Uma das regras do QE é a atribuição aos bancos nacionais da responsabilidade por 80% das compras de dívida. Isto implica que 80% do valor das compras de dívida alemã será garantida pelo banco central alemão e 80% do valor das compras de dívida portuguesa serão assumidas pelo Banco de Portugal. E, de certa forma, cada país passará a dever uma percentagem da sua dívida ao seu próprio banco central. Outra implicação desta regra é a transferência de dívida que actualmente está no BCE (que o BCE comprou aos vários países em dificuldade durante a crise) para bancos centrais nacionais, à medida que estas linhas de crédito forem sendo substituídas. Isto são eurobonds ao contrário. Em vez de uma progressiva integração da política orçamental e monetária, o que foi feito foi uma separação de responsabilidades pela acção dos bancos centrais. Os investidores privados vão entender isto como um risco acrescido de fraccionamento da zona euro e a médio prazo isso vai notar-se nas taxas de juro, sobretudo nos países que seguirem política orçamentais laxistas pensando que o QE resolve tudo.
Está encontrado um mecanismo pelo qual um país vai saindo da zona euro sem choques. Um dia descobre-se que Portugal só deve ao Banco de Portugal e que os spreads de taxa de juro em relação à Alemanha são tão elevados que na prática os dois países têm moedas diferentes.
2 comentários:
Já tinha lido no blasfémias, pergunto como é que o PS ainda não viu isto, como podem deitar foguetes e não haver um economista dentro do Ps que coloquem um pouco de água fria.
Uma análise muito interessante. As Eurobonds continuam a ser uma miragem sem integração política. Sol na eira e chuva no nabal só para o Syriza em sonhos...
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