Caros leitores e leitoras, desde há uns anos que acompanho com alguma regularidade os negócios da PT que são do domínio público.
É de louvar terem arriscado no Brasil ao comprarem a Vivo, empresa sem projeção e com prejuízos.
Reestruturaram-na, modernizaram-na, e venderam-na por uma pipa de massa aos espanhóis.
Compraram logo de seguida a Oi, que acredito estar no caminho certo com esta gestão da PT.
Defenderam-se muito bem da OPA da Sonae. (capitalismo a funcionar)
Estão em África, e certamente em tudo o que é mercado emergente.
Investiram em Portugal na fibra ótica, lançaram o MEO, promoveram novos conteúdos, novos canais.
Mas também tiveram maçãs podres, como foi o caso daquele administrador que agora não me lembro do nome, envolvido nas escutas do Sócrates, a propósito da venda da TVI à MediaCapital e daquela história do Taguspark em 2009/2010
Dão lucro todo o santo ano, distribuem-no pelos acionistas, mantêm e criam postos de trabalho e modernizam permanentemente a companhia. É uma pena não serem meus clientes.
Esta semana decidiram trazer a Portugal investidores com muita massa, tendo juntado a si as melhores empresas portuguesas no segmento das comunicações para piscarem os olhos uns aos outros.
Zeinal Bava e Henrique Granadeiro estão mesmo de parabéns. Até o raio do vinho que Granadeiro produz na sua herdade, o Poliphonia, é bom.
Tiago Mestre
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Radar
Para todos nós que corremos o sério risco de não ter reforma nem serviços de saúde praticamente gratuitos pouco mais resta que poupar.
Ulrich quer 'Plano Merkel' para países do Sul da Europa
Os banqueiros adoram quando as máquinas imprimem...
Um em cada quatro espanhóis está sem trabalho. Maioria dos 80 mil empregos perdidos em agosto e setembro eram públicos
MUNDO:
EUA devem ter prejuízo diário de mais de US$ 10 bi com o Furacão Sandy Na visão Keynesiana, este tipo de eventos estimula o crescimento económico!
EUA devem ter prejuízo diário de mais de US$ 10 bi com o Furacão Sandy Na visão Keynesiana, este tipo de eventos estimula o crescimento económico!
FRASE DO DIA:
Quem tinha de enriquecer já enriqueceu. Quem tinha de empobrecer... empobrecerá ainda.
Por Pedro Santos Guerreiro
Por Pedro Santos Guerreiro
VÍDEO:
O SISTEMA ELEITORAL NORTE-AMERICANO
ESCRITA EM DIA:
Blogue: O Insurgente
Mapa Eleitoral – EUA 2012
Humor:
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Supostamente já há acordo entre a Troika e a Grécia para o OE 2013
Samaras, primeiro-ministro grego, estava mortinho por avisar a comunidade internacional de que já havia acordo com a troika para as medidas de austeridade a implementar em 2013.
E assim foi, em alto e bom som.
Mas, mais uma vez, "esqueceu-se" de referir que o partido da Esquerda Democrática, amigo de coligação do governo, já informou também a comunidade internacional de que está contra estas medidas.
Irá votar contra? ou irá abster-se? Se se abstiver e toda a oposição votar contra, acho que este pacote de austeridade será chumbado, para além de que tal epifenómeno obrigará o governo a rastejar na lama, arrastando o país para novas eleições, etc, etc, etc.
Na próxima semana saberemos o resultado da votação no parlamento grego, e depois logo se verá.
Notícia Reuters
Tiago Mestre
Para quê mudar se está tudo bem? (Parte 3)
Já começámos a ouvir na comunicação social governantes a falarem em reduzir despesa na ordem dos 4 - 5 mil milhões entre 2014 e 2015.
Ainda está longe dos 10 mil milhões de euros que tanto falámos no Contas, mas sempre é melhor do que nada. Sempre é melhor do que dizer que cortando umas gordurinhas aqui e acolá tudo acabaria bem, como nos quiseram fazer crer há ano e meio.
E também já há uns zum-zuns de que a Constituição também terá que ser alterada, eufemisticamente apelidada de "refundação do memorandum da troika".
Também é melhor do que nada. A vaca sagrada começa a ser atacada, e mais vale tarde do que nunca.
