Mas não tem sido fácil, e sempre que penso em certas franjas da sociedade, volto outra vez a não gostar do salário mínimo:
Quem apenas consegue produzir o suficiente para ser remunerado em 200 € por mês e trabalhar 8 horas por dia, 21 dias por semana, fica fora da elegibilidade. Esta pessoa não tem culpa de ser limitada ou ter algum tipo de atraso no seu desenvolvimento psíquico. Mas a verdade é que não se qualifica, porque alguém decidiu.
Quem produz o suficiente para ganhar 485€ por mês estava até hoje qualificada, mas com este aumento, fica de fora.
Por muito que não gostemos de ouvir, as pessoas não são todas iguais. São diferentes, muito diferentes, e se uns há que conseguem subir a escada da promoção profissional, outros há que não conseguem, e por isso não devem ser tratados como inaptos só porque há uma barreira artificial.
Outros há ainda que não querem simplesmente subir a escada. Até podiam porque até têm jeito, mas não querem, ou porque estão bem assim ou porque não querem assumir mais responsabilidades. E também esses têm o direito a não serem ambiciosos.
Querer aumentar artificialmente o subsídio de desemprego é uma falta de respeito elementar por todos aqueles cidadãos que são diferentes de nós, porque não querendo ou não conseguindo, têm à mesma o direito de tentarem à sua maneira e de acordo com as suas capacidades.
Vale tanto trabalhar muito como trabalhar pouco. Não lixem a vida a quem, por opção, decide que há outras coisas mais importantes do que isto.
Já li muita apologia acerca da existência e aumento do salário mínimo, mas caramba, se fosse assim um instrumento social tão poderoso e eficaz, uma só conclusão seria válida:
Os países que o adotam crescem em salário vigorosamente, os países que o não adotam, definham.
É isto verdade?
Se afinal o instrumento é fraco, para quê tanta defesa, tanto cerrar de dentes com esta questão? Valerá mesmo a pena? E mesmo que até ajude alguns, será que compensa o mal que causa aos que ficam de fora?
Tiago Mestre
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