domingo, 28 de julho de 2024

A propriedade e a herança

 




A família exige por si mesma duas outras instituições: a propriedade privada e a herança. Primeiro a propriedade – a propriedade de bens que possa gozar e até a propriedade de bens que possam render. A intimidade da vida familiar reclama aconchego, pede isolamento, numa palavra: exige a casa, a casa independente, a casa própria, a nossa casa. Há impossibilidade, haverá mesmo em muitos casos inconveniente em que o trabalhador possua os meios de produção e em deixar dividir a terra por minúsculas parcelas, dando-se a todos um pedaço para a cultura. Mas é utilíssimo que o instinto de propriedade que acompanha o homem possa exercer-se na posse da parte material do seu lar. É naturalmente mais económica, mais estável, mais bem constituída a família que se abriga sob tecto próprio. Eis porque nos não interessam os grandes falanstérios, as colossais construções para habitação operária, com seus restaurantes anexos e sua mesa comum. Tudo isso serve para os encontros casuais da vida, para as populações já seminómadas da alta civilização actual; para o nosso feitio independente e em benefício da nossa simplicidade morigerada, nós desejamos antes a casa pequena, independente, habitada em plena propriedade pela família.

A herança é o reflexo na propriedade do instinto de perpetuidade da raça; transmite-se com o sangue o fruto do trabalho, da economia, quantas vezes de grandes privações. Não há qualquer utilidade social em que não se transmitam os bens, normalmente dentro da família, e em que a herança seja só de bens de gozo ou de consumo e não de bens produtivos. A formação natural das economias é estimulada pela possibilidade do seu rendimento e da sua livre disposição, e altamente benéfica para a solidez e estabilidade da família, por constituírem o indispensável elemento de equilíbrio nos altos e baixos da vida. Há muita coisa contra que a melhor e mais completa instituição de previdência nunca poderá lutar.

António de Oliveira Salazar in discurso «Conceitos Económicos da Nova Constituição», 16 de Março de 1933.



sexta-feira, 26 de julho de 2024

O dilúvio universal


 "A derrota da Espanha na batalha marítima contra os piratas ingleses foi repleta de terríveis consequências planetárias: em uma ilha do Atlântico, os anglo-saxões lançaram as sementes dessa civilização apocalíptica, destinada a incorporar o Leviatã em todo o seu poder escatológico e derradeiro.

Da espuma surgiu o Navio-Continente, superior em todos os aspectos ao seu protótipo europeu. Esse monstro estava destinado a extinguir o Fogo sagrado, esmagar o Ícone e estabelecer a sua "Nova Ordem Mundial" no planeta.

Naturalmente, a visão de mundo dominante do monstro recém-nascido eram as ideias de seitas protestantes, extremistas, baptistas, puritanos, mórmons, etc., caracterizadas por um grau extremo de iconoclastia, modernismo eclesiástico e ódio à Luz.

Uma guerrilha ibero-americana malfadada, baseada em uma mistura de marxismo (!) e teologia da libertação católica (!!), é tudo o que resta hoje do ambicioso esforço planetário dos conquistadores espanhóis para interromper o dilúvio universal".

- Alexander Dugin (Fundamentos da Geopolítica)


terça-feira, 23 de julho de 2024