segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Ler jornais que escrevam sobre finanças públicas e política é um perigo

Tentei encontrar novamente a notícia para a publicar aqui, mas perdi-lhe o rasto. Era mais ou menos assim:

Fundo de Investimento da Segurança Social valia há uns anos 8 mil milhões de euros e agora vale 12 mil milhões de euros.
Coincidência ou não, e também na mesma notícia:
Até 2011, o Fundo da SS apenas podia investir até 60% do seu valor em obrigações do tesouro português. Desde que Gaspar e Mota Soares chegaram a novo entendimento, a percentagem subiu para 90%, com o objetivo de aliviar os juros.
À data de hoje, essa percentagem ronda os 87%, se a memória não me atraiçoa!

Eu li a notícia e ri-me para dentro, porque à primeira vista, quem for leigo na matéria fica com a ideia de que esta decisão foi um espetáculo de decisão. Por acaso até correu bem porque os credores voltaram a acreditar na dívida portuguesa, os juros baixaram e o valor das obrigações subiu para valores pré 2011, capitalizando assim o fundo das SS, mas verdade verdadinha, uma decisão destas é um crime, porque de forma consciente, dois ministros decidiram aplicar dinheiro dos descontos do pessoal em obrigações de dívida pública que eram, SÃO, E CONTINUARÃO A SER LIXO.
Não há volta a dar.

Um país com um PIB de 160 mil milhões, défice anual de 7 ou 8 mil milhões e uma dívida que já vai em 230 mil milhões, queriam que fosse o quê? Investimento seguro? In your dreams!

Achei a notícia curiosa, e é por estas e por outras que ler jornais é um perigo. Nada se explica até ao fundo da questão. Fica tudo pela rama, ao ponto de peças jornalísticas parecerem branco e a realidade ser preto.

Tiago Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

andas um pouco atrasado nas noticias e algo ressabiado