Mas há sempre quem ache que não, que está tudo bem e que não poderia ser de outra forma:
Veremos até quando.
Mais uma vez, terá que ser um abanão do exterior a exigir mudanças em solo nacional. É triste.
Tiago Mestre
Ainda está longe dos 10 mil milhões de euros que tanto falámos no Contas, mas sempre é melhor do que nada. Sempre é melhor do que dizer que cortando umas gordurinhas aqui e acolá tudo acabaria bem, como nos quiseram fazer crer há ano e meio.
E também já há uns zum-zuns de que a Constituição também terá que ser alterada, eufemisticamente apelidada de "refundação do memorandum da troika".
Também é melhor do que nada. A vaca sagrada começa a ser atacada, e mais vale tarde do que nunca.
Mas há sempre quem ache que não, que está tudo bem e que não poderia ser de outra forma:
Veremos até quando.
Mais uma vez, terá que ser um abanão do exterior a exigir mudanças em solo nacional. É triste.
Tiago Mestre
Para quê mudar se está tudo bem? (Parte 2)
Et voilá!
Tudo está bem quanto acaba bem.
Draghi esquece-se de afirmar o seguinte:
Se as obrigações dão lucro, quando pensa ele vendê-las novamente no mercado secundário?
Se são ativos tão bons, nada como vendê-los no mercado e realizar mais valias.
Pois, o que Draghi não diz é que a relativa acalmia e consequente aumento do preço das obrigações deve-se, tão só, à posição UNILATERAL de compra por parte do BCE.
Ele que as ponha à venda no mercado para ver a reação dos investidores.
Há países melhores e piores dentro da zona euro, mas todos sem exceção apresentam contas nacionais vergonhosas. Dívidas públicas estão em média pelos 90% do PIB, bem acima do acordo de Maastricht. Défices públicos acima dos 3% do PIB idem.
Com umas contas rápidas, percebe-se que 1€ de dívida nova quanto muito consegue gerar 0,3€ de crescimento no PIB. Onde querem chegar assim? A lado nenhum.
Tiago Mestre
Para quê mudar se está tudo bem?
Eis o passo de mágica de Mario Draghi ao anunciar o OMT (Outright Monetary Transactions) em Setembro:
"Caso os países peçam resgate, poderemos comprar toda a dívida soberana que for necessário."
E pronto, para a maioria dos investidores, continuar a deter obrigações soberanas de países problemáticos, como Portugal, Espanha e Itália deixou de ser assim tão problemático. Aliás, certamente que muitos fundos de investimento viram a oportunidade e enterraram lá o seu dinheiro.
Só com a Grécia é que o "barro já não cola". Porquê? Porque é reconhecido por todos que a Grécia está insolvente, ao contrário dos restantes países, que (ainda) se julga que estão apenas com problemas de liquidez.
Todos os investidores que estão a enfiar o seu dinheiro em obrigações soberanas portuguesas, espanholas, italianas, e mais algumas, parece-me que não estão a ver bem o filme. Passo a explicar:
Desde que Draghi lançou o LTRO 1 e 2 em Dezembro 2011, temos assistido a uma certa inversão nos preços e nas yields das várias obrigações soberanas.
Mas não foi logo assim em todos os países. Espanha e Itália só se juntaram a este comboio depois de Draghi ter anunciado que tudo iria fazer para manter o Euro, em inícios de Agosto; e foi já em Setembro, ao afirmar que iria comprar toda a dívida que fosse necessária, que o pessoal acalmou os nervos e lá manteve os ativos no seu portfolio.
Hoje há um sentimento de maior segurança em relação a estas dívidas, não porque os países estão a sair da recessão e a equilibrar as suas contas, bem antes pelo contrário, mas porque o BCE patrocina tudo o que for preciso. Com este regime gigantesco de incentivos, que a mim muito me surpreendeu, sobretudo devido ao volte-face da Merkel e seus acólitos depois do Verão, o abismo para já não mora aqui.
