quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Não quero entrar em falsos otimismos

Já é dado assente, tanto nos pareceres de instituições especializadas como no discurso político que está no poder, de que as coisas irão correr melhor já em 2014.

Não querendo eu dramatizar nem fazer pouco de projeções que podem realmente antecipar alguma retoma económica, parece-me que o caminho de saneamento económico e público de Portugal ainda tem muitas etapas para percorrer.

À parte da questão das exportações e do aumento do turismo, que muito têm ajudado a manter o barco à tona de água, parece-me que a procura interna ainda tem um longo caminho para percorrer para baixo, e porquê?

Porque o Estado, aplicando toda a austeridade que lhe é possível, conseguiu reduzir a despesa em 10 mil milhões desde 2011, subiu os impostos numa percentagem que nem sei bem qual, mas o défice, ou seja, a diferença entre despesas e receitas manteve-se nos 10 mil milhões. Com privatizações e coisas que tais até tivemos em 2011 um défice mais baixo, mas não deixa de ser artificial.
O berbicacho aqui é conseguir reduzir despesa sem afetar de sobremaneira a receita, e portanto reduzir mesmo o défice para zero.

Até ver, pelo tipo de despesa que temos, baixá-la significa baixar receita fiscal, ficando o défice sempre na casa dos 10 mil milhões.
Quebrar este ciclo vicioso é quase impossível porque a esquerda em Portugal quer é estimular endividando-se, na esperança de que mais à frente as receitas fiscais subam e compensem o excesso de despesa agora criado, e a direita não se sabe muito bem o que quer.

Com 10 mil milhões de prejuízo anualmente, a dívida só tem um sentido: Ascendente.
Com ela, os juros e as amortizações, mais cedo ou mais tarde acabam por galopar.

Estas questões, aliadas à nossa demografia, à estrutura económica que possuímos e a um Estado que pesa 45% do nosso PIB e endividado já bem acima dos 100% do PIB, exigem do país muito para além das banais políticas de austeridade ou de estímulo.

Tiago Mestre

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