segunda-feira, 29 de outubro de 2012
O erro das previsões
Temos assistido a um chover de criticas às previsões do governo, nomeadamente criticas ao ministro Victor Gaspar.
A esmagadora maioria critica e dá a entender aos ouvintes que o problema reside na capacidade ou incapacidade técnica do ministro.
Os economistas que aparecem na televisão dão a entender que o modelo utilizado pelo ministro é errado, mas que o modelo que estes tem é que é o correcto.
Ouvi (não me recordo quem) que se o ministro não acerta deve se demitir e deveria ir para lá alguém que acertasse.
Esta discussão se o governo consegue prever com exactidão se o desemprego vai ser 16,5% ou se vai ser 16,9% é fascinante.
Este tipo de discussão revela quanto o planeamento central está indoctrinado nas mentes da maioria das pessoas.
Mas esta discussão tem de se fazer sobre a capacidade de previsão na economia, e se a economia é uma ciência.
Nas universidades é ensinada a teoria neoclássica, os alunos mesmo sem o saberem saem destas a pregar que a economia é uma ciência, como a física e com capacidade de prever com exactidão "cientifica" a realidade.
Mas é a economia uma ciência como as ciências naturais?
A resposta é que não, a economia é como disse Von Mises é "o estudo da Acção Humana", como é que o individuo se relaciona com os outros no mercado, sendo este um processo dinâmico.
Hayek chamava a este devaneio de "scientism".
Porque é que estes economistas erram as previsões?
Existem várias razões para que isto ocorra, vamos analisar algumas.
Qual é o conceito de economia que estes economistas tem? Para estes economia é a ciência de maximização sujeito a restrições, não é para eles o estudo da acção humana.
Como tratam estes a informação?
Para eles os fins e meios que pretendem a informação é completa, objectiva e constante.
Para estes economistas o valor é objectivo e mensurável.
Na minha modesta opinião aqui é um dos erros maiores da teoria neoclássica, Carl Menger demonstra de forma fenomenal que o valor dos bens é subjectivo e não mensurável, e é algo que se reflectirmos chegamos lá.
Quando era miudo diziam me "os gostos não se discutem", a ideia que quero transmitir é que o gosto(Valor) que cada um dá às coisas é pessoal é seu, logo é subjectivo. Como disse Von Mises "reside dentro de cada um de nós", nada tem valor intrínseco, vou dar o caso do ouro e o meu caso, para mim o ouro não é mais que um bem de troca indirecta(os bens podem ser de troca directa, eu trocar directamente uma maça por uma pera, como podem ser de troca indirecta, eu tenho uma maça quero uma pera, mas o Tiago quer uma laranja, mas o vivendi tem uma laranja e quer uma maça, então eu troco com o vivendi para depois trocar com o Tiago), como os outros o valorizam este tem valor para mim por esse motivo, porque se ninguém lhe desse valor não teria valor para mim.
O seu ponto de referencia é o modelo de equilíbrio geral e parcial, algo que não existe, e que pressupõe que o ser humano é estático e a realidade demonstra que o ser humano é dinâmico. Como ferramenta de estudo tem a sua utilidade, mas como objectivo a alcançar é algo errado.
O seu conceito de competição é o conceito de concorrência perfeita, um sistema completamente utópico e não muito lógico.
A matemática tem o seu lugar bem como a informação empírica, mas não são o santo Graal.
Como estes fazem um distinção entre macro e microeconomia, os agregados macroeconomicos não revelam a realidade, são apenas o somatório de decisões individuais.
E aqui chegamos ao ponto fulcral, as decisões são tomadas ao nível individual e não colectivo, devido a este aspecto as previsões falham, para as sabermos teríamos de perguntar a cada um o que irá fazer.
O PPC em entrevista diz "a receita do IA baixou muito mais que prevíamos, havia gente que podia comprar carro e não o fez", este pequeno excerto demonstra porque as previsões e o planeamento central irá sempre falhar.
Mas não se deve tratar prever? bem claro que se deve, mas uma previsão não ao "milímetro", mas antes tendências, dado que não mais que isso podemos prever, se determinado caminho leva a um aumento ou não do desemprego, ou dos preços, mas nunca quanto vai aumentar.
Os modelos são tentativas de simplificações da realidade, muitos são 2 consumidores e 2 produtores.
Deixo uma questão se é possível prever como defendem os neoclássicos, como é que chegamos a esta crise? Então não seria de esperar que esta tivesse sido prevista?
Porque é que os economistas de outras escolas avisaram que o que aconteceu e está acontecer "acertaram" e os que dizem ter a capacidade de acertar "erraram" e continuam a "errar" são os únicos que são escutados? e chamados a resolver os problemas que criaram?
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6 comentários:
Neste caso da tua pergunta final, acho que foi desde a Grande Depressão e como ela foi vendida, como esta crise está a ser vendida. Que a culpa é dos investidores e empresas gananciosas, que não é bem verdade. Pois o capitalismo é lucros privados prejuizos privados (com o Estado fica lucros privados, prejuizos públicos)
Sim houve muitos investidores e empresas que se aproveitaram disso. Mas o problema da questão é a interferência do Estado na economia para comprar votos, mas esquecem-se que tem efeitos bola de neve, fica cada vez maior. E eles tentam cada vez mais esconder. E depois quando rebenta é que é um problema dos diabos.
Também se pode dizer que o "problema" é o capitalismo ser um sistema "ganancioso" (assim é que ele se regula no seu funcionamento entre pessoas e empresas), mas quando o Estado quer um bocado faz as vantagens virar desvantagens.
E assim as pessoas pedem mais regulamentação e mais Estado para impedir futuras crises, pois acreditam que o problema foi falta de regulamentação e do Estado a intervir. A culpa também é dos media que também só "informam" como lhes dá mais jeito.
