resto das afirmações do comentário porque revelam desconhecimento dos assuntos.

doorstep disse...

Tiago Mestre,

Excelente análise!

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

A falta manifesta de correlação entre a evolução do PIB e da divida evoca-me um fenómeno ainda mais estranho: a falta de correlação entre a evolução das receitas fiscais e a evolução da divida.

As partes dos empréstimos concedidos para aquisição de bens importados e para investimentos no sector imobiliário geraram, entre outras, abundantissimas receitas de IVA. Onde é que se sumiram? Qual pode ser a razão para esta anomalia?

doorstep disse...

Pedro Miguel, Botelho Moniz,

A fatia mais gorda da divida é privada. Porque será que o crédito não fez "crescer a economia"?

Bernardo Botelho Moniz disse...

Penso que essa é uma análise demasiado superficial...

De facto a dívida privada é maior do que a do Estado. Mas quem tem mais capacidade de liquidar a dívida? Os privados (claro, que como disse o Tiago temos de distinguir as 'boas' das 'más' empresas).

E onde está a maior eficácia na aplicação desse dinheiro? No privado, em que alguns empresas o alocaram no aumento da sua capacidade de produção de bens e serviços ou no Estado que construiu AEs para lado nenhum, aeroporto de Beja, barragens, parques eólicos que como se vê são um dos cancros desta economia já debilitada? Penso que nas empresas. É lá que está qualquer possibilidade de sair deste buraco.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada" - Ayn Rand

doorstep disse...

Pertinente, muito pertinente, esta citação de Ayn Rand! Obrigado Anónimo!

Além da divida privada ser muitissimo superior à publica, deve ter-se em conta que uma parte importantissima da divioda publica foi consumida, bem e mal (sobretudo mal) no sector privado.

Não foi o estado quem construiu autoestradas, aeroportos, heliportos, rotundas, pavilhões gimno-musico-desportivos, piscinas de água salgada à beira-mar, praias fluviais e quejandas inutilidades: foram os privados, e entre esses, principalmente, os "amigos do estado". Também há que juntar as centenas de milhar de operações mafiosas cde "formação profissional", essas também cobradas a peso de ouro... por privados - por exemplo para "formar" especialistas em anti-terrorismo para aérodromos de terra batida.

Ou seja, à divida privada há que juntar a publica que aterrou - como por vezes nos tais aérodromos - de barriga.

E eu continuo sem perceber por que diabo, sendo o sector privado o mais eficaz na aplicação do "dinheiro" da divida (passe o pleonasmo), esta cena deu no que deu... e no que ainda pode vir a dar se corruptores e corruptos não forem açaimados, e as paciências se esgotarem...

David Seraos disse...

Quando fico bebado a culpa é do barmam que me deu bebida. Eu não tenho culpa, ele é que me dava sempre bebida quando eu pedia!!

Parece que é isto que dizem que a divida publica é culpa dos privados, a culpa é do privado que não souberam dizer basta quando o governo dava sempre mais, esses malvados do privado.

Dizem que por as culpas em algo externo a nós, é tipico da nossa cultura, mas é mau, pois só nos arranja desculpa para não vermos o óbvio.

1º A dívida privada é maior que a pública, confere. Mas não vou ser eu, nem nenhum de nós que está aqui a comentar que a irá pagar, pois nesse campo cada um paga as suas! Sim para a economia não é o melhor que podia acontecer, pois será preciso um maior tempo para a recapitalização das empresas. Mas se formos ver sobre a evolução das dividas, dividindo em Estado, Empresas e Familias, ve-se que as Familias tem tido uma evolução grande a diminuir as suas dividas, as Empresas também apresenta evolução na diminuição das dividas, o Estado é que apresenta ainda mais dividas.

2º A divida pública já ultrapassa o que o país produz, e o Estado não produz riqueza, quem produz riqueza são os privados, pois os salários do Estado são pagos com impostos, o Estado só consome riqueza.

