Um povo não pode votar para ser rico.
Primeira verdade = > A Economia estuda a afectação dos recursos escassos.
Da mesma forma que uma pessoa eleita mesmo que por unanimidade com a promessa de que vai fazer o rio Nilo desaguar em Marrocos não pode cumprir o programa eleitoral também o grego que foi eleito prometendo que vai iniciar um caminho novo de crescimento económico não o pode fazer.
A Economia é uma ciência e não tarot e, como tal, não existem caminhos alternativos ao programa da Troika que levem ao crescimento e ao emprego.
Fig. 1 - O "outro caminho" é o caminho da lama e da miséria
Primeira verdade = > A Economia estuda a afectação dos recursos escassos.
No mundo existem recursos limitados (recursos naturais e capacidade de trabalho) que vão ser usados na produção de bens e serviços, havendo mais recursos naturais ou as pessoas trabalhando mais, haverá maior produção. Depois, os B&S pode ser consumida ou acumulada na forma de capital (a poupança).
O capital é tudo o que, com sacrifício, foi poupando e acumulado podendo ser máquinas e as ferramentas, melhoramentos nos recursos naturais ou escolaridade.
Ao longo do tempo a produção vai evoluir
Produção(t = 0) <= Função do {Capital(t = 0); Recursos Naturais (t = 0); Trabalho (t = 0)}
Produção (t = 0) => Consumo (t = 0) + Poupança(t = 0)
Capital (t = 1) <= Capital (t = 0) + Poupança(t = 0)
Produção(t = 1) <= Função do {Capital(t = 1); Recursos Naturais (t = 1); Trabalho (t = 1)}
Isto é fatal como o destino.
Como os recursos naturais não se multiplicam e as pessoas não querem trabalhar mais, para haver crescimento económico, i.e., para que a Produção(t = 1) seja maior que Produção(t = 0), o capital tem que aumentar de período para período o que implica que tem que haver poupança.
São tudo decisões difíceis pois poupar prejudica o consumo actual e "no futuro estamos todos mortos" e trabalhar custa muito.
Segunda verdade => As vontades das pessoas encontram-se no mercado.
Ouvem muito falar do "mercado" mas provavelmente nunca ninguém vos explicou o que isso é. De facto não passa do local onde se encontram das vontades das pessoas.
Se eu quero trabalhar e existe um empresário que quer contratar um trabalhador, o mercado é,
=>do lado da oferta, a entrevista em que eu me apresento, digo as minhas competências e o salário que pretendo e,
=> do lado da procura, o empresário que apresenta a empresa, as necessidades do posto de trabalho e o salário que pretende pagar.
A variável em discussão no mercado vai ser o preço (o salário de equilíbrio) e a quantidade (haver ou não contratação).
Por exemplo, para o tipo de trabalho que vou fazer, peço 5000€/mês e o empresário, para as minhas competências, oferece-me 600€/mês. Vamos discutindo longamente e chegamos a "equilíbrio" nos 850€/mês. Este preço é bom para mim e bom para o empresário pois, caso contrário, o mercado equilibrava pela quantidade: se fosse mau para mim eu não aceitava o emprego (continuava a escrever no blog) e, se fosse mau para o empresário, não me contratava (deixava o lugar por preencher).
A concorrência.
Como no mundo não existo apenas eu nem apenas esse empresário, para mim até poderia bom um salário de 700€/mês mas não o aceito porque tenho a convicção de que indo a mais entrevistas consigo arranjar uma proposta de 850€/mês. O empresário não me paga 1000€/mês porque tem a convicção de que entrevistando mais pessoa, consegue um trabalhador por 850€/mês. Então, os 850€/mês é o preço de mercado concorrencial e serve de medida para todos os "mercados bilaterais".
E se houver um preço mínimo obrigatório?
Vamos supor que tinha havido eleições nas quais o candidato vitorioso tinha prometido que o Salário Mínimo iria aumentar para 1000€/mês.
Na minha entrevista, o empresário saberia que não conseguia contratar ninguém por 850€/mês mas, mesmo assim, só me pagaria esse salário se eu, em previsão, conseguisse produzir mais do que 1000€/mês.
