quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Revolução é perturbação


Como escreveu Oliveira Martins, aludindo à “anarquia mansa” do regime constitucional: “Portugal morre à falta de uma doutrina. Hoje não temos como fugir da sua lembrança. Os caminhos tomados pelo constitucionalismo, juntamente com o resultado da 1ª Grande Guerra, em que os Impérios da Europa Central saíram derrotados, acabaram no triunfo da “democracia” que, omnipotente, facultou os abusos, os vícios e os crimes, maltratando os povos que não a eliminaram a tempo.
Devemos refletir na diferença que há entre um facto revolucionário dos que podem acontecer em qualquer sociedade e o direito a algum modelo de revolução típico das sociedades de hoje. Essa diferença enquadra tudo o que diferencia um passado construtivo em que apareceram e glorificaram os grandes povos, de um presente em que desgraçadamente se arruínam.
Jamais se conheceu ou conhecerá sociedade humana em que, num determinado momento, não aconteça uma revolução. Esta contrariedade que tem a ver com a fraqueza humana é um facto isolado, pode justificar-se e até favorecer, embora raramente, o bem comum, mas nem na cabeça dos próprios fomentadores, nem dos beneficiados passa a ideia de que a normalidade é a revolta social.
Tem de se acabar com a argumentação dos teóricos do tiranicídio – historiadores e teólogos – já que, por maior expressão que se queira dar a esta doutrina teológica, apenas existiu in extremis, excepcionalmente, ocasionalmente e isoladamente.
Revolução é perturbação, obra de gente alienada e com sentimento de culpa, raramente se orienta para a justiça ou dá origem a efeitos legítimos e torna-se nefasta quando se prolonga no tempo, ou é frequentemente repetida.
Guilherme Koehler


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