sexta-feira, 7 de abril de 2017

Uma cobra é sempre uma cobra


Parece confirmar-se o pior: deu-se nos últimos dias, longe das câmaras, um verdadeiro golpe palaciano na Casa Branca. Parece, tudo o indica, que Trump teve de escolher entre a sua sobrevivência e aqueles que poderiam lançar as pontes para uma nova era de cooperação. Perdeu o partido que aceitava a inevitabilidade de um mundo multipolar, fundado na boa vizinhança, no diálogo e convergência em torno daqueles princípios que qualquer líder razoável e informado subscreve. Entre o realismo e o aventureirismo, Kushner saiu vencedor. Ora, só hoje ganha plena legibilidade aquela enigmática frase há tempos proferida por um diplomata russo a respeito do real significado da vitória de Trump. Quem venceu não foi a Rússia ou, por outras palavras, uma administração sensível à cooperação com a maior potência europeia. Quem venceu, tudo o indica, foi o partido da guerra, nos mesmos e precisos termos em que actuou ao longo das últimas duas décadas.
Há, decididamente, qualquer coisa de sórdido nos EUA. A América é um portento. Trata-se de um dos mais atrasados impérios que o planeta conheceu. Atrasado, rico e bem armado, conjunção escaldante, é insusceptível de aprender com os erros, e repito-los-á até perder capacidade para interferir nos assuntos do mundo.
Depois de século e meio de guerras injustas em nome de uma justiça de que o império se diz instrumento, chegamos a isto. A América não tem, decididamente, compleição para reinar sobre o orbe. É, não temamos as palavras, uma sociedade problemática, desestruturada e perigosa fundada na violência, no culto da força e da potência.
A possibilidade de um ataque dos EUA à heróica Síria seria, pois, um dos mais ignóbeis episódios da história contemporânea e o reinício da parada de provocações que se julgava superada com o afastamento daquela gente horrível que provocou o caos em que vive imerso o Médio Oriente, o norte de África, a África Central e a Europa. Esperemos, pois, mas creio que parte importante do capital de esperança que representou a chegada de Trump à Casa Branca se terá esfumado ao longo dos últimos dias. Afinal, a América é como uma cobra. Uma cobra é sempre uma cobra.

Miguel Castelo Branco

1 comentário:

separatista-50-50 disse...

«Tudo como dantes. Quartel em Abrantes» não é bem assim!!!
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O grande legado de Donald Trump foi as REACÇÕES aos seus discursos:
-1- o pessoal com uma elevada taxa de natalidade (um exemplo: islâmicos) é altamente amigo... pois, desde que... não seja posta em causa a sua condição de «DONOS DISTO TUDO».
-2- os «donos disto tudo» têm um completo desprezo pelos povos nativos (na América do Norte, na América do Sul, na Austrália) que procuraram sobreviver pacatamente; e que, como eram economicamente pouco rentáveis, levaram com um holocausto massivo em cima... porque tiveram o «desplante» de querer ter o SEU espaço no planeta e de querer prosperar ao seu ritmo.
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Anexo:
DEMOGRAFIA E SEPARATISMO-50-50: Todos Diferentes, Todos Iguais... ou seja, todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
-» Os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
---» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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P.S.
É necessário um activismo global
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Democracia sim; todavia, a minoria de autóctones que se interessa pela sobrevivência da sua Identidade... tem de dizer NÃO ao nazismo-democrático, leia-se: é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros; isto é, é preciso dizer não àqueles que evocam pretextos para negar o Direito à Sobrevivência de outros.
[nota: nazismo não é o ser 'alto e louro', bla bla bla,... mas sim a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!]
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-» Imagine-se manifestações (pró-Direito à Sobrevivência) na Europa, na América do Norte (Índios nativos), na América do Sul (Índios da Amazónia), na Ásia (Tibetanos), na Austrália (Aborígenes), ETC... manifestações essas envolvendo, lado a lado, participantes dos diversos continentes do planeta... tais manifestações teriam um impacto global muito forte.