segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A redução do endividamento continua em marcha, excepto no Estado, claro.

Estive a dar uma vista de olhos nos últimos dados do endividamento das empresas e dos particulares no site do BdP, e a tendência de desalavancamento mantêm-se:

As empresas deviam em Junho 2013 a módica quantia de 304 mil milhões de euros, ou seja, praticamente o dobro do nosso PIB, contrastando com o pico de Maio de 2012: 311 mil milhões de euros. Uma redução de 7 mil milhões em pouco mais de um ano...

Nos particulares é que a contração parte a louça toda:
De um pico de 178 mil milhões em Dezembro de 2010, estamos em Junho de 2013 com 162 mil milhões. Uma redução de 16 mil milhões em 2 anos e meio.

Mais uma vez, quando a malta se sente apertada, ajusta.
Já no Estado a coisa não é bem assim.

Tiago Mestre

4 comentários:

Anónimo disse...

A GRANDE MISTIFICAÇÃO DE MEDINA CARREIRA
No dia 9 de Setembro, no seu programa "Olhos nos olhos", Medina Carreira voltou a bater no seu saco de pancadas preferido: o chamado "estado social". A perversidade desta estrela da TV portuguesa é que embrulha o seu ataque ao "estado social" (pensões, educação, saúde, etc) em meias verdades. Assim, quando aponta (e bem) o crescimento desmesurado da despesa pública esquece de dizer que o componente principal da mesma é o seu serviço. Só no exercício de 2013, 67,9% das despesas destinaram-se a "Operações com a dívida pública" (amortizações, juros e refinanciamento) e apenas 15,5% para funções sociais (v. Orçamento de Estado 2013, Mapa III).
Cabe perguntar: por que é tão gigantesco o peso do serviço da dívida pública e desde quando começou a aumentar de forma tão alarmante? A resposta é que ele se deve à entrada de Portugal na zona Euro e começou a disparar quando (01/Janeiro/1999) Portugal perdeu a sua soberania monetária. A partir daquele momento o Estado português, para financiar-se, teve e tem forçosamente de recorrer à banca privada. Assim, por esse caminho, o Estado NUNCA poderá libertar-se do endividamento – ele será eterno.
Note-se que esta situação não é exclusiva de Portugal. O economista Jacques Sapir mostrou como o endividamento do Estado francês disparou após a entrada da França no Euro. Ou seja, a entrada no Euro foi mais onerosa para o Estado francês do que todo o custo da reconstrução do país no período do pós guerra.
A conclusão, inevitável mas que M. Carreira não quer tirar, é que para sanar os gravíssimos problemas financeiros actuais Portugal precisa necessariamente recuperar a sua soberania monetária. É indispensável sair do Euro, mas a perversidade M. Carreira consiste em aterrorizar o público contra esta possibilidade e necessidade.
Dois factos históricos que vale a pena recordar: Na guerra civil americana, o Norte financiou o custo da guerra sem se endividar muito, através da emissão de moeda própria (os chamados greenbacks ) – Abraham Lincoln foi sábio. Por sua vez, a Geórgia, estado sulista confederado, endividou-se para financiar a sua guerra e nunca mais reembolsou a dívida. Ambos os factos deveriam fazer-nos meditar.

Anónimo disse...

É claro que o caminho não pode ser nem mais endividamento, nem mais impressão de dinheiro á bruta. Tem de ser uma mistura entre cortes na despesa e crescimento da economia.
E não foi por causa das despesas sociais aumentarem sem parar a um ritmo alucinante que a despesa aumentou tanto??

André disse...

"Só no exercício de 2013, 67,9% das despesas destinaram-se a "Operações com a dívida pública" (amortizações, juros e refinanciamento) e apenas 15,5% para funções sociais (v. Orçamento de Estado 2013, Mapa III)."

Isso vem de onde? É isto?

http://www.portugal.gov.pt/media/736278/oe2013_mapa03.pdf

A tal fortuna que vê para as operações de dívida pública contem as amortizações, a dívida a pagar este ano e aquela que vem a seguir.

Quanto ao resto há muito mais dinheiro que vai para as funções sociais. Por exemplo o orçamento do Ministério da Educação e Ciência ronda, em 2013, a cerca de 8 mil milhões de euros. No mapa III que citou os cerca de 1,3 mil milhões não aparecem porque são consagrados, por exemplo, aos serviços gerais da Administração Pública para pagar os funcionários do Ministério.

Anónimo disse...

Agradeço a resposta esclarecida e pertinente do André.