Enquanto reinar a cowboyada nos EUA, os líderes europeus aproveitam para iniciar os trabalhos de avaliação dos bancos, sobretudo espanhóis e italianos.
No próximo ano o BCE irá monitorizar mais 130 bancos europeus, e antes de fazer a radiografia completa, há uma coisa que Draghi já sabe:
Muitos deles estão terrivelmente subcapitalizados, ou seja, têm um capital próprio de 1000 milhões de euros, por exemplo, e uma carteira de ativos de 100 000 milhões.
Bastará reportar perdas de 1% no seu ativo (1000 milhões) e o banco, incapaz de levantar capital quer nos mercados, quer através dos seus acionistas, tem que se declarar insolvente por ter comido TODO o capital próprio no registo desta perda.
E pelos vistos, o que não falta nos ativos dos bancos é crédito mal-parado, investimentos ruinosos e por aí fora, à espera de verem a luz do dia. Uma desgraça que se iniciou com a criação do € e do super-otimismo criado à volta desta nova moeda.
Vai daí, e como os holofotes estão todos virados para o continente americano, é tempo de planificar como se fará o rearranjo do capital destes bancos.
Acredito que será um misto de reporte de perdas e de apoio estatal, ou seja, dinheirinho fresco dos contribuintes ou emissão de nova dívida em nome destes.
O plano é este:
Analisa-se a real condição dos bancos em segredo, verifica-se quais as soluções a adotar, e só depois de estar tudo tratadinho é que o público saberá como se irão passar as coisas. Evita-se o pânico nos mercados à custa da criação do pânico nas pessoas, que não foram nem ouvidas nem achadas no processo mas que irão gramar com a bucha.
Faz-me lembrar a história do Chipre, mas a uma escala continental
Tiago Mestre
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