3º O caro doorstep tambem não construiu a sua casa, mas ela é sua, pois mandou-a construiu e pagou-a, tal e qual o que aconteceu com os elefantes brancos que se veem por aí. Pois foi o Estado que mandou aos privados construir tais elefantes brancos, muitas vezes para por lá alguem do seu staff a receber umas coroas extras. E também há casos em que o Estado mandou fazer obra e disse que depois pagava, estando empresas ainda à espera do pagamento.

4º Essa formação profissional que fala advem do Estado querer ter numeros baixos no desemprego e cria esses artificios que são as formações, dando mais uma vez alguem do seu staff para la, ganhando mais umas coroas.

O privado não é perfeito de longe, mas com as interferencias do Estado, cria-se vicissitudes, como as que há agora, com vantagens para alguns, e desvantagens para todos nós!

Anónimo disse...

tirem-me uma dúvida...

a impressão de dinheiro pelo bancos centrais (quantitative easing) provoca inflação uma vez que aumenta a base monetária, certo?

então, o mesmo acontece com o endividamento, certo? ao vir dinheiro de lá de fora, mais dinheiro para a mesma quantidade de produtos, leva à inflação... estou certo?

Vivendi disse...

a impressão de dinheiro pelo bancos centrais (quantitative easing) provoca inflação uma vez que aumenta a base monetária, certo?

então, o mesmo acontece com o endividamento, certo? ao vir dinheiro de lá de fora, mais dinheiro para a mesma quantidade de produtos, leva à inflação... estou certo?

Sugiro a leitura deste artigo:

http://mises.org.br/Article.aspx?id=1499

doorstep disse...

David Seraos,

"...pois nesse campo cada um paga as suas!"

Permito-me discordar...

Quem está a pagar através da carga fiscal as dividas dos BPN, BPP, BANIF e quejandos?

Quem está a pagar as dividas contraidas pelas ascendi, mota, engil, teixeiras, duartes, santos espiritos? O David, pela mesma via...

Os estados NUNCA pagam seja o que for: quando muito, devolvem uma parte do que obrigaram o David a entregar-lhes, mas na presente conjuntura o fluxo é principalmente no sentido privado -> estado.

Em Portugal utiliza-se o substantivo "empresas" de forma demasiado imprecisa.

Se uma industria que produz/vende equipamento para cozinhas industriais tiver um acidente grave de cobrança, vai ao tapete e o estado ignora (sem no entanto deixar de se apresentar na liquidação para fazer valer - entre outros - o direito a cobrar o iva incluidoi nas facturas emitidas sobre o caloteiro, que a EMPRESA nunca sequer cheirou.

O bando do cavaco arromba com toda a liquidez entrada nas caixas do bpn; inventa negócios da tanga para sacar o que o bpn vai buscar aos "mercados" protegido pela reputação dos nomes sonantes que o comandam; quando a merda chega ao ventilador... o estado acorre solicito.

Diga-me lá qual das pessoas (colectivas) é empresa...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Quanto à casa, é verdade - mandei-a construir. E para a pagar endividei-me até às orelhas (eu pecador me confesso...).

Mas se eu e mais uns milhares de cretinos como eu que foram ao mesmo banco nos virmos em situação de não poder pagar, garanto-lhe que o estado não vai deixar as coisas ficarem por aí: entra-lhe na carteira ao David para dar a nota ao pobre banco. Acabará pois o David por pagar a minha divida, tão privada que mais privada não há!

E esta?

David Seraos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
David Seraos disse...

"Em Portugal utiliza-se o substantivo "empresas" de forma demasiado imprecisa."
Epah agora é que me apanhou, que isso é bem verdade, demasiado verdade até.

Mas os bancos não tem dividas até falirem, e depois à alturas que eles precisam de mais dinheiro por causa de novas regras que criam pra o seu funcionamento, como se criaram agora. E sim a banca é o menino protegido do papá (Estado)

Agora quando aos casos do Estado interferir e transformá-la em publica, às vezes ou muitas vezes ou sempre , é por causa de tar la alguem do seu staff e precisa de mais umas coroas. O maior problema é esse, as interferencias do Estado.

