Japoneses açambarcam detergentes e papel higiénico devido a aumento de
impostos
Ao fim de 17 anos, o IVA aumentou
60% no Japão, passando de uma taxa de 5% para 8%. Os japoneses estão
preocupados com o aumento dos transportes e aproveitaram as últimas horas para
encher os depósitos e comprar roupa e alimentos em quantidade.
Na última semana, os
japoneses "esvaziaram literalmente as prateleiras de papel higiénico e
produtos de limpeza nos supermercados", conta ao Expresso o
brasileiro Rómulo Ehalt, locutor e tradutor no serviço de notícias em português
transmitido pela "NHK World", estação pública do Japão que emite em
18 línguas.
O aumento
[previamente anunciado] do IVA, de 5% para 8%, ditou este açambarcamento de
produtos. A preocupação de armazenar papel higiénico e detergentes remonta aos
hábitos que surgiram no país durante a crise do petróleo da década de 1970.
"Na altura,
havia boatos de que o papel higiénico e detergentes seriam os bens mais
afetados pela falta de petróleo. A escassez destes produtos voltou a acontecer
quando o IVA foi instaurado em 1989, com uma taxa de 3%, ao subir para 5% em
1997 e nos últimos dias", com a subida para 8%, diz Rómulo Ehalt.
O primeiro aumento do
IVA em 17 anos provocou nova corrida aos supermercados. "Quando fui às
compras, as marcas mais populares de papel higiénico e produtos de limpeza
estavam esgotadas e as filas para comprar bilhetes de comboio e metro antes do
aumento, a 31 de março, eram bastante longas", acrescenta Rómulo.
Japoneses estão profundamente desencantados
Este brasileiro de 31
anos viveu pela primeira vez no Japão em 2003. Saiu e regressou em 2006. "
Pelo que conversei com amigos japoneses, a insatisfação com este aumento é
clara. A população está profundamente decepcionada com o sistema
político."
Eric Johnston, autor
de um artigo no "Japan Times" sobre o aumento do IVA, disse ao Expresso que
"as pessoas estão resignadas e conformadas". "Não são esperadas
manifestações" de protesto, até porque desde janeiro que estavam a comprar
"produtos mais caros, onde a subida do imposto se sentiria mais".
Rómulo diz que,
quando chegou ao Japão em 2003, "as bolsas do governo para universitários
estrangeiros eram de cerca de 180 mil ienes [1263 euros] por mês".
"Agora, depois de diversas revisões do sistema, os valores mais altos
chegam a 145 mil ienes [1017 euros] para estudantes do doutoramento. Só
no fim deste mês é que vamos avaliar melhor o impacto deste aumento do
IVA."
Tudo indica que
Rómulo está no Japão para ficar. Casou e, além de trabalhar no serviço de rádio em português , prepara o
doutoramento sobre as relações entre Portugal e o Japão nos séculos XVI a
XVIII: "Atualmente investigo a escravatura de japoneses e chineses no
Império Português".
Rómulo tem de fazer
contas à vida. Vive na periferia, até porque um "apartamento com quarto e
sala em Tóquio costuma ficar entre 60 mil a 90 mil ienes por mês, dependendo da
localização". Metade da bolsa de Rómulo. Na maioria dos dias come em casa,
mas ao sábado e domingo vai ao restaurante.
Pensionistas mais afetados
A viver há 35 anos em
Osaka, o português Eduardo Mira Batista, disse ao Expresso que o sonho de
muitos países seria "terem metade da crise económica do Japão", e
acrescenta que as "camadas mais afetadas são, naturalmente, aquelas com
menor poder económico e os pensionistas".
"Espera-se uma
quebra num futuro próximo no consumo em geral, nas refeições fora, e nos
produtos que não de primeira necessidade. Mas a médio e longo prazo não haverá
grandes diferenças e em breve será business as usual", diz
Eduardo Batista: "Pessoalmente, não farei grandes alterações no consumo da
minha família".
Apesar deste
testemunho otimista, os japoneses que vivem nas grandes cidades como Tóquio e
Osaka temem uma subida de preços dos transportes por causa do aumento do IVA,
de acordo com o "Japan Times".
A quebra no consumo
vai sentir-se sobretudo nos "produtos eletrónicos, automóveis e férias nos
estrangeiros", diz Eric Johnston ao Expresso. No "Japan
Times", um jornal escrito em inglês, o jornalista referiu que a população
queimou os últimos cartuxos nos últimos dias de março, "armazenando comida
e roupa e enchendo os depósitos de combustível".