Mas o problema é que o gato deixou o rabo de fora:
Os indicadores económicos e financeiros destes países continuam a deteriorar-se, e objetivamente falando, não se vê nem ferramentas nem energia suficientes para corrigir tais desequilíbrios. Como escrevemos anteriormente, em toda a zona euro, para se criarem 132 mil milhões de euros em riqueza, foi necessário gerar 400 mil milhões de euros em dívida. O pouco crescimento que há continua totalmente alavancado em emissão de nova dívida.
Para já, os bancos e fundos de investimento vão ganhando dinheiro com a aquisição destas obrigações, na medida em que se a yield desce, tal significa que o preço da obrigação está subindo, reforçando o ativo do banco e respetivos rácios.
Mas um dia haverá em que, como já se fala na Grécia, se percebe com a maior das evidências que com tão pouco crescimento económico e tanta dívida acumulada, o país torna-se uma prisão financeira, sem energia para amortizar capital e pagar juros.
Aí vem mais uma bancarrota, e quando os alarmes soarem, volta outra vez tudo a querer vender o lixo tóxico que possui no seu portfolio, que outrora eram obrigações que fortaleciam o ativo do banco.
Este é o ciclo mortífero dos bancos, que eu apelidei em tempos num post do Contas:
1. Aquisição de obrigações soberanas
2. Rendem yield e fortalecem o ativo do banco por estarem a subir de valor
3. O banco compra ainda mais dívida para se fortalecer e usar como colateral junto do BCE para se endividar ainda mais.
4. No dia que as obrigações começam a ser despejadas no mercado (já aconteceu tantas vezes no passado recente, que até custa a acreditar que se estão a enfiar novamente na toca do lobo, mas enfim.) desmorona-se novamente o edifício, ficando novamente os bancos sem liquidez, e no limiar da falência.
5. Lá tem o BCE que intervir novamente através da impressão de moeda para segurar os cordelinhos e não deixar que vá tudo abaixo.
É a dicotomia que já tantas vezes referi entre o decidir fácil JÁ e o difícil algures DEPOIS; e o seu contrário.
Assim percebe-se porque é que o ser humano está sempre a meter-se em alhadas, mesmo que estas lhe tenham acontecido exatamente da mesma forma há muito pouco tempo.
É que se as circunstâncias se repetirem, como está novamente a acontecer, parece que deixamos de ter vontade de aprender com os erros cometidos recentemente já que tais ensinamentos obrigam-nos a decidir de forma difícil JÁ e fácil DEPOIS.
E isso é... uma chatice.
Tiago Mestre
Coincidência ou foi tudo combinado?
Esquisito!
A afirmação da ministra espanhola é a mais caricata, já que dias antes se soube que o desemprego em Espanha atingiu um novo recorde, acima de 25%.
Engana-me que eu gosto.
Tiago Mestre
A afirmação da ministra espanhola é a mais caricata, já que dias antes se soube que o desemprego em Espanha atingiu um novo recorde, acima de 25%.
Engana-me que eu gosto.
Tiago Mestre
Radar
PORTUGAL:
32,4 mil milhões de euros 'voaram' para fora do país
É uma fuga recorde de capital estrangeiro para fora de Portugal, de 32,4 mil milhões de euros, nos primeiros noves meses do ano.
Refundação, revisão, pré condição.... E que tal passarmos à ação?
Na era do confisco...
EUROPA:
‘Fukushima monetário’ precipita fim do euro? (obrigatório ler e ouvir!!!)
Pedro Brás Teixeira, ex-adjunto da então Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, não acredita na suavização dos efeitos do adeus da Grécia ao Euro. “É impossível criar um muro de protecção à volta da Grécia. Entendo que a saída da Grécia da zona euro irá levar – devido aos créditos que tem – à falência de todos os bancos centrais da zona euro. Em particular do Bundesbank. Quando os alemães virem que o seu querido Bundesbank faliu devido à Grécia imagine-se como irão reagir.
“O fim do euro será um grande retrocesso. A confirmar-se esse cenário, a construção desta união monetária terá sido um passo maior que a perna. Podemos ter um pequeno exemplo das tensões que poderá criar: quando a Islândia desvalorizou a sua moeda, criou controlo de capitais para evitar a fuga, o que aconteceu? Deixou de pagar aos credores externos. Isto é: todos aqueles bancos que estavam altamente endividados deixaram de pagar aos bancos ingleses e holandeses. Foi enorme o grau de recriminação que existiu na altura contra a Islândia, um país de 300 mil pessoas. Com este quadro de ‘pequeno país Vs potência europeia’, imaginar este cenário reproduzido à escala de vários países europeus é realmente muito complicado” é o exercício proposto por Luciano Amaral."
