segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O especulador


Tenho andado a ler o Livro "Defending the Undefendable" do autor Walter Block.
O livro é super interessante, o autor apresenta uma análise Libertária para profissões e fenómenos que a sociedade censura, mas que tem um papel fundamental e que não deveriam ser censurados.

Vou traduzir apenas as partes que acho mais interessantes para os leitores, poderão "sacar" o livro de forma gratuita seguindo o link http://mises.org/books/defending.pdf.

Vou começar com o Especulador, este tem muita má fama, mas é fundamental.

O Especulador.

Matem os especuladores! é um grito recorrente em todas as crises de fome que existiram. É um grito realizado por demagogos, que acusam os especuladores  de causarem a morte por fome devido a aumentarem os preços da comida, estes são apoiados fervorosamente apoiados por todos os iletrados em economia. Esta forma de pensar, ou melhor de não pensar, tem permitido a ditadores até impor a pena de morte a comerciantes que cobrem preços elevados durante fomes. Sem que os defensores dos direitos civis e liberdades protestarem contra.
Quando na Realidade é o Especulador que as previne. Muito longe de proteger a vida das pessoas, é o ditador que deve ser o principal responsável por causar as fomes em primeiro lugar. Portanto, o popular ódio ao especulador é das maiores perversões da justiça que podemos imaginar. O especulador é uma pessoa que espera ter lucro vendendo e comprando mercadorias. É o que "tenta comprar baixo para vender alto".
Mas o que comprar baixo, vender alto e fazer lucros avultados tem a ver com salvar pessoas de fomes?
Adam Smith explicou-nos com a doutrina da "mão invisível".
De acordo com esta doutrina "todo o individuo se esforça para aplicar o seu capital de forma a que a sua produção seja a de maior valor possível. Geralmente não tem como objectivo promover o interesse geral, nem ele sabe quanto o esta a promover, Só tem o interesse de promover a sua própria segurança e o seu ganho. Ele é guiado como que por uma mão invisível para promover um fim que ele não tem nenhuma intenção. Ao perseguir o seu próprio interesse frequentemente ele promove o interesse da sociedade de forma mais eficazmente do que quando tenciona realmente o promover".
O especulador bem sucedido , portanto, agindo de acordo com os seus interesses egoístas sem saber ou sem se preocupar com o bem público, ele o promove.
Em primeiro lugar o especulador, diminui os efeitos da fome ao armazenar comida durante os períodos de fartura, motivado pelo Lucro. Ele compra e armazena comida para o dia em que esta se torne escassa, permitindo lhe vender a um preço mais elevado. As consequências decorrentes da sua actividade são de longo alcance. Estas funcionam como um sinal para outros na sociedade, que são encorajadas por ele  para o imitarem. Os consumidores são encorajados a comer menos e a poupar mais, os importadores a importar mais, os agricultores a aumentar a rentabilidade dos seus campos, construtores a construir mais espaços de armazenagem e os comerciantes a armazenar mais comida. Assim, cumprindo a doutrina da "mão invisível", o especulador através da sua actividade que busca ter lucro, faz com que mais comida seja armazenada durante anos de fartura do que teriam sido, caso este não existisse, mitigando os efeitos do tempos de vacas magras que estão para vir.
Contudo, objecções serão levantadas que estas boas consequências surgiram apenas se o especulador estiver correcto na sua avaliação do futuro. E se ele estiver errado?E se ele prevê anos de fartura- e por ao vender encorajar outros a fazer o mesmo- e anos de vacas magras se seguirem? Neste caso, não seria responsável por aumentar a severidade da fome?
Sim, se estiver errado vai ser responsável por muitos estragos. Mas existem forças poderosas a trabalhar que tendem a eliminar especuladores incompetentes. Por tanto o perigo que estes representam e o dano que causam por estes motivos é mais teórico que real.
O especulador que errar vai sofrer graves perdas financeiras. Comprar alto e vender baixo pode direccionar incorrectamente a economia  mas cria a devastação nas finanças do especulador.Não se pode esperar que especulador acerte sempre, mas se este errar mais do que acerta, tenderá a perder o seu stock de capital. Devido a isto Não ficará numa posição em que  possa aumenta a severidade das fomes com os seus erros.
A actividade que prejudica o público automaticamente prejudica o especulador assim impede que este continue tal actividade.
Assim em qualquer momento, os especuladores existentes tenderam a ser muito eficientes, logo, benéficos para a economia.
Comparando com as actividades das instituições governamentais quando assumem o papel do especulador na tarefa de estabilizar o mercado de comida. Estas tentam orientar uma linha ténue entre armazenar pouca comida e armazenar muita. Mas se errarem não existe nenhum processo de selecção. O salário do empregado do estado não sobe nem baixa com o sucesso das suas actividades especulativas. Sendo que não é o seu dinheiro que vai ser ganho ou perdido, a atenção dada pelos burocratas às suas actividades especulativas deixa muito a desejar. Não existe nenhuma melhoria diária automática na previsão dos burocratas, como existe para os especuladores privados.
A objecção frequentemente citada é que o especulador aumenta os preços, mas se esta função for cuidadosamente estudada, verificamos que esta leva a uma estabilização dos preços.
Em tempos de abundância quando os preços estão baixos o especulador compra. Ele retira comida do mercado levando a um aumento do preço. Nos anos das vacas magras seguintes ele introduz a comida que armazenou no mercado levando a uma queda do preço. Claro que a comida será cara durante um período de fome, e o especulador venderá por um preço superior ao que a comprou. Mas a comida não será tão cara como seria se o Especulador Não existisse(convém que o especulador não é o responsável pela falta de comida, geralmente são devidos a más colheitas ou a desastres naturais, ou desastres causados pelo homem).
O efeito do especulador é nivelar os preços. Nos anos de fartura quando os preços estão baixos o especulador compra e armazena, ao fazer isto leva a que o preço suba. Em tempos de fome,  quando os preços estão altos o especulador vende o que armazenou levando a que o preço desça. O efeito que ele sofre é ter lucro. Isto não é perverso, pelo contrário, o especulador realiza um serviço valioso.
Contudo, em vez de honrar o especulado os demagogos e os seu seguidores maltratam os. Mas proibir a especulação com a comida tem o mesmo efeito na sociedade do que impedir os esquilos de armazenarem nozes no inverno, leva a FOME.

2 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Leitura muito bem escolhida.

David Seraos disse...

Obrigado por esse bocado de partilha.
Defesa do especulador que nunca tinha ouvido.