sexta-feira, 27 de setembro de 2013

NÃO, NÃO CHUMBÁMOS NO TESTE DA HONESTIDADE

Chumbámos foi no teste da definição que outras culturas têm de honestidade..
Cá, ser honesto é não enganar, é não defraudar o próximo, ou seja, pressupõe-se que o defraudado é alguém que se pode identificar. Uma carteira perdida é uma carteira perdida, e pelo sentido de oportunidade que o povo português tem, não hesita ficar com ela. Se noutras culturas a carteira perdida é percecionada como ainda fazendo parte de "alguém", tudo bem na mesma. Isso é que é difícil para nós: encarar esse objeto perdido, quase abstrato, como ainda pertencente a alguém, e o nosso sentido prático da vida ainda agrava a situação: como as hipóteses de chegar novamente ao dono serão remotas caso se entregue na polícia, a inteligência manda apropriar.

O mesmo se passa com a nossa incapacidade em percecionar o Estado como uma entidade de bem: como consideramos que os políticos são tudo uma cambada de gatunos e oportunistas, então nós temos que ser tanto ou mais, tudo fazendo para que o confisco do que é nosso seja evitado.
Precisamos de evidências de que o outro é gente de bem, e a partir daí só não damos mais se não pudermos, só não nos entregamos mais se não pudermos. Não é por acaso que o Camões fala da Ilha dos amores ou o Padre António Vieira vem com a história do Quinto Império e mais recentemente o Agostinho da Silva, ensinando-nos que o povo português é o mais bem preparado para juntar as diferentes culturas do mundo inteiro.
Bem, há sempre uns ranhosos, mas isso há em todo o lado.
Nós não somos desonestos, somos sim desconfiados por receio de sermos enganados, e portanto, tudo o que vier à rede é peixe. Não tem mal nenhum.

O que o estudo faz é tentar comparar uma qualidade humana, recorrendo a um "jogo" aplicado em cidades com culturas totalmente diferentes. Comparar os resultados com premissas de base tão diferentes só pode dar asneira. É a mesma coisa com esta história dos povos mais felizes/tristes, etc. Virou moda fazer estas estatísticas das qualidades sociológicas dos povos.


Notícia aqui

Tiago Mestre

1 comentário:

Matos disse...

Já se sabe que os políticos são o reflexo de um povo.

Se o povo é matreiro, não entendo porque se queixa dos políticos.