segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pensa, Barroso, pensa

Está na hora de Barroso e colegas começarem a por em causa a "sua" própria definição de União Europeia.

Tendo os eurocépticos ganho as eleições em Inglaterra e França, e de um modo geral, subido nas intenções de voto de muitos europeus, tal resultado poderia e deveria mexer com as cabecinhas que mandam na Europa e que julgam saber o que é melhor para as vidas de 500 milhões de europeus.

Grande parte dos regimes acaba por colapsar porque as lideranças evitam pôr em causa as suas próprias conceções da realidade e da sociedade que gerem. Não querem ver o que há de mau nem os falhanços da sua administração, levando à criação de novas forças políticas, tendencialmente reacionárias, e a uma polarização ideológica e de discurso.

Nem estão certos os reacionários, que tentam eles próprios polarizar o discurso para se fazerem ouvir e afastam-se da realidade das coisas, nem estão certos os do regime, que tudo fazem para denegrir a oposição reacionária com medo de estarem errados desde o princípio, e enfiando-se na sua redoma de pseudo-verdades absolutas sem querer ver o que se passa lá fora.

A linguagem na imprensa também não anda nada boa, porque estas forças políticas que não concordam com este excesso de integração europeia já são apelidadas de extremistas, extrema-direita, eurocépticos, etc, etc.
Não é bom quando a própria imprensa europeia dá um empurrão na polarização das fações ideológicas. Viram-se uns contra os outros e assim não se resolve nada.

Mas no fundo, no fundo, ganhou quem se está nas tintas para a União Europeia: a abstenção. Só isso deveria preocupar os ideólogos já que o fenómeno não é novo, mas lá está, desde que se vá ganhando, a coisa passa.

Era preciso que os ideólogos europeus da atualidade adoptassem aquela postura dos velhos filósofos gregos que viveram antes de Platão e Aristóteles, em que cada enunciado, cada ideia lançada cá para fora era sujeita ao teste da realidade, e a qualquer momento novas ideias poderiam surgir que refutariam ou não o conhecimento adquirido no passado.

Desde Platão que ficámos enamorados pela verdade, usando o conhecimento apenas e só como instrumento para alcançarmos os resultados que pretendemos. Continuando assim a coisa será sempre despótica.
Falta-nos o amor ao conhecimento.

Tiago Mestre

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