Se assim não fosse, eu ficaria desempregado.
Então para que serve o Salário Mínimo?
Serve apenas para, quando há muitos trabalhadores (concorrência na oferta) e apenas um ou dois empresários (monopólio na procura), o empresário não esmagar o trabalhador que vai à entrevista.
Mas todas sabemos que existem muitos empregadores, milhares e milhares, pelo que o problema do monopólio do lado da procura não existe. Então, a existência de salário mínimo apenas tem objectivos eleitorais junto de eleitores que são ignorantes em Economia mas com o custo social de causar a exclusão do mercado de trabalho das pessoas menos produtivas como sejam os jovens, as mulheres e as pessoas de baixa escolaridade e competências.
O Salário Mínimo causa exclusão.
Se quem ganha 400€/mês é pobre, o que será uma pessoa que não consegue arranjar trabalho porque tem pouca escolaridade e competências?
Vai ser criado um protestante manipulável pelas elites que se dizem da esquerda para obrigar o governo a manter os seus privilégios. Reparem que todas as pessoas que aparecem na TV a dizer que "em Portugal existe muita desigualdade" têm rendimentos bem acima da média.
Vamos agora à Grécia ver o que fizeram nos últimos 4 anos de Troika.
Em 2012 a taxa de desemprego grego já estava nos 20% quando o governo grego aceitou a descida do salário mínimo para os 580€/mês (quando a Troika queria que descesse para 450€/mês).
A questão do salário mínimo é uma questão científica e não uma decisão política pois, caso o fosse, todos os governos subiriam o SMN para pelo menos 500000€/mês.
Em termos técnicos, se o SMN ultrapassar os 35% do PIB per capita começa a excluir do mercado do trabalho muitas pessoas.
O que fizeram os gregos?
Na Grécia, até à 2007 o SMN esteve nesse valor aceitável mas no período pós crise do sub-prime aumentou significativamente (por causa do aumento nominal e da diminuição do PIB pc) até atingir em 2011 56% do PIBpc. O ajustamento obrigou a que em 2012 o SMN descesse de 751€/mês para 580€/mês, desceu de 56% do PIBpc para 45% (ver, Fig. 2). Claro que deveria descer para 451€/mês mas já foi qualquer coisa.
Contas: o PIBpc grego é de 18222€/ano (WB, 2013), multiplicando por 35% e dividindo por 14 meses, dá 451€.
E qual deveria ser o salário mínimo português?
Deveria ser igualmente de 450€/mês pois actualmente temos o mesmo PIB pc grego. Em termos económicos o aumento do SMN para 505€/mês foi um erro (o SMN passou a ser de 39% do PIBpc) mas, em termos políticos, teve que ser.
O SMS grego acabou de ser aumentado por decreto para 751€/mês (58% do PIBpc) o que vai ser uma tragédia no mercado de trabalho pois o ajustamento será feito pela quantidade (o desemprego vai recomeçar a crescer).
Mas o desemprego é problema deles, o nosso é a Balança Corrente.
Até podem ter taxas de desemprego de 99% porque isso é problema deles. Por isso, subirem o SMN para 751€/mês ou para 3000€/mês não nos afecta em nada, apenas afecta a eles.
O nosso problema (o problema dos não residentes na Grécia) traduz-se pelo défice na Balança Corrente que contabiliza todas as transacções económicas de um país com o exterior.
Se um país tiver a Balança Corrente deficitária terá obrigatoriamente que se endividar no exterior. Como o risco de bancarrota do estado grego é muito elevado, nenhum particular empresta dinheiro à Grécia pelo que, não sendo o financiamento da Troika, a balança corrente ajusta pela taxa de juro: o preço do crédito torna-se tão elevado que se torna impossível aos agentes económicos gregos endividarem-se face ao exterior.
Agora, não é preciso a Sr.a Merkel fazer nada.
Concerteza que os gregos nunca pagarão nada do que devem mas não se vão endividar mais.
Há já vários anos que ninguém empresta um cêntimo à Grécia nem aos bancos gregos que não a Trioka pelo que não podem importar mais do que exportarem (mais o turismo e transferência).
