"Há de facto uma lenda negra relativamente à Inquisição. Antes de haver Inquisição, havia linchamentos populares.
Em Portugal e no resto do Império, a Inquisição condenou à morte um total de 2000 pessoas em 300 anos. Dá menos de 7 pessoas por ano.
Só no massacre dos Judeus de Lisboa de 1506 (que motivou a vinda da Inquisição) terão morrido umas 3000 pessoas.
A Inquisição era um tribunal - horrível aos olhos actuais - mas ainda assim um tribunal com regras. 90% de todos os acusados pela Inquisição foram inocentados. Dos 10% de considerados culpados, 8% foram condenados a meras multas ou penitências públicas. Apenas 2% foram condenados à morte.
Quanto à tortura, existia tanto nos tribunais da Inquisição como nos tribunais civis.
Recordo o caso da artista italiana Artemisia Gentileschi, vítima de violação, que acusou o seu violador e foi ela própria torturada durante o julgamento para provar que não mentia. Ficou incapacidade pelo menos de um dedo creio que para o resto da vida.
No reinado de Henrique VIII de Inglaterra, terão sido condenados à morte uns 50000 desgraçados, muitos por motivos religiosos: repito, num reinado apenas. E já agora, muito do mito da crueldade inquisitorial - real e imaginária - tem origem em litografias oriundas da Alemanha Protestante.... e curiosamente ou talvez não, produzidas sobretudo no período durante o qual ocorreu a Guerra dos 30 anos.
Quem souber alguma coisa de História, não precisa que eu diga mais."
AB
2 comentários:
AB,
Muito bom apontamento.
A desfaçatez com que os calvinistas (que queimavam heréticos em Genebra) e outros do mesmo calibre apontam o dedo a Roma por se defender é elucidativa. Aprendam: omitem-se factos, mas diz-se parte da verdade.
Não é à toa que a frase "com a verdade te engano" existe em português - porque o povo topa a coisa - mas não noutras línguas, onde papam os bolos.
Infelizmente agora comemos tudo em tradução a pontapé, e já não sabemos o que sabíamos.
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