“O fim do euro será um grande retrocesso. A confirmar-se esse cenário, a construção desta união monetária terá sido um passo maior que a perna. Podemos ter um pequeno exemplo das tensões que poderá criar: quando a Islândia desvalorizou a sua moeda, criou controlo de capitais para evitar a fuga, o que aconteceu? Deixou de pagar aos credores externos. Isto é: todos aqueles bancos que estavam altamente endividados deixaram de pagar aos bancos ingleses e holandeses. Foi enorme o grau de recriminação que existiu na altura contra a Islândia, um país de 300 mil pessoas. Com este quadro de ‘pequeno país Vs potência europeia’, imaginar este cenário reproduzido à escala de vários países europeus é realmente muito complicado” é o exercício proposto por Luciano Amaral."
Europa que poupa foge da Europa que deve
A confiança está em alta!
Novo governo holandês elege consolidação como "prioridade absoluta"
Só os socialistas é que ficam admirados com este tipo de políticas.
Só os socialistas é que ficam admirados com este tipo de políticas.
MUNDO:
Empresas asiáticas se preparam para dias ruins
FRASE DO DIA:
VÍDEO:
Os recados do FMI para Portugal
ESCRITA EM DIA:
Blogue: Corta Fitas
Humor:
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
O erro das previsões
Temos assistido a um chover de criticas às previsões do governo, nomeadamente criticas ao ministro Victor Gaspar.
A esmagadora maioria critica e dá a entender aos ouvintes que o problema reside na capacidade ou incapacidade técnica do ministro.
Os economistas que aparecem na televisão dão a entender que o modelo utilizado pelo ministro é errado, mas que o modelo que estes tem é que é o correcto.
Ouvi (não me recordo quem) que se o ministro não acerta deve se demitir e deveria ir para lá alguém que acertasse.
Esta discussão se o governo consegue prever com exactidão se o desemprego vai ser 16,5% ou se vai ser 16,9% é fascinante.
Este tipo de discussão revela quanto o planeamento central está indoctrinado nas mentes da maioria das pessoas.
Mas esta discussão tem de se fazer sobre a capacidade de previsão na economia, e se a economia é uma ciência.
Nas universidades é ensinada a teoria neoclássica, os alunos mesmo sem o saberem saem destas a pregar que a economia é uma ciência, como a física e com capacidade de prever com exactidão "cientifica" a realidade.
Mas é a economia uma ciência como as ciências naturais?
A resposta é que não, a economia é como disse Von Mises é "o estudo da Acção Humana", como é que o individuo se relaciona com os outros no mercado, sendo este um processo dinâmico.
Hayek chamava a este devaneio de "scientism".
Porque é que estes economistas erram as previsões?
Existem várias razões para que isto ocorra, vamos analisar algumas.
Qual é o conceito de economia que estes economistas tem? Para estes economia é a ciência de maximização sujeito a restrições, não é para eles o estudo da acção humana.
Como tratam estes a informação?
Para eles os fins e meios que pretendem a informação é completa, objectiva e constante.
Para estes economistas o valor é objectivo e mensurável.
Na minha modesta opinião aqui é um dos erros maiores da teoria neoclássica, Carl Menger demonstra de forma fenomenal que o valor dos bens é subjectivo e não mensurável, e é algo que se reflectirmos chegamos lá.
Quando era miudo diziam me "os gostos não se discutem", a ideia que quero transmitir é que o gosto(Valor) que cada um dá às coisas é pessoal é seu, logo é subjectivo. Como disse Von Mises "reside dentro de cada um de nós", nada tem valor intrínseco, vou dar o caso do ouro e o meu caso, para mim o ouro não é mais que um bem de troca indirecta(os bens podem ser de troca directa, eu trocar directamente uma maça por uma pera, como podem ser de troca indirecta, eu tenho uma maça quero uma pera, mas o Tiago quer uma laranja, mas o vivendi tem uma laranja e quer uma maça, então eu troco com o vivendi para depois trocar com o Tiago), como os outros o valorizam este tem valor para mim por esse motivo, porque se ninguém lhe desse valor não teria valor para mim.
