Um povo que não conhece a sua história é um povo condenado à desgraça...
(via História Maximus)
O retrato de Salazar é apeado por um militar "revolucionário" em consequência do 25 de Abril. |
"Não fazia o 25 de Abril se soubesse como o País ía ficar." - Otelo Saraiva de Carvalho
Noticiou recentemente o Jornal de Notícias que os portugueses estão hoje mais pobres e a ganhar menos do que em 1974.[1] Pessoalmente, o facto não me surpreende, pois há anos que assisto à destruição do meu País pela mão de uma elite de "adiantados mentais" que fazem muito mais pelo seu enriquecimento pessoal, do que pelo enriquecimento da Pátria como um todo.
O facto de os portugueses estarem hoje mais pobres e a ganhar menos do que em 1974, fez-me por momentos reflectir em tudo aquilo que os demagogos adeptos da "revolução" de 1974 têm dito e feito contra a imagem e o bom-nome do professor Oliveira Salazar. Porém, para se compreender melhor onde quero chegar, recuemos ao passado.
Portugal ao iniciar-se a Primeira República em 1910, era um País profundamente doente em termos económico-sociais. A República com a qual alguns círculos ligados à maçonaria deliravam há décadas, havia sido apresentada como sendo a "panaceia universal" para resolver todos os problemas nacionais, no entanto, tal ficou muitíssimo longe de se verificar. Ao invés, aquilo que se verificou foi a total balbúrdia política a roçar na bandalhice. Isto deveu-se antes de mais ao facto de a República ter sido erguida com base em fórmulas estrangeiras importadas que nada ou muito pouco tinham a ver com a tradição política nacional e que por isso mesmo criaram muitos mais problemas do que aqueles que eventualmente vieram a resolver.
Chegados a 1926 e após dezasseis anos de eleições manipuladas, pseudo-democracia, caceteiros a rachar cabeças, perseguições políticas, partidocracia e corrupção em larga escala, Portugal estava na sarjeta. A ditadura militar foi então imposta não por mero capricho de alguns generais ávidos de poder e glória, mas por absoluta necessidade, pois estávamos em risco de deixar de existir como Nação soberana e independente. Hoje, infelizmente são poucos os que se lembram de toda esta miséria que antecedeu a ditadura de Salazar e nem convém ao actual regime dito "democrático" que tal seja recordado, não vão os portugueses começar a ter ideias "perigosas"...
O golpe de 28 de Maio de 1926 conseguiu efectivamente restaurar a ordem pública e dar alguma estabilidade e segurança a um País carente das mesmas. Mas não foi capaz de resolver o gravíssimo problema financeiro que nos afectava e a comunidade internacional da época, sob a forma da Sociedade das Nações, ofereceu uma pretensa "ajuda" com condições tão pesadas e humilhantes que esta foi liminarmente recusada por ter sido considerada como sendo um atentado à "dignidade nacional".
Esgotados assim praticamente todos os recursos e com a margem de manobra a reduzir-se de dia para dia, os militares decidiram recorrer a um certo professor de Coimbra que gozava de boa fama e tinha produzido alguns escritos que se haviam destacado nos meios académicos. O professor Salazar aceitou o cargo de Ministro das Finanças para o qual foi convidado, mas com algumas condições, entre as quais se destacava uma: a de poder ser ele a controlar as despesas de todos os outros ministérios.
A "ditadura financeira" de Salazar não tardou a produzir resultados positivos, em menos de dois anos criou-se um superavit nas contas públicas e a credibilidade financeira de Portugal entre o concerto das nações nunca mais parou de melhorar até ao dia 25 de Abril de 1974.
Resolvido assim o problema financeiro que os republicanos em dezasseis anos de "gloriosa república" nunca foram capazes de resolver, o governo de Salazar não tardou a deparar-se com várias crises internacionais que se seguiram em catadupa umas às outras. A primeira das quais foi o crash financeiro de Wall Street em 1929 ao qual se seguiu a crise da libra inglesa à qual nós estavamos irremediavelmente ligados, esta situação fez estremecer a economia portuguesa, mas mesmo assim e apesar das terríveis adversidades, o governo de Salazar conseguiu fazer com que o País atravessasse tudo isto de uma forma exemplar e sem deixar de continuar a evoluir economicamente, nem abrindo "buracos" financeiros como já é hábito acontecer em regimes ditos "democráticos".
Ainda na década de 1930 o governo de Salazar teve de se confrontar com a Guerra Civil de Espanha e logo de seguida a Segunda Guerra Mundial que exigiu a máxima habilidade diplomática da parte de Salazar para evitar que fossemos arrastados para uma guerra que teria tido consequências catastróficas para Portugal. Não bastando a neutralidade que conseguimos manter durante toda a guerra, ainda permitimos a entrada em território nacional de milhares de refugiados de guerra que foram generosamente recebidos e bem tratados.
