Mário Soares procura deixar uma última marca na política portuguesa antes de passar à maçonaria celeste. Daí o furor de livros sucessivos, intervenções diárias numa espécie de syndicated podcast na imprensa de confiança, a multiplicação de alvos, o martelar dos apelos à insurreição popular e à violência.
Aprisionado no reflexo da sua própria figura, distanciada a família das suas aparições patéticas, Mário Soares parece mais uma marioneta do seu secretário Vítor Ramalho que lhe indica o que dizer e o corrige. Enquanto António Arnault conjurou, em 28-11-2013, a Maçonaria para a luta anticapitalista - e até, infelizmente, o general Garcia Leandro concedeu, em 26-11-2013 na Rádio Renascença, que Soares tem razão no alerta de que a «a violência está à porta». Nos próximos dias, cúmplices de cordel que se arrebitam quando Soares lhes puxa a guita, figuras institucionais solenes abaixo de qualquer suspeita patriótica e melancias (pouco) católicas verdes de fé por fora mas rosadas por dentro, hão-de participar no mesmo peditório pela redenção da alma socialista ferida, tal como no futuro se desculpabilizarão se algum anarquista de esquerda levar a legitimação frentista de esquerda da violência à seriedade das bombas... O pagode pode não perceber o trabalho de orquestração, mas aqui é nossa obrigação notar que os naipes estão afinados.
Soares já não é ele, mas a representação holográfica difusa de um setor maçónico preocupado com a possibilidade de perda de poder na batalha que se aproxima e que tem em Vítor Ramalho (biografia incompleta) como uma espécie de mordomo do decrético ex-presidente. Desde a saída de Cavaco (primeiro-ministro...) que a Maçonaria tem o poder político do Estado português - Guterres era católico, mas discípulo de um «Deus relojoeiro» (com licença das belíssimas personificações do padre Nuno Tovar de Lemos) e quem punha e dispunha, com ampla licença, já era a fraternidade oriental. Portanto, o ataque de Soares não é fortuito, mas premeditado, com o propósito principal de cercar a Igreja Portuguesa no seu reduto, silenciá-la com a sentença de uma culpa que não tem, evitar que defenda os seus valores e, acessoriamente, preservar as posições e deferência que manteve na Rádio Renascença e na Universidade Católica. Assim, D. Manuel Clemente é o alvo simbólico de Soares que pretende atingir e condicionar toda a Igreja portuguesa.
Na penúltima fase do socratismo, o socialismo maçónico também se afligiu muito com a oportunidade de barrela política da corrupção de Estado. Nessa etapa decadente era vê-los, e aos seus acólitos da esquerda romântica e sindical, a enfileirar o beija-mão no Terreiro da Sé do Porto, conscientes, O, tentando cerzir o tecido social rasgado pelo radicalismo socratino absolutista, e economicamente corrupto, do aborto, do casamento homossexual, da perseguição clerical à religião nas escolas, hospitais e prisões, e suavizar críticas. Era uma época de loas e prémios. O próprio Soares elogiava em 11-12-2009, D. Manuel Clemente como «uma grande figura ética para todos os portugueses», «uma grande figura da Igreja», «uma pessoa relevante para o nosso país e um grande português", com «grande capacidade de diálogo», destacando a sua «intervenção cívica», a «postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, do combate à exclusão e da intervenção social da Igreja»
A corte dos socialistas chegou até à escolha de D. Manuel Clemente como novo Patriarca de Lisboa, em substituição de D. José Policarpo com quem os socialistas, e inclusivé Sócrates tinham maior cumplicidade. Deu-se então um corte de Soares, mal disfarçado de irritação de palmas a Cavaco e Coelho na missa de tomada de posse, no convento dos Jerónimos em 7 de julho de 2013 - que designou de «claque dos capangas» (sic!) -, pelas quais o novo pastor de Lisboa foi acusado, dois dias depois em crónica no DN, de ter deixado acontecer e não ter reagido, embora tal tenha acontecido enquanto se paramentava na sacristia...
Mário Soares volta à carga violenta em artigo de hoje, 30-11-2013, no Público, intitulada «O Papa Francisco e a Igreja portuguesa», critica brutalmente D. Manuel Clemente (um prelado impoluto, como se pode ler na biografia escrita por Ricardo Perna, José Carlos Nunes e Sílvia Júlio (publicada em julho de 2013 na editora Paulus). O novo Patriarca, e futuro cardeal, parece ser um alvo de oportunidade na trincheira de onde dispara ao azar contra aqueles que censuraram o seu objetivo apelo à violência política, no segundoCongresso das Esquerdas, em 21-11-2013, na Aula Magna da Universidade de Lisboa, evidenciado no seu discurso (escrito...) na utilização do advérbio de mau modo «necessariamente»:
«O Presidente e o Governo devem demitir-se (...) enquanto podem ir ainda para as suas casas pelo seu pé. Caso contrário, serão responsáveis pela onda de violência que aí virá e necessariamente os vai atingir.» (Sublinhado meu).Recordo que, Mário Soares procurou em 27-11-2013 sustentar a sua posição de necessidade da violência que irá atingir «o Presidente e o Governo», na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, de 24-11-2013. Embora, como eu tenha mostrado em nenhum ponto da nova exortação o Papa apele à violência ou a legitime, como fizeram vários, além de Soares, no dito encontro das Esquerdas.
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