O seu ponto de referencia é o modelo de equilíbrio geral e parcial, algo que não existe, e que pressupõe que o ser humano é estático e a realidade demonstra que o ser humano é dinâmico. Como ferramenta de estudo tem a sua utilidade, mas como objectivo a alcançar é algo errado.
O seu conceito de competição é o conceito de concorrência perfeita, um sistema completamente utópico e não muito lógico.
A matemática tem o seu lugar bem como a informação empírica, mas não são o santo Graal.
Como estes fazem um distinção entre macro e microeconomia, os agregados macroeconomicos não revelam a realidade, são apenas o somatório de decisões individuais.
E aqui chegamos ao ponto fulcral, as decisões são tomadas ao nível individual e não colectivo, devido a este aspecto as previsões falham, para as sabermos teríamos de perguntar a cada um o que irá fazer.
O PPC em entrevista diz "a receita do IA baixou muito mais que prevíamos, havia gente que podia comprar carro e não o fez", este pequeno excerto demonstra porque as previsões e o planeamento central irá sempre falhar.
Mas não se deve tratar prever? bem claro que se deve, mas uma previsão não ao "milímetro", mas antes tendências, dado que não mais que isso podemos prever, se determinado caminho leva a um aumento ou não do desemprego, ou dos preços, mas nunca quanto vai aumentar.
Os modelos são tentativas de simplificações da realidade, muitos são 2 consumidores e 2 produtores.
Deixo uma questão se é possível prever como defendem os neoclássicos, como é que chegamos a esta crise? Então não seria de esperar que esta tivesse sido prevista?
Porque é que os economistas de outras escolas avisaram que o que aconteceu e está acontecer "acertaram" e os que dizem ter a capacidade de acertar "erraram" e continuam a "errar" são os únicos que são escutados? e chamados a resolver os problemas que criaram?
Vira-se o feitiço contra o feiticeiro
Talvez pela primeira vez desde que a crise financeira se instalou na Europa em meados de 2009, que a elite política europeia começa a pagar forte e feio pelos erros que cometeu.
Até aqui agiu-se para salvar o dia-a-dia, criando-se toda a espécie de mecanismos e aldrabices financeiras para salvar estas duas grandes instituições que ameaçavam ruir:
- Setor Bancário europeu
- Dívida Pública do Sul da Europa
É natural que no olho do furacão (cimeiras e conselhos europeus), não seja possível à elite política refletir com o distanciamento e a abstração necessários à compreensão de um problema desta natureza e dimensão.
Por outro lado, a coragem que é necessária para o fazer também escasseia, logo, esta dicotomia entre decidir já o que é difícil ou decidir depois, tão desafiante para o cérebro humano, acabou por, mais uma vez, conceder privilégios ao decidir-se depois o que é difícil, ficando já decidido o que é fácil.
E o que se decidiu foi:
- Ou emitir dívida recorrendo a credores internacionais (ESM e EFSF)
- Ou recorrer à impressão monetária, quer sob a forma de emissão de dívida (LTRO 1 e 2) ou aquisições de dívida soberana (Trichet e OMT de Draghi)
Parecia fácil, não criava grandes chatices no presente, e algures no futuro as coisas tenderiam a resolver-se. A dívida pagar-se-ia porque com alguma austeridade os países punham as suas contas em ordem e rapidamente começariam a crescer, liquidando dívidas com as novas receitas fiscais.
Foi este o pensamento dominante dos esperançosos um pouco por toda a Europa, sendo os políticos o farol desta gestão vigarice de espectativas.
A matemática, como tantas vezes escrevi no Contas, era uma linguagem chata de se aplicar quando se tentava explicar às populações o que se estava a passar. A classe política preferiu usar a semântica, o lirismo, a retórica e a demagogia. Assim, sim, era possível passar a mensagem que se desejava passar.
Só quem fez umas contas é que percebeu o logro, e quem não o fez, tinha tendência a acreditar nas aldrabices que ecoavam nos meios de comunicação.