Aqueles que acusam o professor Salazar de não ter feito mais para salvar refugiados de guerra, queriam o quê? Queriam que se colocasse em causa a neutralidade de Portugal com todas as consequências que daí poderiam advir? Queriam que provocássemos uma invasão alemã sem quaisquer garantias de que a Grã-Bretanha e os Estados Unidos conseguissem efectivamente defender o nosso território nacional? E mesmo que o conseguissem defender, quantas centenas de milhares ou mesmo milhões dos nossos compatriotas teriam de morrer até essa loucura terminar? E uma vez terminada a guerra, será que conseguiríamos restaurar a nossa independência ou ficaríamos reduzidos a uma colónia de outra qualquer potência?
Após a guerra, os Estados Unidos ainda nos tentarem ludibriar com o Plano Marshall, porém, o professor Salazar compreendendo o "esquema" que visava apenas a colocação maciça de capitais americanos em solo português, como primeira etapa para provocar a nossa dependência económica em relação aos Estados Unidos, recusou o mesmo. Mais tarde e após um estudo cuidadoso da situação, aceitámos uma pequena ajuda financeira que apesar de ser a fundo perdido, foi prontamente devolvida aos Estados Unidos em 1962 como uma bofetada à administração Kennedy, que sem qualquer provocação prévia decidiu apoiar movimentos ditos de "libertação" que atacavam e cometiam as maiores sevícias contra as populações negras e brancas das províncias ultramarinas em África.
Apesar de todas as adversidades e contratempos, Portugal sob a liderança de Salazar nunca deixou de progredir tanto em termos económicos, como sociais. Aqueles demagogos que falam do "atraso do Salazarismo" e da "longa noite fascista", deveriam de comparar o Portugal que Salazar herdou em 1928 com o Portugal que o seu regime deixou em 1974. Éramos, aliás, um País que registava um crescimento económico de 6,9% em 1973, sendo este ainda superior no Ultramar e o escudo português era então uma das moedas mais fortes do Mundo. O mais surpreendente é que conseguimos fazer tudo isto ao mesmo tempo que as Forças Armadas combatiam simultâneamente em três frentes de guerra separadas entre si por milhares de quilómetros!
Veja-se agora então a "obra" legada pelos "revolucionários" de 1974. Primeiro começaram por arrasar Portugal economicamente com a loucura infantil do PREC e estafaram as reservas de ouro e divisas que Salazar acumulou durante décadas. Não existiu da parte dos "revolucionários" de Abril a mínima preocupação em preservar alguma coisa de bom que tivesse sido feita pelo anterior regime. A indústria, a agricultura, as pescas, tudo acabou gravemente prejudicado e até hoje nunca mais recuperámos destes danos à nossa infra-estrutura económica.
Enquanto tudo isto se processava, os "revolucionários" em busca dos "amanhãs que cantam" colocaram em marcha a infame "descolonização" sem a realização de qualquer referendo ou consulta popular. As populações dos territórios ultramarinos foram simplesmente abandonadas à sua sorte e entregues ao jugo dos assim-chamdos "movimentos de libertação" que não gozavam de qualquer legitimidade popular e eram já responsáveis por inúmeros crimes contra a humanidade perpetrados contra negros e brancos. O desfecho da tragédia da "descolonização" (como não podia deixar de ser...) redundou em vários milhões de mortos, mutilados e traumatizados e uma limpeza étnica da população branca em toda a África Portuguesa. Até hoje, nem o governo português, nem a comunidade internacional se preocuparam em capturar e levar a julgamento os responsáveis por todo este banho de sangue.
Em 1977 já estávamos na bancarrota graças ao "sucesso" do PREC e se não fosse a pronta intervenção do FMI, ter-nos-íamos transformado num Zimbabwe da Europa. Em 1983 seguiu-se nova intervenção do FMI e só não se seguiram mais porque a partir de 1986 entrámos na CEE e abriram-se as "comportas", tendo então começado a entrar em Portugal uma quantidade fabulosa de dinheiro. Apenas entre 1986 e 2011 Bruxelas injectou em Portugal uma média de nove milhões de euros por dia.
O que é que os "democratas" de Abril fizeram a todo este dinheiro? Qual foi o processo de alquimia que utilizaram para fazer sumir "magicamente" 80,9 mil milhões de euros em fundos estruturais e de coesão?[2]
Todos sabemos que foi a corrupção dos partidos e a "festa democrática" que rebentaram com todo este dinheiro. O compadrio entre o poder político e o sector privado, os "tachos" e as "panelas", os jobs para os boys e as "vacas", a corrupção da banca, etc... Nem adianta aprofundar mais neste ponto, pois trata-se de matéria dada e só não a sabe quem não quer saber.