Se o Holland, Putin, Obama ou outro qualquer quiser dar dinheiro aos esquerdistas gregos, eles podem gastar. Senão, vão ter que continuar o caminho actual de austeridade.
Como vai ser o mecanismo futuro.
Até ao dia 25 de Janeiro, quando o Governo tinha défice não previsto no Programa de Ajustamento pedia à Troika autorização para emitir dívida pública. Os bancos compravam essa dívida (i.e., emprestavam o dinheiro ao Estado a 3,5%/ano) porque sabiam que no dia seguinte podiam utilizar esses papeis de dívida pública para obter financiamento junto do BCE (a 0,25%/ano).
Agora, o BCE disse que não aceita mais esses papeis de divida pública grega como garantia de empréstimos. Quer isto dizer que o BCE acredita que o Estado Grego vai entrar em bancarrota total e, por isso, dá valor zero a esses papeis.
O que vai acontecer.
Lembram-se do "espaço bancário único" que os esquerdistas defenderam? Pois vai ser usado para apertar os gregos.
O balanço dos bancos gregos vai ser recalculado considerando que a dívida pública grega vale zero.
Depois, banco a banco, se o balanço continuar positivo, o Banco Central Grego, BCG, pode emprestar dinheiro para permitir que os depositantes transfiram os seus saldos para onde quiserem (naturalmente, para fora da Grécia). Se der negativo, o BCG tem que "resolver" o banco criando o Banco Bom (com as dividas aos BCE, os depósitos até 100mil€ e activos bons que garantam esses depósitos) e o Banco Mau com o resto (como fizeram com o BES). Depois, mediante a entrega dos activos bons, o BCG pode emprestar o dinheiro até um máximo global de 60 mil milhões € (caso o BCE não rasgue o Memorando da Troika!). O Banco Mau fica entregue a si próprio (como o nosso BES está) e o mais natural é que declare falência.
Um a um, os banco gregos terão que ser resolvidos.
E o futuro?
A economia é melhor que a saúde onde, havendo abordagens alternativas tipo bruxo, o paciente morre.
Os esquerdistas vão implementar medidas totalmente erradas e contra tudo o que se sabe em Economia. O desemprego vai crescer, a economia afundar e, daqui a uns meses ou anos, vão perder as eleições contra um candidato qualquer que vai promete chamar a Troika de volta e retomar o "caminho da austeridade".
Foi exactamente isso que nos aconteceu em 1974 com tudo a virar para o caminho soviético para, logo em 1977, o Mário Soares (alegadamente esquerdista) ter que chamar o FMI (e outra vez em 1982).
A história é assim.
Alguém se lembra que na WWII os alemães nazis mataram 6 milhões de ucranianos soviéticos? Alguém se lembra de como os ucranianos odiavam os alemães e amavam os russos?
Alguém acharia possível que hoje os países da "Europa de Leste" odeiassem os russos como odeiam e que a Alemanha fosse a grande aliada da Ucrânia contra a Rússia?
Com a Grécia vai ser igual. Estes esquerdistas batem com a cabeça na parede, com isso ajudam o novo povo a ver onde vai dar o "outro caminho" do António Costa e, daqui a uns tempos, tudo volta ao normal.
Volta a Troika e tudo será esquecido mas com os gregos mais pobres.
Falta uma palavrinha sobre o António Costa.
Os camaristas de Lisboa anunciaram em parangonas que reduziram o endividamento da câmara.
Lá no meio falaram em voz baixa que as receitas do IMI explodiram.
Mas isso aconteceu porque a Troika assim obrigou o Passos Coelho a fazer.
Afinal foi a Troika e a politica de Austeridade que meteu dinheiro na Câmara de Lisboa.
E o Costa não disse que " assim que o PS for governo, vamos acabar com essa espoliação dos proprietários de imóveis imposta pelos ditames da Sr.a Merkel".
Mau!
Já há muito que não falo do Ébola.
Desde Dezembro que as coisas estão a correr bem ao ponto de, em pouco mais de um mês, o número de novos casos ter reduzido para metade. Em Dezembro estava nos 110 casos por dia, agora está nos 55 casos por dia, a manter-se a tendência, em Março haverá 25 casos por dia em fins de Abril 10 casos por dia e em Maio acaba com uns 10 mil mortos.