Mas quanto à Ascendi é porque assinaram um contrato espectacular pra empresa e pessimo pra o Estado, e aí não se está a pagar as dívidas mas a cumprir um contrato, que já na altura que foi assinado era um roubo, enquanto às empresas de construçao civil que fala, não lhes pagaram a divida, deram-lhe foi facilidade de acesso ao credito. Não lhes pagaram divida, mas não quer dizer, que o que lhes fizeram seja correcto.

O BPN é um caso de justiça, mas que infelizmente em Portugal, nunca haverá grandes condenados.
As PPP também são casos de justiça, pois muitas delas são casos obvios de transferencias de fundos.

E quanto aos imposto que se pagam agora já vai tudo para as rubricas certas, isto é SS, Educação, Saude, Defesa, etc etc!
Sim a divida publica alguma também vem dos favores que alguns governantes fazem ao pessoal do seu staff a porem dinheiro em empresas.
Mas muita dela vem do Estado enorme que existe, este consome já 50% da riqueza que se produz.
Por isso é que defendo que o Estado deve estar limitar às suas funções essenciais, um estado minimo, por deixarem que eles se metam em negociatas depois admiram-se disto estar assim.

E se um banco falir qualquer estado do Euro o vai financiar, pois se ele não fizer tal coisa, o sistema financeiro europeu começa a ruir, e isso seria o fim do sistema financeiro como se conhece. E se o sistema financeiro ruisse, os outros seguiram, pois o negócios do bancos, é um negócio do faz de conta, ahh hoje dá-me jeito vou criar 10mil €, que quando qualquer um de nós vai pedir um emprestimo ao banco, é isso que acontece. Ok não é bem assim porque existe um rácio para inventarem dinheiro por dia, mas o resultado é o mesmo.

doorstep disse...


"Por isso é que defendo que o Estado deve estar limitar às suas funções essenciais, um estado minimo, por deixarem que eles se metam em negociatas depois admiram-se disto estar assim."

Perrmito-me discordar: quanto mais minimo for o estado, em maiores e mais graves negociatas se metem... Talvez se metam em muito memos negociatas de trazer por casa, mas com essas pode qualquer sociedade e qualquer economia.

O estado não tem que ser grande nem pequeno: tem que ter o tamanho suficiente e estar inserido num sistema em que os diferentes poderes se controlam mutuamente.

Quando deputados são administradores de empresas (algumas gigantescas, e que vivem quase só do dinheiro publico); magistrados têm familiares em conselhos de administração e chafurdam nos meandros enlameados dos futebois; governantes transitam do publico para o privado como as putas mudam de passeio - estas no honesto exercicio duma das poucas actividades ainda exclusivamente privadas no panorama empresarial português! - autarcas são sócios ocultos e até visiveis de patos bravos, de sucateiros, de recolectores de lixo, de operadores de estações de depuração; funcionários do fisco que fazem biscates em chafaricas de contabilidade, muitas delas ostensivamente dirigidas pelos conjuges; policias que fazem "gratificados" à porta de putiférios ou de estádios de futebol, e operam como guarda costas de exploradores de casas de alterne; mais almirantes que barcos; mais generais que quarteis... pois sendo este o estado da nação, está quilhado e mal pago o estado.

Se calhar tem mais interesse começarem-se a explorar vias que garantam a sã convivência entre humanos... SEM O ESTADO!

nb: deixo de fora a padralhada, que últimamente tem tido alguma sarna para se coçar. Mas com raras excepções... também são estado, ainda que confessional.

David Seraos disse...

Quanto aos deputados, não tou nas empresas publicas, a maior parcela dos deputados são advogados, isto é, pertencem às grandes firmas que fazem as leis, e depois cobrou rios de dinheiro para explicar o que quer mesmo dizer a lei que fizeram.

Diz que prefere sem estado, mas discorda de estado pequeno? Fico admirado, mas é a sua opinião sim.

O estado que temos agora é um estado grande que se mete em tudo e em todas as negociatas, com um estado minimo o estado não se metia em tanta coisa, logo iria fazer menos negociatas.

Mas agora que fala de sem estado, ontem li um artigo do Instituto Mises, onde eles falavam que ou existe capitalismo ou socialismo, a terceira via, que é o suposto melhor dos dois, que é o suposto do nosso estado e de muitos na europa, não é possivel!