Hoje, após 40 anos de "democracia gloriosa", Portugal é um País técnicamente em bancarrota (estamos muito mais endividados do que estávamos em 1926...), apesar de ninguém o querer admitir e tudo isto aconteceu mesmo sem termos sido sujeitos a qualquer tipo de catástrofe natural, guerra ou epidemia.
Depois de um saldo destes é então legítimo perguntar-se que autoridade moral ou cívica têm os "abrileiros do cravo falido" para cuspirem como cospem em cima do nome do professor Salazar? Será que Salazar foi assim tão mau e horrível que mereça todas as ofensas e calúnias que os ditos "democratas" lhe atiraram para cima nos últimos quarenta anos?
Os "democratas" retiraram o seu nome de praticamente todas as ruas e praças onde se encontrava, lançaram-lhe toda a espécie de acusações fictícias para cima, quase que proibiram que o seu nome fosse citado em qualquer circunstância, escreveram as mais fantasiosas mentiras sobre o mesmo nos livros de escola de forma a "lavar" e "formatar" o cérebro da juventude, retiraram o seu nome da ponte que mandou construir, impediram a construção de qualquer museu com o seu nome e chegou-se até à loucura surrealista de proibir que se comercializasse qualquer tipo de vinho chamado Salazar!
Que mal fez Salazar para merecer tanto ódio e perseguição?
Foi por ter combatido fervorosamente os comunistas que queriam montar uma ditadura Estalinista em Portugal? Foi por ter combatido com unhas e dentes o grupo de crime organizado que dá pelo nome de maçonaria? Foi por ter sido sempre avesso à "democracia" rotativa dos partidos que já levou o País várias vezes à falência e viciou por completo o sistema político? Foi por ter defendido Portugal e os Portugueses do Minho a Timor?
A campanha negra lançada contra o professor Salazar na esmagadora maioria dos círculos académicos, políticos e mediáticos deve-se antes de mais ao facto de que quem está hoje bem instalado nesses círculos, são os mesmos que encheram mais a pança nos últimos quarenta anos e contribuíram para a nossa desgraça colectiva. Esses sim é que deviam de ser combatidos, perseguidos e caluniados e não o honesto professor de Coimbra que nada mais fez a não ser defender o seu País até ao último sopro de vida.
Salazar terá afirmado uma vez que no dia em que abandonasse o poder, quem voltasse os seus bolsos do avesso só iria encontrar pó.[3] De facto, assim foi, após o 25 de Abril de 1974 os "revolucionários" abrilescos bem tentaram encontrar provas de que Salazar seria corrupto e rebuscaram tudo o que conseguiram à procura da alegada"fortuna escondida" ou das hipotéticas contas bancárias na Suíça. Não encontraram nada! Nem um escudo ou uma grama de ouro que fosse! Tal como havia prometido e ao contrário dos escroques que entram hoje na política para fazer a "vidinha" nos partidos, Salazar morreu em condições modestas, sem estar rodeado de luxos, sem relógios da marca Rolex e sem nunca ter beneficiado de quaisquer esquemas de scuts, parecerias público-privadas, contratos com Lusopontes, cursos ao domingo, equivalências, sacos azuis, ou quaisquer outras imundices morais que hoje conspurcam a nossa classe política.
Recordo-me bem do pânico de uma boa parte da elite abrilesca quando Salazar venceu aquele célebre concurso televisivo há alguns anos atrás que pretendia apurar qual foi "o maior português de sempre". Mais do que uma bofetada valente nas fuças das elites do actual regime, tratou-se de um pequeno exemplo de como o verdadeiro povo não tem memória curta. Não duvido até de que se Salazar ressuscitasse e concorresse hoje mesmo a eleições democráticas, ganharia as mesmas com maioria absoluta e sem grandes dificuldades.
Acima de tudo o que move os mais fervorosas detractores de Salazar é o medo, o medo profundo em relação a um Estadista que há mais de quarenta anos jaz por vontade própria em campa rasa e o medo de que o povo um dia abra os olhos, perceba de vez a charada política em que vive e comece a ter ideias "perigosas"...
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Notas:
[1] JORNAL DE NOTÍCIAS - Portugueses mais pobres e a ganhar menos do que em 1974. 17 de Outubro de 2014. Link: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=4186090&page=-1
[2] ANTUNES, Rui Pedro - Portugal recebeu 9 milhões por dia em fundos comunitários. Diário de Notícias, 30 de Maio de 2013. Link: http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3247131&page=-1
[3] NOGUEIRA, Franco - Salazar: Estudo Biográfico. Atlântida Editora, 1977. p. 383
João José Horta Nobre
Outubro de 2014
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