Os mistérios de um ataque
Atacar inopinadamente um Estado soberano, para mais um Estado soberano que venceu militarmente uma guerra imposta pelo exterior, não só é um acto de agressão, como absolutamente contraditório com o discurso prevalecente de uma guerra planetária contra o terrorismo fundamentalista islâmico.
Espanta-me que os EUA tenham desencadeado um ataque sem exigir aturada investigação internacional ao suposto uso de gás sarin pelo governo sírio. Objectividade requer peritagem, pelo que o ataque desta madrugada é irracional, desmedido e certamente injusto. O governo sírio não usou armas proibidas pelas convenções internacionais. As armas estavam armazenadas em zonas controladas por grupos terroristas e, tudo o indica, foram atingidas acidentalmente após um ataque aéreo da aviação síria.
Há que respeitar a soberania dos Estados, pelo que cabe à diplomacia ajudar a resolver os conflitos e não agudizá-los. Neste particular, a comunidade internacional tudo deve fazer para que o povo sírio se pronuncie através de eleições sobre a liderança que quer para o seu país. Esta tem sido, desde 2011, a posição do governo sírio, como esta tem sido a posição do governo russo e era, até há pouco, parte do programa que levou Trump à Casa Branca.
Insólito é o ziguezaguear da Casa Branca; ou antes, a súbita mudança que sucede a semanas de golpe de Estado silencioso que destruiu a plataforma que levou Trump à presidência. Sem a agenda para a cooperação, inscrita no programa de Trump, todas as reformas internas estão ameaçadas, pois que articuladas e coerentes com a retoma da soberania política do Estado face a lóbis, pela retoma de uma política externa não interferida por paixões ideológicas e pela retoma da fronteira económica. Se Trump se envolver no Médio Oriente, acabou a esperada e necessária revolução nacional e democrática que encabeçava, e os EUA voltarão a viver ao azar dos caprichos dos grupos poderosos que têm manipulado e usado em interesse próprio a força americana para fins que são lesivos dos interesses do povo americano.
Miguel Castelo Branco
2 comentários:
check https://geopolitics.co/2017/04/06/trump-is-now-justifying-deep-states-plan-b-syria-partitioning/ Trump vai caindo(se é que não estava no bolso desde o início)no bolso dos globalistas(por via do Deep State e do Complexo Militar).E em termos de política interna(no que toca a reformas anunciadas como essenciais a nível de imigração/fronteiras)parece que está bloqueado pelo sistema judicial/mediático.Alguns cínicos dirão(e possivelmente com razão)que está a ceder na política externa(a favor dos globalistas)para conseguir mais força a nível interno,mas parece-me grave e de mau agoiro que assim seja.
O comuna e islâmico Obama, através de George Soros e os globalistas criaram o ISIS e depois (para finalizar a ópera) foi ordenado a ele que bombardeasse o "Frankstein" criado. Mísseis americanos foram lançados contra terroristas e muitos atingiram populações civis inocentes, mas os "mainstream" não disseram nada acusando a Rússia. Agora Trump dá o devido recado ao tirano da Síria (lamentável as vítimas inocentes do ataque) e o mainstream exaspera.
É uma trágica ópera bufa que parece nunca acabar.
Eduardo
Enviar um comentário