A TAP não é uma “conquista de Abril”: muito pelo contrário, é uma “conquista do Estado Novo”, e já foi privatizada uma vez.
A fundação da TAP remonta aos anos 40 do século passado, quando Salazar, então Presidente do Conselho de Ministros, se apercebeu de que Portugal estava a braços com uma enorme desvantagem estratégica: era a única potência pluri-continental sem uma linha aérea de bandeira que ligasse a Metrópole aos seus territórios ultramarinos.
Compunham esse Complexo os aeroportos da Portela e de Cabo Ruivo. Este último servia as carreiras de hidroaviões, as únicas aeronaves então com autonomia para as longas viagens transatlânticas, enquanto o aeroporto da Portela servia as rotas europeias, que usavam aviões e pistas de pequena dimensão. Para ligar os dois foi construída a Avenida Entre-os-Aeroportos, hoje conhecida como Avenida de Berlim. E, no entanto, apesar deste imenso investimento, durante os primeiros anos de operação ambos os aeroportos receberam na sua maioria aeronaves estrangeiras, e a única comunicação com as colónias era feita por barco.
As primeiras transportadoras aéreas nacionais, como a Companhia de Transportes Aéreos (do grupo CUF) ou a Aero Portuguesa (imortalizada no final do filme “Casablanca”) não tinham ainda dimensão para as necessidades de ligação entre as partes do vasto espaço português.
O projecto da criação de uma forte linha aérea de bandeira foi prontamente colocado em marcha. O Governo adquiriu os primeiros aviões Dakota DC-4 e a “Linha Aérea Imperial” tornou-se realidade: em 1946 já era possível voar de Lisboa a Lourenço Marques em “apenas” uma semana, com seis escalas de pernoita e um total de 45 horas de voo. Para a época, era extraordinariamente veloz.
A primeira privatização
Em 1953, a TAP era uma empresa sustentável e o Estado Novo, não tendo interesse em gerir directamente os transportes aéreos, decidiu privatizá-la. Foi reconhecido que a empresa representava um interesse estratégico vital para Portugal e o seu Império. Logo, quando o caderno de encargos foi lançado, estava definido que 75% do capital da empresa tinha de ser propriedade de portugueses e que a maioria dos gestores e directores também tinham de ser cidadãos nacionais.
Nascia assim a empresa Transportes Aéreos Portugueses, Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada (SARL), propriedade de investidores particulares e supervisionada pelo Estado. Entre os 83 sócios fundadores encontramos figuras proeminentes da época, como D. Manuel de Mello, e grandes empresas, como a Companhia Nacional de Navegação.
Era um conceito que deixava Portugal na vanguarda da Europa, onde quase todas as empresas aéreas eram estatais, dispendiosas para os utentes e fonte de enormes prejuízos.
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