O FMI, num verdadeiro ato de contrição, em 2 semanas veio referir aquilo que a UE vinha a esconder há muito tempo para debaixo do tapete:
As Contas que se fizeram para correlacionar a austeridade com crescimento económico são um disparate.
A Grécia não se safa nem com austeridade nem sem austeridade. A sua dívida é de tal forma um Monstro que precisará de um segundo perdão em menos de 1 ano.
Só que desta vez a sugestão do perdão não é para com os privados, que já levaram com a cacetada em Março, mas sim para com os credores institucionais, aqueles que respondem pelo ESM, EFSF e BCE.
E quem são eles? O Bundesbank, os contribuintes alemães, franceses, italianos, holandeses, e por aí fora.
Esta sugestão do FMI é o primeiro indício de que as políticas executadas desde meados de 2009 começam a virar-se contra aqueles que as promoveram.
Afinal, a ajuda aos países mais fracos tem um custo.
Ninguém quis estudar o cenário e respetivas consequências à escala europeia caso um dos países entrasse em bancarrota.
Ninguém gosta de fazer cenários pessimistas, excepto aqueles que se tentam precaver para o pior. Haaa, mas a esses dá-se-lhes um nome: catastrofistas. Assunto resolvido.
Mais uma vez digo, agora é tarde de mais.
E Portugal pode tirar já o ticket, porque convêm ser dos primeiros a ficar na fila de espera.
Tiago Mestre
Radar
A partidocracia ao seu melhor estilo...
É aquela fase em que se corre sem querer olhar para o que ficou para atrás... Mas ainda longe de ver à frente qualquer meta.
MUNDO:
Começou com o Barclays, arrastou nomes fortes da banca mundial e, agora, há mais nove bancos na mira das autoridades norte-americanas por suspeita de manipulação da taxa Libor. O número de bancos sob investigação sobe para 16
De instituições financeiras a quadrilha internacional... Os bancos continuam a viver em outra dimensão.
FRASE DO DIA:
Pedro Passos Coelho anunciou a necessidade de refundação do acordo com a ‘Troika’, mas o que estava realmente a dizer é que é preciso refundar o Estado e o regime económico do País, processo que já deveria ter começado em Junho do ano passado, quando ganhou as eleições. A política da retórica serve para quê? (resposta a seguir...)
Juízes jubilados vão ser beneficiados nos cortes das pensões Serve para quando não se dá exemplos práticos de governação. De excepção em excepção até ao desastre final.
Irá agora a Alemanha discutir internamente a sua permanência no €? A não perder as cenas dos próximos capítulos...
Uma verdadeira bomba-relógio.
MUNDO:
Começou com o Barclays, arrastou nomes fortes da banca mundial e, agora, há mais nove bancos na mira das autoridades norte-americanas por suspeita de manipulação da taxa Libor. O número de bancos sob investigação sobe para 16
FRASE DO DIA:
VÍDEO:
No science behind economics, just voodoo
ESCRITA EM DIA:
Blogue: Portugal Contemporâneo
Quadro:
O escândalo da LIBOR
domingo, 28 de outubro de 2012
A Belinha e o Monstro
Fonte: Eurostat
Num ano, a dívida nos países da Zona Euro cresceu 400 mil milhões de euros, quando o PIB apenas cresceu 132 mil milhões de euros.
São 3 unidades de dívida para 1 unidade de riqueza produzida.
A este ritmo atingiremos em 2015 os 100% do PIB.
Mas como prémio de consolação, podemos sempre olhar para o outro lado do Atlântico, onde a dívida já vai em 103% do PIB:
A miséria dos outros é sempre reconfortante aos olhos dos invejosos.
Tiago Mestre
Economia 2000
Economia portuguesa vai encolher para
nível de 2000
As previsões do Governo e da 'troika'
apontam para que a economia portuguesa vá encolher no próximo ano para o nível
mais baixo desde o ano 2000.
Considerando as previsões do FMI
divulgadas na quinta-feira, nem em 2017 o Produto Interno Bruto (PIB) real
português conseguirá ultrapassar o máximo atingido em 2007.
Em 2011, o PIB de Portugal foi 159.391
milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Este valor é calculado em volume - ou seja, está ajustado para os efeitos da
inflação - e toma como referência o ano 2006.
