81 maçons "atacam" cargos autárquicos em
43 municípios
As duas maiores
obediências maçónicas nacionais têm mais candidatos do que várias forças
políticas inscritas no Tribunal Constitucional. Há 24 "candidatos
irmãos" à presidência de autarquias, 20 a vereadores, 31 à assembleia
municipal e seis a juntas de freguesia
Por muito que os
grão-mestres insistam que a maçonaria não se intromete na política, o que é
certo é que há forças políticas com menos candidatos às próximas eleições
autárquicas do que as duas principais obediências nacionais. São mais de 80 os maçons
que vão tentar conquistar cargos autárquicos em 43 autarquias um pouco por todo
País (incluindo ilhas) entre candidatos a presidentes de câmara, vereadores,
deputados municipais e presidentes de junta.
Há 24 maçons que
concorrem mesmo à presidência de autarquias maioritariamente em listas do PS e
do PSD, mas também como independentes. Existem igualmente casos em que
"irmãos" da mesma loja se enfrentam em listas contrárias dos partidos
do "centrão" e favoritas à vitória. Ou seja: PS e PSD podem não ter
representantes na gestão da autarquia, mas é quase garantido que a loja
maçónica local terá.
A solidariedade
maçónica até já fez uma baixa, e logo ao mais alto nível, durante o período
eleitoral: levou à demissão do presidente do Conselho Nacional de Eleições
(CNE). Tudo começou com a tentativa de impugnação da candidatura de Francisco
Moita Flores - que pertence à Loja Acácia do Grande Oriente Lusitano (GOL) - à
Câmara Municipal de Oeiras. Os seus opositores alegavam que havia atingido o
limite de mandatos e o caso foi - como muitos outros - parar a tribunal.
Até aqui tudo normal, não fosse Moita Flores contratar Nuno Godinho de
Matos - advogado de profissão e "irmão" do GOL - para o defender,
tendo este confidenciado ao DN que aceitou o pedido sem pensar duas vezes. O
problema é que Godinho de Matos (Loja Liberdade e Justiça) era também
presidente da CNE e, como não podia deixar de representar o seu amigo e
cliente, demitiu-se da presidência da CNE. Godinho de Matos sofreu críticas do
seu partido (o PS) por defender e pôr-se em xeque pelo candidato do PSD. Porém,
a solidariedade maçónica e a amizade falaram mais forte. Ao DN, Godinho de
Matos admite que "o facto de sermos os dois irmãos da maçonaria e sermos
amigos há muitos anos pesou muito na minha decisão de o defender". Mas
prontamente acrescenta: "A principal razão que me levou a representar
Moita Flores foi ver que ele tinha carradas de razão e que alguém estava a
querer ganhar eleições na secretaria. Achei incrível e reagi epidermicamente.
Decidi defendê-lo sem pensar no problema ético que daí advinha.
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