Em 2010, após Angela Merkel ter aprovado um programa de moderação nos
gastos, Krugman concedeu uma entrevista à revista Der Spiegel afirmando
que "as políticas de ajuste alemãs não apenas afetam negativamente sua
própria economia, como também reduzem o crescimento de todos os outros
países".
O problema é que, desde então, a evolução vivenciada
pela Alemanha foi exatamente contrária às previsões de Krugman: o PIB de
2013 está no nível mais elevado de sua história (e 3,4% maior em relação ao pico atingido antes da crise), e sua taxa de desemprego é a mais baixa (de 5,5%).
Krugman, por conseguinte, já criou uma estratégia alternativa para
blindar o dogma keynesiano deste contra-exemplo alemão: agora ele afirma
que, na realidade, a Alemanha nunca foi nenhum exemplo de austeridade,
sendo que tal qualificação deve pertencer integralmente à Espanha.
Sei que tal postura soa incrivelmente vigarista, mas é o que acaba de
defender o economista americano. Para comprovar a veracidade desta
afirmação, basta efetuarmos uma comparação entre Espanha e Alemanha.
O governo espanhol elevou seu endividamento em quase 60 pontos
percentuais em relação ao PIB entre 2007 e 2013; o governo alemão elevou
em 15 p.p. (no entanto, ainda mais significativo: desde 2010, o governo
alemão reduziu em dois pontos percentuais sua dívida em relação ao PIB,
ao passo que o governo espanhol a aumentou em 33 p.p.).
O déficit orçamentário do governo espanhol foi de 11% em 2012; o governo alemão obteve um superávit de 0,1%.
Ou seja, enquanto o déficit da — segundo Krugman — nada austera
Alemanha é nulo, o déficit da — segundo Krugman — ultra-austera Espanha é
um dos maiores do mundo.
Se houve um país que até muito
recentemente aplicou políticas keynesianas (e que em grande medida
continua fazendo isso), tal país foi sem dúvida a Espanha, e não a
Alemanha.
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