Num ano em que se assinalam os 40 anos da Revolução do 25 de Abril, o general Garcia dos Santos refere que, ainda hoje, os portugueses não sabem viver em democracia por culpa de António Oliveira Salazar, que “foi de facto um homem extraordinário” nas Finanças.
“Não sabemos viver em democracia”. É com base nesta ideia que o general Garcia dos Santos, um dos envolvidos no Golpe de Estado do 25 de Abril, inicia a entrevista que concede esta segunda-feira ao jornal i.
“Salazar foi uma pessoa que resolvia todos os problemas e que forçava os portugueses a não se preocuparem com nada”, afirma, explicando que por este motivo os portugueses não souberam viver em democracia nem souberam ensinar às gerações seguintes como fazê-lo.
Os políticos são o reflexo dessa incapacidade e hoje são, por isso, “garotos que nunca fizeram nada da vida, por um lado, e nem sabem o que é a vida com dificuldades”. A esperança está depositada nas gerações futuras.
Este não é, no entanto, o único problema dos portugueses. “O povo português não planeia, vive um pouco ao sabor do dia a dia”, o que significa que “não temos nenhum projeto de futuro enquanto país”.
Além disso, nunca responsabilizamos as pessoas pelas suas asneiras. “Não cortamos cabeças” e é também por isso que sobrevivemos tão bem à ditadura e, de certa maneira, se perdoou a PIDE, porque pensamos sempre: 'O gajo no fundo não é mau rapaz, não volta a fazer'”.
2 comentários:
Registe-se o testemunho feito pelo Gen. Garcia dos Santos:
"Ainda fiz parte do grupo que, em representação da academia militar, fez parte dessa organização. E um dia esse grupo foi ao Salazar. Digo-lhe que fiquei impressionadíssimo com o olhar daquele homem! Quando ele olhava para as pessoas parecia que nos sentíamos furados! Uma coisa impressionante!"
Característica já mencionada por outros que o conheceram; para ser líder não precisava de o dizer e arrogar; a sua presença era suficiente e magnética. Excelsa personalidade de facto!
Devemos sempre para ajuizar bem distinguir em que os oradores são bons e desculpar-lhe os disparates (para nós claro).
Julgar o E Lourenço por não saber rematar a baliza ou o Eusebio por não ser um grande orador é desajustado. O general provavelmente é um bom militar, não o julguemos doutro modo
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