Já não é a primeira vez que ouço ou leio Alexandre Soares dos Santos afirmar que PS e PSD deveriam chegar a um entendimento, uma espécie de pacto de regime, com validade de 10 anos.
Fico confuso com tudo isto porque julgava eu que numa democracia escolhem-se projetos diferentes, políticos diferentes e ideias também elas um bocadinho diferentes.
É verdade que nas campanhas todos mentem, e isso envenena a própria democracia, mas pedir acordos desta dimensão e deste alcance teria que pressupor uma partilha muito grande de ideias e de visão de futuro para Portugal.
Onde ficaria a democracia como meio de escolha de quem queremos que exerça o poder delegado por nós?
Ficaria nas couves, e arriscar-me-ia a dizer que Alexandre Soares dos Santos está equivocado, já que o regime que hoje temos é exatamente a máquina perfeita de dividir para reinar. Querer mantê-la sugerindo em simultâneo pactos desta abrangência é semelhante a pedir aos consumidores do Pingo Doce que levem no carrinho só legumes quando a loja está cheia de milhares de outros produtos.
O pessoal tem que perceber que a democracia está cá para os momentos bons mas também para os momentos maus, e se nos maus é pouco eficaz, ou nos amanhamos com o que temos ou mudamos de regime.
Pedir aos políticos que se unam para definir uma estratégia para o país quando o que eles aprenderam a fazer a vida toda foi criticar o oponente político como forma de chegar ao poder é andar a dormir na forma.
Tiago Mestre
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