Considerando que tanto o Governo como a
'troika' preveem para este ano uma contração de 3 por cento na economia, o PIB
para 2012 ficará nos 154.610 milhões de euros. As autoridades esperam que em
2013 a economia volte a encolher mais 1 por cento - o que deixaria o PIB real
nos 153.063 milhões de euros.
Para encontrar um PIB português inferior a
este número é preciso recuar até ao ano 2000: 152.156 milhões de euros.
Governo e 'troika' esperam que as coisas
comecem a recuperar já no próximo ano, e que em 2014 volte a haver crescimento,
embora tímido: 1,2 por cento. Para os anos seguintes, o Fundo Monetário
Internacional atribui uma taxa de crescimento fixa - 1,8 por cento até 2017.
notícia aqui
Análise:
O estado social terá de descer também para
os níveis de 2000. Conheça a análise comparativa dos números aqui (minuto 10:35)
Atraso no relatório da Troika à Grécia começa a ser percebido
Segundo percebi da notícia avançada pelo der Spiegel, parece que os motivos do atraso na apresentação do relatório da Grécia pela troika começam a ser desvendados a conta gotas:
Notícia aqui
Os bastidores estão literalmente ao rubro, e pelos vistos há propostas para uma nova bancarrota controlada, mas desta vez com a inclusão do setor público, ou seja, o BCE, o FMI e a CE.
Tem sido este tipo de solução que tenho defendido para Portugal, ou seja, cortar nos credores públicos internacionais.
Resta saber os pormenores da operação, ou seja, quais os montantes, as maturidades, as contrapartidas, etc.
Mas certamente que as reações dos EUA, da China, do Reino Unido, da Alemanha e do próprio BCE serão objeto de muita discussão pública, e muita tinta irá correr após as eleições nos EUA.
Não esquecer que um corte deste género será visto como mais um roubo aos contribuintes dos países que injetam dinheiro no FMI e no BCE.
Os contribuintes que se sentirão roubados poderão agradecer aos seus políticos cobardes que decidiram desde há 2 e 3 anos criar toda a espécie de fundos como o EFSF, a Aquisição de dívida ainda do tempo de Trichet pelo BCE, o LTRO 1 e 2, o ESM, e agora o OMT, com dinheiro que não têm nem nunca terão na vida.
São tudo mecanismos que na aparência parecem muito sofisticados, mas que na substância representam o maior confisco e usurpação de riqueza (pela calada) a que os europeus algumas vez já assistiram. Só na 2ª Guerra Mundial é que os alemães fizeram pior, mas não de forma cobarde: era invasão e confisco puro e duro.
Perdoar dívida à Grécia para que esta possa organizar as suas contas implica perder muita massa.
Escrevi isto há uns tempos no Contas:
Dívida grega em 2011: 170% do PIB
Dívida grega em Abril 2012, após a bancarrota: 130% do PIB
Dívida grega em 2013: 170% do PIB
Ou seja, a bancarrota de Março deste ano não serviu de nada, a não ser comprar 2 anos.
Quando os países não crescem economicamente (como Portugal, Grécia e Espanha, para já), o perdão de dívida tem que ser a sério, para que o corte no capital e nos juros devolva o orçamento do Estado para terreno de superavit (Défice zero). Continuando a haver défices é sempre necessário emitir mais dívida, e assim apenas adiamos o inevitável recorrendo à compra de tempo.
Tiago Mestre
Notícia aqui
Os bastidores estão literalmente ao rubro, e pelos vistos há propostas para uma nova bancarrota controlada, mas desta vez com a inclusão do setor público, ou seja, o BCE, o FMI e a CE.
Tem sido este tipo de solução que tenho defendido para Portugal, ou seja, cortar nos credores públicos internacionais.
Resta saber os pormenores da operação, ou seja, quais os montantes, as maturidades, as contrapartidas, etc.
Mas certamente que as reações dos EUA, da China, do Reino Unido, da Alemanha e do próprio BCE serão objeto de muita discussão pública, e muita tinta irá correr após as eleições nos EUA.
Não esquecer que um corte deste género será visto como mais um roubo aos contribuintes dos países que injetam dinheiro no FMI e no BCE.
