Parece ser o caso com a vontade do BdP em exigir aos restantes bancos nacionais a assunção de responsabilidades e perdas no caso do NovoBanco ser vendido a um valor inferior à recapitalização.
A ideia era mesmo pedir esse esforço aos bancos, mas como estes são instituições privadas com acionistas privados, só são solidários quando lhes apetece e com quem lhes apetece. E a verdade é que nenhum deles tem vontade de perdoar os dislates de Ricardo Salgado.
Posto isto, e tendo os analistas feito umas contas, chegou-se à conclusão de que os 4,4 mil milhões € de recapitalização é muito mais dinheiro do que aquilo que o banco valerá quando for vendido. Não sei se isto é verdade porque não sei avaliar bancos. A verdade é que começa a haver desconfiança para com a capacidade desses bancos em pagarem a diferença, e como as aldeias falam todas entre elas, um novo ciclo de desconfiança para com a banca parece estar a encetar-se.
Quando o mal já está feito, e 4,4 mil milhões de prejuízo são uma fatalidade, é muito provável que as soluções encontradas pelo Estado, quanto muito, dividam esse prejuízo pelo máximo de aldeias, na tentativa de minimizar o impacto. A esperança é que no final a soma dos muitos pequenos impactos seja inferior à dor de um só impacto: a falência desordenada do BES.
Há uns 2/3 anos, Teixeira dos Santos, já ex-ministro, foi a uma comissão parlamentar acerca do BPN e informou os deputados de que aquando da nacionalização foram realizados estudos em que se apontava para um custo de 7000 milhões de euros no caso do BPN falir por ele. Teixeira dos Santos, julgando que a nacionalização não ultrapassaria os 700 milhões, de acordo com os estudos dele, nem hesitou.
Hoje sabe-se que o custo da nacionalização não foram os 700 milhões iniciais, mas sim 6 ou 7 mil milhões, apesar desta informação ser pouco precisa.
Ou seja, entre deixar falir e nacionalizar para tentar salvar, muito provavelmente a única diferença entre estas duas opções é gerir tão só o tempo com que estas bombas rebentam: ou tudo de uma vez ou às mijinhas. Porque no final, pelos vistos, o impacto total é o mesmo.
Tiago Mestre
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