Pedro Cosme Vieira
O capital é tudo o que, com sacrifício, foi poupando e acumulado podendo ser máquinas e as ferramentas, melhoramentos nos recursos naturais ou escolaridade.
Ao longo do tempo a produção vai evoluir
Produção(t = 0) <= Função do {Capital(t = 0); Recursos Naturais (t = 0); Trabalho (t = 0)}
Produção (t = 0) => Consumo (t = 0) + Poupança(t = 0)
Capital (t = 1) <= Capital (t = 0) + Poupança(t = 0)
Produção(t = 1) <= Função do {Capital(t = 1); Recursos Naturais (t = 1); Trabalho (t = 1)}
Isto é fatal como o destino.
Como os recursos naturais não se multiplicam e as pessoas não querem trabalhar mais, para haver crescimento económico, i.e., para que a Produção(t = 1) seja maior que Produção(t = 0), o capital tem que aumentar de período para período o que implica que tem que haver poupança.
São tudo decisões difíceis pois poupar prejudica o consumo actual e "no futuro estamos todos mortos" e trabalhar custa muito.
Segunda verdade => As vontades das pessoas encontram-se no mercado.
Ouvem muito falar do "mercado" mas provavelmente nunca ninguém vos explicou o que isso é. De facto não passa do local onde se encontram das vontades das pessoas.
Se eu quero trabalhar e existe um empresário que quer contratar um trabalhador, o mercado é,
=>do lado da oferta, a entrevista em que eu me apresento, digo as minhas competências e o salário que pretendo e,
=> do lado da procura, o empresário que apresenta a empresa, as necessidades do posto de trabalho e o salário que pretende pagar.
A variável em discussão no mercado vai ser o preço (o salário de equilíbrio) e a quantidade (haver ou não contratação).
Por exemplo, para o tipo de trabalho que vou fazer, peço 5000€/mês e o empresário, para as minhas competências, oferece-me 600€/mês. Vamos discutindo longamente e chegamos a "equilíbrio" nos 850€/mês. Este preço é bom para mim e bom para o empresário pois, caso contrário, o mercado equilibrava pela quantidade: se fosse mau para mim eu não aceitava o emprego (continuava a escrever no blog) e, se fosse mau para o empresário, não me contratava (deixava o lugar por preencher).
A concorrência.
Como no mundo não existo apenas eu nem apenas esse empresário, para mim até poderia bom um salário de 700€/mês mas não o aceito porque tenho a convicção de que indo a mais entrevistas consigo arranjar uma proposta de 850€/mês. O empresário não me paga 1000€/mês porque tem a convicção de que entrevistando mais pessoa, consegue um trabalhador por 850€/mês. Então, os 850€/mês é o preço de mercado concorrencial e serve de medida para todos os "mercados bilaterais".
E se houver um preço mínimo obrigatório?
Vamos supor que tinha havido eleições nas quais o candidato vitorioso tinha prometido que o Salário Mínimo iria aumentar para 1000€/mês.
Na minha entrevista, o empresário saberia que não conseguia contratar ninguém por 850€/mês mas, mesmo assim, só me pagaria esse salário se eu, em previsão, conseguisse produzir mais do que 1000€/mês.
Se assim não fosse, eu ficaria desempregado.
Então para que serve o Salário Mínimo?
Serve apenas para, quando há muitos trabalhadores (concorrência na oferta) e apenas um ou dois empresários (monopólio na procura), o empresário não esmagar o trabalhador que vai à entrevista.
Mas todas sabemos que existem muitos empregadores, milhares e milhares, pelo que o problema do monopólio do lado da procura não existe. Então, a existência de salário mínimo apenas tem objectivos eleitorais junto de eleitores que são ignorantes em Economia mas com o custo social de causar a exclusão do mercado de trabalho das pessoas menos produtivas como sejam os jovens, as mulheres e as pessoas de baixa escolaridade e competências.
O Salário Mínimo causa exclusão.