Os contribuintes que se sentirão roubados poderão agradecer aos seus políticos cobardes que decidiram desde há 2 e 3 anos criar toda a espécie de fundos como o EFSF, a Aquisição de dívida ainda do tempo de Trichet pelo BCE, o LTRO 1 e 2, o ESM, e agora o OMT, com dinheiro que não têm nem nunca terão na vida.
São tudo mecanismos que na aparência parecem muito sofisticados, mas que na substância representam o maior confisco e usurpação de riqueza (pela calada) a que os europeus algumas vez já assistiram. Só na 2ª Guerra Mundial é que os alemães fizeram pior, mas não de forma cobarde: era invasão e confisco puro e duro.
Perdoar dívida à Grécia para que esta possa organizar as suas contas implica perder muita massa.
Escrevi isto há uns tempos no Contas:
Dívida grega em 2011: 170% do PIB
Dívida grega em Abril 2012, após a bancarrota: 130% do PIB
Dívida grega em 2013: 170% do PIB
Ou seja, a bancarrota de Março deste ano não serviu de nada, a não ser comprar 2 anos.
Quando os países não crescem economicamente (como Portugal, Grécia e Espanha, para já), o perdão de dívida tem que ser a sério, para que o corte no capital e nos juros devolva o orçamento do Estado para terreno de superavit (Défice zero). Continuando a haver défices é sempre necessário emitir mais dívida, e assim apenas adiamos o inevitável recorrendo à compra de tempo.
Tiago Mestre
sábado, 27 de outubro de 2012
A cómica sociedade portuguesa
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"
Uma das últimas tendências na
cómica sociedade portuguesa tem sido o de repugnar totalmente as medidas de
austeridade, tanto o aumento de impostos como o corte na despesa ou até o apoio
às empresas, do qual se destaca a TSU. Não há dia que não observamos um qualquer
freguês nas redes sociais ou nos comentários da imprensa online a pregar as
suas “abensonhadas” teorias do consumo. Segundo estes, a solução da crise está
no aumento do nível salarial (?), pois se não houver dinheiro, não se vai às
compras, o supermercado não vende e, no mês seguinte, fecha, etc. Só um
pormenor… Onde vão buscar a “massa”? Até prova em contrário o Pai Natal não
existe e os alemães não vão abrir os cordões à bolsa depois de tanta trafulhice
no Mediterrâneo.
Pior, inimaginavelmente, são mesmo
os comentadores televisivos que dão crédito a estas teorias. De realçar Rúben
de Carvalho ou Constança Cunha e Sá, passando por Mário Soares (que não desiste
na impressão de notas a partir do nada) ou por João Ferreira do Amaral que ama
incomensuravelmente uma hipotética desvalorização cambial. Onde está a
responsabilidade da elite portuguesa? Será que ainda não leram sobre a crise
alemã nos anos 20? Ou sobre os múltiplos sucessos da austeridade no mundo? Ou
sobre as crises da hiperinflação? Por que razão está Mário Soares a receber
reformas chorudas dos nossos impostos para vir depois dizer estas barbaridades?
Antes de mais, leiam, reflictam, ponderem e só depois publiquem, pois como
sabem este povo ainda é muito influenciável, cada vez menos é certo, mas ainda
o é. É evidente que a solução não pode ser assim tão simples, até porque sempre
seguimos pela via mais fácil e deu no que deu. Mas nada que me espante; se
analisarmos bem os comentadores estão sempre atrás do que é popular, do que é
demagógico pois estão numa competição desenfreada pelas audiências.
Para
finalizar, só uma palavrinha para aqueles movimentos organizadores das
manifestações… Onde estavam vocês quando Sócrates lançou as inúmeras obras
megalómanas? Onde estavam vocês quando ele quase que duplicou a dívida pública?
Onde estavam vocês quando ele queria lançar a terceira auto-estrada
Lisboa-Porto? Onde estavam quando ele decidiu lançar o TGV? E a Parque Escolar
com obras de luxo? E as barragens? Onde estavam vocês quando a despesa subia
abruptamente? E o desemprego? “7% de desemprego, marca de uma governação
falhada”? Tomem e embrulhem! E a arrogância do Sócrates, lembram-se? Ahh,
chegaram agora… Tarde demais! O prato já está vazio.
Bernardo Botelho Moniz
Subscrever:
Mensagens (Atom)