Não deixa de ser irónico que as regras e os pressupostos criados por este regime, nomeadamente o aumento imparável da despesa e consequentemente da receita fiscal, esteja a corroer-se por dentro, exatamente pelos mesmos agentes políticos que tentam vender a ideia e que executam as políticas de que o que Portugal precisa é de mais investimento público, mais educação e mais saúde, tudo à conta de mais receita fiscal, venho ela de onde vier, com a agravante de que como esta nunca chega, ainda temos que ir ao endividamento para compensar.
A nossa sorte ou o nosso azar, não sei bem, é que quando as políticas públicas são tendencialmente insustentáveis, mais cedo ou mais tarde ocorrem alterações no regime, grandes ou pequenas, consoante o modo e a frequência com que ocorrem.
E aqui a coisa cheira mal, porque a Europa e o BCE têm "ajudado" bastante Portugal a empurrar os seus problemas estruturais com a barriga.
Ninguém pode acreditar que as yields de juros a 10 anos de Portugal ao dia de hoje refletem as variáveis macro do nosso País. Tal só acontece porque o BCE e a UE estão lá por trás.
São este tipo de pressupostos que não nos ajudam a lidar com os problemas de frente nem a querer resolvê-los, a bem ou a mal.
Em termos micro, cada um de nós, cidadão português, vê-se confrontado com um crescente aumento de impostos, sem fim à vista, já que a Constituição deixa-nos despidos nesta matéria, ficando a nossa consciência cada vez mais afetada em relação ao cumprimento ou não cumprimento das nossas obrigações fiscais.
É que quando o nosso rendimento começa a ser confiscado em 30, 40, 50, 60, 70, 80%, consoante os rendimentos declarados, a tentação de querer fugir cresce, e cresce muito, ao ponto de agentes políticos, como no caso de Sócrates, que faziam a apologia de mais investimento público, sabendo ele muito bem que o dinheiro não aparecia do nada, comecem a claudicar nas suas micro-decisões pessoais, deixando-se levar pelo esquema clássico de receber dinheiro por fora.
É isto que acontece quando queremos forçadamente manter uma realidade que não é sustentável a longo prazo. Acabamos por sermos vítimas da tramóia que nós próprio montámos.
1 comentário:
Pelo contrário, os mercados avaliam bem Portugal.
Reparem: Goldman Sachs recomenda compra de titulos de Portugal (Hoje, terça-feira)
taxa de juro a 10 anos caiu abaixo dos 3% no final da tarde de sexta-feira, já depois dos 3 compinchas de Socrates foram detidos.
Portanto, tudo certo :) eheh
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