Segundo percebi da notícia avançada pelo der Spiegel, parece que os motivos do atraso na apresentação do relatório da Grécia pela troika começam a ser desvendados a conta gotas:
Notícia aqui
Os bastidores estão literalmente ao rubro, e pelos vistos há propostas para uma nova bancarrota controlada, mas desta vez com a inclusão do setor público, ou seja, o BCE, o FMI e a CE.
Tem sido este tipo de solução que tenho defendido para Portugal, ou seja, cortar nos credores públicos internacionais.
Resta saber os pormenores da operação, ou seja, quais os montantes, as maturidades, as contrapartidas, etc.
Mas certamente que as reações dos EUA, da China, do Reino Unido, da Alemanha e do próprio BCE serão objeto de muita discussão pública, e muita tinta irá correr após as eleições nos EUA.
Não esquecer que um corte deste género será visto como mais um roubo aos contribuintes dos países que injetam dinheiro no FMI e no BCE.
Os contribuintes que se sentirão roubados poderão agradecer aos seus políticos cobardes que decidiram desde há 2 e 3 anos criar toda a espécie de fundos como o EFSF, a Aquisição de dívida ainda do tempo de Trichet pelo BCE, o LTRO 1 e 2, o ESM, e agora o OMT, com dinheiro que não têm nem nunca terão na vida.
São tudo mecanismos que na aparência parecem muito sofisticados, mas que na substância representam o maior confisco e usurpação de riqueza (pela calada) a que os europeus algumas vez já assistiram. Só na 2ª Guerra Mundial é que os alemães fizeram pior, mas não de forma cobarde: era invasão e confisco puro e duro.
Perdoar dívida à Grécia para que esta possa organizar as suas contas implica perder muita massa.
Escrevi isto há uns tempos no Contas:
Dívida grega em 2011: 170% do PIB
Dívida grega em Abril 2012, após a bancarrota: 130% do PIB
Dívida grega em 2013: 170% do PIB
Ou seja, a bancarrota de Março deste ano não serviu de nada, a não ser comprar 2 anos.
Quando os países não crescem economicamente (como Portugal, Grécia e Espanha, para já), o perdão de dívida tem que ser a sério, para que o corte no capital e nos juros devolva o orçamento do Estado para terreno de superavit (Défice zero). Continuando a haver défices é sempre necessário emitir mais dívida, e assim apenas adiamos o inevitável recorrendo à compra de tempo.
Tiago Mestre
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