"Quem provocou a crise financeira continua a ganhar e não mudou
nada nos últimos anos? Ou seja: alguma coisa mudou nos mercados
financeiros?
Não. Ao nível da banca de investimento está
tudo igual e, provavelmente, até piorou. Hoje o número de bancos é menor
e o nível de risco está muito mais concentrado em muito menos
instituições do que antes de 2008. O problema é hoje muito superior, os
bancos são maiores. Se antes tinham activos de 500 mil milhões, hoje há
vários com um ou mais triliões de activos, o que significa que o risco
aumentou. Melhorou-se as áreas de risco dentro das instituições, a
supervisão está mais atenta aos movimentos de mercado para perceber como
é que vão afectar o risco sistémico, mas a parte comportamental [dos
banqueiros e funcionários] está na mesma."
...
É expectável que daqui a uns anos voltemos a assistir a uma crise de dimensões semelhantes, ou superiores, às de 2008?
Olhando
para o passado, lembro-me que, em 1997, um banco foi à falência com 700
ou 800 milhões de dólares de perdas por causa da crise russa. Estes
valores são agora considerados normais, o BCP perdeu 740 milhões, a CGD
576 milhões e o BES 510 milhões. Actualmente entre
o que se ganha e o que se perde os valores são completamente loucos. A
possibilidade de se estar a criar uma crise ainda mais sistémica, ao
nível do mundo inteiro, é hoje muito superior do que seria há uns anos.
Não é uma questão de supervisão ou de regulação, mas é comportamental. A
banca de investimento viu reduzido os seus riscos, que passaram para
onde? Para os hedge funds,
para os fundos de maior alavancagem e de maior especulação,
intermediários que, muitas vezes, nem são regulados. Os riscos passaram
para um número muito maior de pessoas [os subscritores dos fundos].
João Ermida aqui (a ler todo o artigo)
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