Japoneses açambarcam detergentes e papel higiénico devido a aumento de
impostos
Ao fim de 17 anos, o IVA aumentou
60% no Japão, passando de uma taxa de 5% para 8%. Os japoneses estão
preocupados com o aumento dos transportes e aproveitaram as últimas horas para
encher os depósitos e comprar roupa e alimentos em quantidade.
Na última semana, os
japoneses "esvaziaram literalmente as prateleiras de papel higiénico e
produtos de limpeza nos supermercados", conta ao Expresso o
brasileiro Rómulo Ehalt, locutor e tradutor no serviço de notícias em português
transmitido pela "NHK World", estação pública do Japão que emite em
18 línguas.
O aumento
[previamente anunciado] do IVA, de 5% para 8%, ditou este açambarcamento de
produtos. A preocupação de armazenar papel higiénico e detergentes remonta aos
hábitos que surgiram no país durante a crise do petróleo da década de 1970.
"Na altura,
havia boatos de que o papel higiénico e detergentes seriam os bens mais
afetados pela falta de petróleo. A escassez destes produtos voltou a acontecer
quando o IVA foi instaurado em 1989, com uma taxa de 3%, ao subir para 5% em
1997 e nos últimos dias", com a subida para 8%, diz Rómulo Ehalt.
O primeiro aumento do
IVA em 17 anos provocou nova corrida aos supermercados. "Quando fui às
compras, as marcas mais populares de papel higiénico e produtos de limpeza
estavam esgotadas e as filas para comprar bilhetes de comboio e metro antes do
aumento, a 31 de março, eram bastante longas", acrescenta Rómulo.
Japoneses estão profundamente desencantados
Este brasileiro de 31
anos viveu pela primeira vez no Japão em 2003. Saiu e regressou em 2006. "
Pelo que conversei com amigos japoneses, a insatisfação com este aumento é
clara. A população está profundamente decepcionada com o sistema
político."
Eric Johnston, autor
de um artigo no "Japan Times" sobre o aumento do IVA, disse ao Expresso que
"as pessoas estão resignadas e conformadas". "Não são esperadas
manifestações" de protesto, até porque desde janeiro que estavam a comprar
"produtos mais caros, onde a subida do imposto se sentiria mais".
Rómulo diz que,
quando chegou ao Japão em 2003, "as bolsas do governo para universitários
estrangeiros eram de cerca de 180 mil ienes [1263 euros] por mês".
"Agora, depois de diversas revisões do sistema, os valores mais altos
chegam a 145 mil ienes [1017 euros] para estudantes do doutoramento. Só
no fim deste mês é que vamos avaliar melhor o impacto deste aumento do
IVA."
Tudo indica que
Rómulo está no Japão para ficar. Casou e, além de trabalhar no serviço de rádio em português , prepara o
doutoramento sobre as relações entre Portugal e o Japão nos séculos XVI a
XVIII: "Atualmente investigo a escravatura de japoneses e chineses no
Império Português".
Rómulo tem de fazer
contas à vida. Vive na periferia, até porque um "apartamento com quarto e
sala em Tóquio costuma ficar entre 60 mil a 90 mil ienes por mês, dependendo da
localização". Metade da bolsa de Rómulo. Na maioria dos dias come em casa,
mas ao sábado e domingo vai ao restaurante.
Pensionistas mais afetados
A viver há 35 anos em
Osaka, o português Eduardo Mira Batista, disse ao Expresso que o sonho de
muitos países seria "terem metade da crise económica do Japão", e
acrescenta que as "camadas mais afetadas são, naturalmente, aquelas com
menor poder económico e os pensionistas".
"Espera-se uma
quebra num futuro próximo no consumo em geral, nas refeições fora, e nos
produtos que não de primeira necessidade. Mas a médio e longo prazo não haverá
grandes diferenças e em breve será business as usual", diz
Eduardo Batista: "Pessoalmente, não farei grandes alterações no consumo da
minha família".
Apesar deste
testemunho otimista, os japoneses que vivem nas grandes cidades como Tóquio e
Osaka temem uma subida de preços dos transportes por causa do aumento do IVA,
de acordo com o "Japan Times".
A quebra no consumo
vai sentir-se sobretudo nos "produtos eletrónicos, automóveis e férias nos
estrangeiros", diz Eric Johnston ao Expresso. No "Japan
Times", um jornal escrito em inglês, o jornalista referiu que a população
queimou os últimos cartuxos nos últimos dias de março, "armazenando comida
e roupa e enchendo os depósitos de combustível".
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