Vamos falar um pouco sobre Brasil e Alemanha, porque parece que os times de futebol, ao menos nesse momento, representam suas nações?
Poucas nações sofreram mais do que a Alemanha no último século. Em duas guerras, foi bombardeada e Berlim foi praticamente reduzida à cinzas. Provocada a guerra e finalizada a mesma, o povo Alemão sofre até hoje com o peso da escolha de seus líderes, de seu próprio povo, afinal de contas, não podemos esquecer que estes chegaram ao poder por voto legítimo do povo Alemão. Reconstruídos, voltaram a liderar.
Em que pese a fama do relógio Suíço, não haveria nação que melhor representa o apego ao método, ao respeito, ao esforço máximo e à seriedade. Rígido como um Alemão. Foi a única das grandes potências do mundo a aplicar a verdadeira austeridade econômica, nos limites da democracia estabelecida, e hoje ela segura os outros vinte e cinco países da comunidade Européia, que insistem em condená-la, afinal de contas, querem de volta as prensas e o dinheiro fácil.
Novamente, a Alemanha foi a única das grandes potências mundiais a encerrar 2013 em superavit com dívida interna zerada, enquanto Americanos e Chineses bumpam suas economias com a onda infindável de expansão da base monetária. Em Berlim, não: Cada Euro é euro mesmo. É deles, não impresso sob mando da geração de mais um título de compromisso e pagamento (dívida).
Vamos lá, falando sério: Sete da Alemanha, time eliminado pelo Brasil em sua casa, na copa de 2006. Alguém viu um "Olé"? Uma tentativa de chapéu? Jogada desmoralizante? Alguém os viu tirarem um pingo de graça? Não, ao contrário, estavam constrangidos, ao final da partida e rumaram aos Brasileiros que conheciam, para confortá-los. A Alemanha não só venceu como deu uma lição de moralidade, civilidade, eficiência e retidão.
Bom, mas o texto era sobre Brasil e Alemanha. E quanto ao Brasil? O Brasil fez o que sempre soube fazer; o Brasil simplesmente manteve-se realizando a praxe de cada dia: Maquiando. Maquiamos nosso PIB, maquiamos nosso índice de desemprego, nossa escolaridade, nossa mortalidade infantil, nossa inflação real. Maquiamos tudo e achamos que poderíamos, de maneira criativa e midiática, maquiarmos também o futebol.
Perdemos em casa, enquanto que os nossos comentaristas atiravam os próprios colegas de trabalho ao fogo, culpando a todos eles, como se estes não houvessem sido também jogadores. Thiago Silva, o capitão do choro, veio, amparou Oscar e saiu de campo. Todos saíram, chorando ou carregando os que choravam. Quem ficou? Júlio César, o mesmo que foi apontado como pivot da derrota da última copa; o homem que falhou. O número 12 da vergonha. Ele foi lá e falou em nome do grupo, chamou para si a responsabilidade e disse: "Trocaria a minha falha pelos sete que tomamos aqui hoje". Meus parabéns. És digno de ostentar o nome de César!
A César o que é de César. Aos Alemães, a vitória merecida, tanto na vida quanto no futebol. Aos Brasileiros, a derrota, recheada com aquela boa e velha mania de que no jeitinho tudo podemos, mexendo aqui e acolá em qualquer canto chegaremos e que os gringos tem inveja de nós, porque Deus é Brasileiro.
Ícaro Carvalho
2 comentários:
Na comunicação social portuguesa não há, nem vocês encontram uma única notícia sobre a festa alemã. totalmente legítima, diga-se.
"Sete da Alemanha, time eliminado pelo Brasil em sua casa, na copa de 2006" esta frase não é verdade, a Alemanha em 2006 foi eliminada pela Itália e não pelo Brasil.
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