«(...) O plutocrata não é, pois, nem o grande industrial nem o
financeiro: é uma espécie híbrida, intermediária entre a economia e a finança;
é a "flor do mal" do pior capitalismo. Na produção não lhe interessa
a produção, mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança não lhe
interessa regular a administração dos seus capitais, mas a sua multiplicação
por jogos ousados contra os interesses alheios. O seu campo de acção está fora
da produção organizada de qualquer riqueza e fora do giro normal dos capitais
em moeda; não conhece os direitos do trabalho, as exigências da moral, as leis
da humanidade. Se funda sociedades é para lucrar apports e passá-las
a outros; se obtém uma concessão gratuita é para a transferir já como um valor;
se se apodera de uma empresa é para que esta lhe tome os prejuízos que sofreu
noutras. Para tanto o plutocrata age no meio económico e no meio político
sempre pelo mesmo processo - corrompendo. Porque estes indivíduos, a quem
alguns também chamam grandes homens de negócios, vivem precisamente de três
condições dos nossos dias: a instabilidade das condições económicas; a falta de
organização da economia nacional; a corrupção política. - Quem tenha os olhos
abertos para o que se passou aqui e para o que passa lá fora não pode duvidar
do que afirmei.»
António Oliveira Salazar
2 comentários:
Exactamente,o sr Oliveira sabia bem o que estava para vir.
Oportuna citação!
O que confirma o considerado pelo Prof. António José Saraiva sobre a escrita de Oliveira Salazar:
«É uma prosa que guarda a lucidez da grande prosa do século XVII, e de onde é banida toda a nebulosidade, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo o que frequentemente torna obscura ou despropositadamente ofuscante a prosa dos nossos doutrinadores."»
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