Se quem ganha 400€/mês é pobre, o que será uma pessoa que não consegue arranjar trabalho porque tem pouca escolaridade e competências?
Vai ser criado um protestante manipulável pelas elites que se dizem da esquerda para obrigar o governo a manter os seus privilégios. Reparem que todas as pessoas que aparecem na TV a dizer que "em Portugal existe muita desigualdade" têm rendimentos bem acima da média.
Vamos agora à Grécia ver o que fizeram nos últimos 4 anos de Troika.
Em 2012 a taxa de desemprego grego já estava nos 20% quando o governo grego aceitou a descida do salário mínimo para os 580€/mês (quando a Troika queria que descesse para 450€/mês).
A questão do salário mínimo é uma questão científica e não uma decisão política pois, caso o fosse, todos os governos subiriam o SMN para pelo menos 500000€/mês.
Em termos técnicos, se o SMN ultrapassar os 35% do PIB per capita começa a excluir do mercado do trabalho muitas pessoas.
O que fizeram os gregos?
Na Grécia, até à 2007 o SMN esteve nesse valor aceitável mas no período pós crise do sub-prime aumentou significativamente (por causa do aumento nominal e da diminuição do PIB pc) até atingir em 2011 56% do PIBpc. O ajustamento obrigou a que em 2012 o SMN descesse de 751€/mês para 580€/mês, desceu de 56% do PIBpc para 45% (ver, Fig. 2). Claro que deveria descer para 451€/mês mas já foi qualquer coisa.
Contas: o PIBpc grego é de 18222€/ano (WB, 2013), multiplicando por 35% e dividindo por 14 meses, dá 451€.
Fig. 2 - O SMN grego desceu 20 pontos
A descida do SMN grego foi acompanhada por uma descida do salário médio de 20% (ver, Fig. 3).
Fig. 3 - Os custos do trabalho grego desceram 20%
A descida dos custos do trabalho parou o crescimento do desemprego e inverteu a tendência (ver, Fig. 4).
Fig. 4 - Em meados de 2013 o desemprego começou a diminuir.
Deveria ser igualmente de 450€/mês pois actualmente temos o mesmo PIB pc grego. Em termos económicos o aumento do SMN para 505€/mês foi um erro (o SMN passou a ser de 39% do PIBpc) mas, em termos políticos, teve que ser.
O SMS grego acabou de ser aumentado por decreto para 751€/mês (58% do PIBpc) o que vai ser uma tragédia no mercado de trabalho pois o ajustamento será feito pela quantidade (o desemprego vai recomeçar a crescer).
Até podem ter taxas de desemprego de 99% porque isso é problema deles. Por isso, subirem o SMN para 751€/mês ou para 3000€/mês não nos afecta em nada, apenas afecta a eles.
O nosso problema (o problema dos não residentes na Grécia) traduz-se pelo défice na Balança Corrente que contabiliza todas as transacções económicas de um país com o exterior.
Se um país tiver a Balança Corrente deficitária terá obrigatoriamente que se endividar no exterior. Como o risco de bancarrota do estado grego é muito elevado, nenhum particular empresta dinheiro à Grécia pelo que, não sendo o financiamento da Troika, a balança corrente ajusta pela taxa de juro: o preço do crédito torna-se tão elevado que se torna impossível aos agentes económicos gregos endividarem-se face ao exterior.
Fig. 5 - As contas gregas com o exterior equilibraram-se
Agora, não é preciso a Sr.a Merkel fazer nada.
Concerteza que os gregos nunca pagarão nada do que devem mas não se vão endividar mais.
Há já vários anos que ninguém empresta um cêntimo à Grécia nem aos bancos gregos que não a Trioka pelo que não podem importar mais do que exportarem (mais o turismo e transferência).
Se o Holland, Putin, Obama ou outro qualquer quiser dar dinheiro aos esquerdistas gregos, eles podem gastar. Senão, vão ter que continuar o caminho actual de austeridade.
Como vai ser o mecanismo futuro.
