É o anarco-capitalismo viável?
A proposta dos anarco-capitalistas é a ausência total de participação do estado em suas vidas e são contra qualquer forma de coletivização coerciva.
Assim de repente podemos enquadrar este modelo de vida nas formas primitivas tribais do passado e em algumas poucas tribos que ainda hoje existem mas que se encontram distantes dos modelos civilizacionais que foram sendo construídos ao longo da história que através de organizações sociais deram origem às várias nações e países existentes no mundo.
Onde encontramos o anarco-capitalismo em território Português? Talvez no exemplo dos povos tribais que pouco ou nada deixaram de estruturante no atual território nacional e por contra-ponto ao império romano (uma das primeiras formas organizadas de estado na península ibérica) ainda hoje é possível encontrarmos bastante elementos e marcas desse passado romano e até muitas das edificações romanas ainda hoje são utilizadas (pontes, estradas..) mas também é uma evidência histórica que a civilização romana entrou em decadência pelo peso da sua burocracia, inflação e gestão centralizadora ao ponto de provocar a fúria e a raça de pequenas tribos locais como os Viriatos para combater o domínio romano.
Sobre uma perspectiva histórica mais global, a civilização europeia, que foi o modelo civilizacional que se impôs de forma mais relevante no mundo foi fortemente marcada pela matriz cultural helénica- cristã e após milhares de anos de avanço civilizacional ainda hoje perduram como catalizador principal no desenvolvimento da organização espontânea da sociedade não obstante o surgimento moderno de elementos opositores (iluminismo, revolução francesa, marxismo cultural).
Fazendo agora uma conclusão sucinta da história é facilmente compreensível que os pequenos grupos tribais se organizaram (num trabalho digno de formiguinhas) em modelos sociais que mais tarde deram origem às nações com o objectivo principal de se protegerem de povos invasores para assim poderem desenvolver pacificamente as suas atividades agrícolas e comerciais e por incrível que pareça ainda hoje assistimos a este mesmo filme. Ainda existem grupos invasores a tentar intervir nos mais diversos locais e regiões do mundo restando aos autóctones procurar alguma forma de defesa e a sua resistência torna-se mais eficaz quanto maior é o peso da tradição e da história.
A manipulação em volta da Ucrânia é um exemplo da loucura que permanece nos dias de hoje (onde o problema está longe de se resumir a um simples conflito entre vizinhos).
E muito mais acontece por essa Europa, um continente que se encontra ainda com uma série de fronteiras artificiais construídas no tempo da revolução napoleónica (maçônica) onde temos uma série de povos e regiões que desde séculos passados permanecem até aos dias de hoje com uma forte ambição e desejo na secessão.
No reverso e em simultâneo temos a utopia da Europa Federal (UE) que é bastante semelhante com o pior dos tempos da civilização romana (burocrata, centralizadora e parece querer ser inflacionária) e, pior ainda, também é parecida com a Europa do início do Séc XX (desconfiada e invejosa entre as várias nações que compõe o continente europeu).
E onde entra o papel do anarco-capitalista moderno no meio disto tudo?
Para além da sua intransigente defesa na propriedade privada, o anarco-capitalista, pouco mais consegue na tentativa de promoção de um modelo de vida desorganizado e descomplexado pois está condenado a bater de frente perante uma ordem social que foi construída de forma espontânea e ou manipulada ao longo dos vários séculos e torna-se assim uma imensa utopia a tentativa de qualquer imposição radical (já bastou o comunismo internacionalista).
A realidade é a de uma sociedade que se depara com os mesmos problemas de sempre e como tal não se encontra preparada para evoluir espontaneamente para outras formas de organização social.
Já a defesa do papel do individual contra o colectivo (principalmente quando falamos de coerção) é muito importante e é claramente um direito natural legítimo.
Considero pois utópica uma sociedade de cariz totalmente anarco-capitalista mas já não considero uma utopia o indivíduo anarco-capitalista e acho que seria bastante interessante termos os estados a permitirem a liberdade de opção para quem quiser seguir um modelo de vida individual anarco-capitalista.
E o seu envolvimento com o estado? Como ficaria? Sempre que um anarco-capitalista tivesse que recorrer ao estado seria através de uma abordagem de troca comercial invés de uma troca que hoje é feita pela via dos impostos. Os custos dos serviços estatais que hoje passam praticamente despercebidos pelas comunidades bem como a proveniência dos recursos passariam a estar enquadrados em uma formação de preços conforme a lei do mercado.
E para o pessoal da esquerda, os anarco-comunistas, também considero que deveriam ser permitidas a criação de comunas (com a ressalva que o território tenha sido comprado ou voluntariamente cedido) para que os camaradas possam desenvolver o seu projeto de vida conforme os seus ideais sem interferir na liberdade dos outros.
E como conceber esta lógica? Toda esta lógica só é possível se tivermos um afastamento do estado central para o estado local. No modelo privado só com um estado local é possível haver uma quantificação de valor para uma série de serviços ( estradas, saneamento, etc…) e no modo socialista estes passariam também a depender exclusivamente dos recursos da comunidade onde estariam inseridos. Tal avanço só é possível com uma verdadeira concepção descentralizadora. Assim o aparecimento de cidades-estados e regiões-estados com elevada autonomia são a forma mais correta para que as comunidades se encontrem com o estilo de vida mais desejado.
(haveria muito mais a desenvolver mas o texto já vai longo…)
1 comentário:
Ou tens a ajuda de um calhau celeste ou então nada feito!
O objectivo central da actual forma organizacional que recebeu a designação de democracia e de "estado republicano" nada mais é que uma muda de roupa! Na realidade alterou-se apenas a aparência, a substância é que são Famílias Privadas as que verdadeiramente mandam e regem a existência do resto dos servos...
A partir do momento em que um indivíduo é registado no livro dos DONOS, e os pais ainda pagam o registo (o que é divino!), dificilmente se livrará de ser o que é...
Aspirar a ser algo de diferente mas ter que continuar a seguir as regras escritas e impostas pelos DONOS, considero ser mera forma de ilusão!
Queres ser um anarco-capitalista? Interrompe ao máximo das tuas capacidades a tua função de CONSUMIDOR, e retira do sistema bancário a maioria da "tua" massa monetária, deixando nele apenas a quantidade (por exemplo pagar a renda da casa à instituição de crédito) que não te provoque problemas com os servos fiscais e protectores!
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