''O Brasil formou-se, despreocupados os seus colonizadores da unidade ou pureza de raça. Durante quase todo o século XVI a Colônia esteve escancarada a estrangeiros, só importando às autoridades coloniais que fossem de Fé ou Religião católica. Handelmann notou que para ser admitido como colono do Brasil no século XVI a principal exigência era professar a religião cristã: 'somente cristãos' -- e em Portugal isso queria dizer católicos -- 'podiam adquirir sesmarias'...
Através de certas épocas coloniais observou-se a prática de ir um frade a bordo de todo navio que chegasse a porto brasileiro, a fim de examinar a consciência, a Fé, a religião do adventício. O que barrava então o imigrante era a heterodoxia; a mancha de herege na alma e não a mongólica no corpo. Do que se fazia questão era da saúde religiosa... O frade ia a bordo indagar da ortodoxia do indivíduo como hoje se indaga da sua doença e da sua raça... O português esquece raça e considera ser igual aquele que tem religião igual à que professa.
Essa solidariedade manteve-se entre nós esplendidamente através de toda a nossa formação colonial, reunindo-nos contra os calvinistas franceses, contra os reformados holandeses, contra os protestantes ingleses. Daí ser tão difícil, na verdade, separar o brasileiro do católico: o catolicismo foi realmente o cimento da nossa unidade.''
Gilberto Freyre. ''Casa-Grande & Senzala''. Edit. José Olympio, São Paulo, 1946, pp., 121-123
FL
2 comentários:
Unidade que já se perdeu com o avanço cada vez maior do protestantismo no Brasil, esse cancro que desvirtua a noção de Deus e da verdadeira igreja e engole os espíritos transformando-os em meros zumbis.
> meros zumbis.
Mas ficam ricos. De que serve ter uma alma, se se é pobre?
Assim ficam filhos adoptivos de pais ricos, em vez de filhos verdadeiros de pais pobres.
Pode ser que vender a alma ao diabo resulte - segundo as últimas notícias a alma não existe e o diabo também não, portanto a operação é altamente lucrativa (hmm, como foi isso?)
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