Até ao dia 25 de Janeiro, quando o Governo tinha défice não previsto no Programa de Ajustamento pedia à Troika autorização para emitir dívida pública. Os bancos compravam essa dívida (i.e., emprestavam o dinheiro ao Estado a 3,5%/ano) porque sabiam que no dia seguinte podiam utilizar esses papeis de dívida pública para obter financiamento junto do BCE (a 0,25%/ano).
Agora, o BCE disse que não aceita mais esses papeis de divida pública grega como garantia de empréstimos. Quer isto dizer que o BCE acredita que o Estado Grego vai entrar em bancarrota total e, por isso, dá valor zero a esses papeis.
O que vai acontecer.
Lembram-se do "espaço bancário único" que os esquerdistas defenderam? Pois vai ser usado para apertar os gregos.
O balanço dos bancos gregos vai ser recalculado considerando que a dívida pública grega vale zero.
Depois, banco a banco, se o balanço continuar positivo, o Banco Central Grego, BCG, pode emprestar dinheiro para permitir que os depositantes transfiram os seus saldos para onde quiserem (naturalmente, para fora da Grécia). Se der negativo, o BCG tem que "resolver" o banco criando o Banco Bom (com as dividas aos BCE, os depósitos até 100mil€ e activos bons que garantam esses depósitos) e o Banco Mau com o resto (como fizeram com o BES). Depois, mediante a entrega dos activos bons, o BCG pode emprestar o dinheiro até um máximo global de 60 mil milhões € (caso o BCE não rasgue o Memorando da Troika!). O Banco Mau fica entregue a si próprio (como o nosso BES está) e o mais natural é que declare falência.
Um a um, os banco gregos terão que ser resolvidos.
E o futuro?
A economia é melhor que a saúde onde, havendo abordagens alternativas tipo bruxo, o paciente morre.
Os esquerdistas vão implementar medidas totalmente erradas e contra tudo o que se sabe em Economia. O desemprego vai crescer, a economia afundar e, daqui a uns meses ou anos, vão perder as eleições contra um candidato qualquer que vai promete chamar a Troika de volta e retomar o "caminho da austeridade".
Foi exactamente isso que nos aconteceu em 1974 com tudo a virar para o caminho soviético para, logo em 1977, o Mário Soares (alegadamente esquerdista) ter que chamar o FMI (e outra vez em 1982).
A história é assim.
Alguém se lembra que na WWII os alemães nazis mataram 6 milhões de ucranianos soviéticos? Alguém se lembra de como os ucranianos odiavam os alemães e amavam os russos?
Alguém acharia possível que hoje os países da "Europa de Leste" odeiassem os russos como odeiam e que a Alemanha fosse a grande aliada da Ucrânia contra a Rússia?
Com a Grécia vai ser igual. Estes esquerdistas batem com a cabeça na parede, com isso ajudam o novo povo a ver onde vai dar o "outro caminho" do António Costa e, daqui a uns tempos, tudo volta ao normal.
Volta a Troika e tudo será esquecido mas com os gregos mais pobres.
Falta uma palavrinha sobre o António Costa.
Os camaristas de Lisboa anunciaram em parangonas que reduziram o endividamento da câmara.
Lá no meio falaram em voz baixa que as receitas do IMI explodiram.
Mas isso aconteceu porque a Troika assim obrigou o Passos Coelho a fazer.
Afinal foi a Troika e a politica de Austeridade que meteu dinheiro na Câmara de Lisboa.
E o Costa não disse que " assim que o PS for governo, vamos acabar com essa espoliação dos proprietários de imóveis imposta pelos ditames da Sr.a Merkel".
Mau!
Já há muito que não falo do Ébola.
Desde Dezembro que as coisas estão a correr bem ao ponto de, em pouco mais de um mês, o número de novos casos ter reduzido para metade. Em Dezembro estava nos 110 casos por dia, agora está nos 55 casos por dia, a manter-se a tendência, em Março haverá 25 casos por dia em fins de Abril 10 casos por dia e em Maio acaba com uns 10 mil mortos.
Fig. 6 - Novos casos de Ébola por dia estão a diminuir (dados: ver wiki)
Pedro Cosme Vieira
1 comentário:
Visito habitualmente este blog. O Professor apresenta a economia de um modo muito objectivo, divertido e apimentado.
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