sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Só isso na verdade é transcendente para o futuro do País

«Não sou dos que julgam que há uma verdade política; mas firmemente creio que há verdades políticas tão exactamente demonstradas pela razão e pela experiência como conclusões das ciências positivas. Os que julgam possuir a verdade na política e governo dos povos vão desgraça-los com a imposição, até onde puderem, do seu elixir universal; os que não crêem nas verdades políticas pouco se lhes dá dos regimes e dos sistemas, mudarão ao menor sopro as instituições dos países, dispor-se-ão a sacrificar com elas as garantias da sua própria segurança e vida colectiva, sem ver que há por vezes aí tentativas e manifestações... de domínio do exterior.

Eis porque, sem esquecer a História com seu mostruário de instituições políticas que morreram, se revezaram ou rejuvenesceram, nem supor que se cria agora para a eternidade e tudo se conservará imutável no tempo, o que seriamente me preocupa é saber se, sim ou não, têm sido focados os problemas centrais da comunidade nacional e se, através de reformas de toda a ordem, e à frente as das instituições políticas, se tiveram presentes as verdadeiras necessidades e possibilidades da Nação portuguesa.

Que isso tenha sido percebido e devidamente apreciado pela genialidade dos contemporâneos não interessa senão ao momento político e em certa medida, pela calma da consciência pública e a tranquilidade que cerca o trabalho do governo. O que acima de tudo importa é que se tenha encontrado o verdadeiro caminho, seguindo o qual o povo pode viver tranquilamente a sua vida e a Nação cumprir a sua missão histórica, isto é, realize o que é essencial na vida e seja fiel ao que é permanente na História. Só isso na verdade é transcendente para o futuro do País».

Oliveira Salazar («Discursos e Notas Políticas», Novembro de 1943).


2 comentários:

majoMo disse...

A leitura de escritos de Oliveira Salazar é de uma lucidez e grandeza de conceitos que logo se nota a diferença dos escribas de hoje. A palavras têm conteúdo e as acções propósito não dissonante e sempre orientado para o bem comum, que não o bem vácuo do egoísmo tranvestido de 'bem comum' para ludíbrio dos incautos e crédulos.

A referência "ao que é permanente na História" faz lembrar a obra de Franco Nogueira "As Crises e os Homens" onde desenvolveu com sabedoria conceptual o perene predomínio que devem ter os "interesses nacionais permanentes". Algo que nos manuais escolares está sempre arredio...

Razão tinha o Prof. António José Saraiva no seu notável artigo "O Salazarismo":

"Quem lê os seus “ Discursos e Notas” fica subjugado pela limpidez e concisão de estilo, a mais perfeita e cativante prosa doutrinária que existe em Língua Portuguesa, atravessada por um ritmo afectivo poderoso. Por esse lado, a prosa de Salazar merece um lugar de relevo na História da Literatura Portuguesa ( e só considerações políticas até agora a têm arredado do lugar que lhe compete). É uma prosa que guarda a lucidez da grande prosa do século XVII, e donde é banida toda a nebulosidade, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo o que frequentemente torna obscura ou despropositadamente ofuscante a prosa dos nossos doutrinadores".

Vivendi disse...

Inteiramente de acordo!