P.S.: Mas algumas previsões do Gaspar também falharam e vao continuar a falhar porque são previsoes politicas.
Sinceramente penso que a palavra capitalismo não é a mais correcta, porque o que hoje temos é capitalismo crony verdade mas leva a que as pessoas confundam as coisas.
Penso que devemos falar em mercado livre,sim hoje falam os políticos em que existe uma falta de regulamentação, o que é exactamente contrário do que se passa.
A manipulação dos políticos é tremenda, como podemos ver no caso da manipulação por parte do Bancos Centrais.
A realidade é que vamos assistir a um aumento da intervenção estatal até que esta vai falhar miseravelmente e os mercados não poderão ser culpados e aí talvez possamos ter uma evolução para a verdadeira economia de mercado
O problema é que a intervenção estatal já falhou miseravelmente, mas quando falhar novamente surge novamente nova vaga dos politicos que a culpa é dos mercados, e estes é que falharam e foi tudo culpa deles, é preciso mais intervenção e depois vem só noticias dos media, fazem-se uns documentarios sobre o que aconteceu e só se fala dos erros do mercado (não do que aconteceu verdadeirament)
E depois as pessoas vão pedir mais Estado e mais regulamentação. E sempre assim, até o Estado não permitir o mercado. Ou então daqui a uns bons anos a maioria do população conhece a Escola Austriaca e o Liberalismo Clássico e aí o Estado vai tentar novamente convence-los que a culpa foi do mercado, e nessa altura já saberão que estão a ser enganados como foram duramente muito tempo.
E quando a população souber realmente as razões aí é que conseguirá avançar para uma verdadeira economia de mercado.
P.S.: Sim crony capitalism, corporativismo. Capitalismo é como toda a gente conhece, mas não é o termo correcto.
Aqui está mais um engano da imprensa, dos politicos, etc para com a população. Fizeram a população "acreditar" que este sistema é o capitalismo, o sistema que permitiu sociedades e pessoas enriquecerem com o suor do seu trabalho.
Acho que um bom documentário para entender o porque desta crise, e parar de culpa os mercados, é a "Fraude"
http://www.fraudedocumental.com/#!__brazil
Já vi o documentário, participa um dos meus economistas preferidos Jesus Huerta de Soto, concordo com o que escreveste a população hoje é tão ignorante como era no tempo que tínhamos taxas de analfabetismo de 40%, é o problema do ensino ser controlado pelo Estado.
Sinceramente dificilmente a escola austríaca será de conhecimento da maioria da população, vives numa sociedade socialista, em que tudo é controlado pelo Estado, não é só aqui mas sim em toda o mundo, o Liberalismo perdeu a guerra sem se aperceber.
As concessões feitas pelos que diziam defender o mercado degeneram no sistema que temos hoje, a criação do sistema de banco central estava condenado a este resultado, por exemplo ou o presidente da FED era uma pessoa como Paul Volker e então a manipulação mesmo existindo seria menor, ou temos o que temos Hoje um neokeynesiano como Bernanke.
O problema reside em todo o sistema financeiro montado, e ao se ignorar a teoria dos Buissness cycles austríaca permite que tenhamos este sistema de Boom e Bust.
Mas não falo só da População Portuguesa, pois como se pode observar isto é uma ocorrencia mundial, o eixo EUA-RU ainda dita as regras (e como eles tem umas palas tão grandes). Mas supostamente esta é geração a nivel mundial com mais conhecimentos, ou será só a população com mais titulos academicos e não com mais conheciemntos?
Ok o libertário Ron Paul começa a ganhar cada vez mais apoiantes nos EUA, mas ainda num numero pequeno.
Mas ultimamente tem se visto alguns países a fazer coisas diferentes, ok não é romper com este sistema corrompido, mas é a conseguir mexer-se "fora" dele. A Holanda, alguns países nórdicos, a Australia, a Nova Zelandia, o Canadá.
Falo da Holanda porque a noticia do partido que fez cair o governo por demagocia ter sido o maior derrotado, e o partido que venceu querer o equilibrio das contas, como queriam antes das eleições. Pode ser só por não estar habituado a que isto aconteça.
Ok, os países nórdicos são diferentes pela sua mentalidade (será por isso que o Canadá também é bastante diferente dos EUA?)
Austrália e Nova Zelandia vivem naquele canto do mundo que pouca gente se lembra, será por estarem assim num canto e não lhe ligarem nenhuma é que fazem coisas diferentes
P.S.1: Mas até em países não socialistas anteriormente, como o caso dos EUA, que foi o "pai" do capitalismo, a grande nação do capitalismo é agora socialista.
P.S.2: O Canada é dos países que menos conheço dos que falei, posso estar só a dizer asneira, mas por algumas noticias que de vez em quando circulam sobre esse país, é a ideia que tenho.
E claramente dos países que falei o que pode ser mais com o liberalismo clássico(ou libertarianismo, nunca confundir com o liberalismo americano, que é os democratas) é a Nova Zelandia pelas reformas que fez à poucos anos.
Mas acho que só com cada vez mais países a "mexer-se fora" do sistema lentamente é que esta percepção da população se vai alterando. E sim os países nórdicos são países mistos (socialista e capitalistas) e com forte intervenção social, mas eles tem a percepção que não se pode ser socialista demais, o problema é que Portugal é só socialista.
Claro que os Bancos Centrais será uma das questões finais para a população, pois isto infelizmente só irá progredir lentamente. E não se pode pedir que a população entenda os maleficios dos Bancos Centrais sem entender toda a fraude enorme deste sistema.
Também se pode falar de Hong Kong, Singapura a nivel economico, mas é preciso ter atenção a alguns "aspectos" desses dois "países" (em rigor Cidade-Estado)
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